Gás Natural

Oferta questionada por distribuidoras de gás afeta cerca de 20% da demanda nacional de gás

"Alta demanda por GNL e limitações da oferta resultaram em expressivo aumento do preço internacional do insumo", diz Petrobras

ES Gás pretende fechar novos contratos de gás este ano. Na imagem, dutos da unidade de processamento de gás natural no polo industrial de Guamaré/RN (foto: Giovanni Sérgio/Agência Petrobras)
Dutos da unidade de processamento de gás natural no polo industrial de Guamaré/RN (foto: Giovanni Sérgio/Agência Petrobras)

A oferta de novos contratos de gás natural da Petrobras, questionada pelas distribuidoras, afeta cerca de 20% da demanda nacional, informou a companhia. Diz também que o reajuste, que segundo os clientes, supera 300%, representa as condições de mercado.

“Observa-se que alta demanda por GNL e limitações da oferta internacional resultaram em expressivo aumento do preço internacional do insumo, que chegou a subir cerca de 500% em 2021, com tendência de manutenção da alta no início de 2022”, diz a Petrobras.

A Abegás, associação das distribuidoras de gás natural, entrou hoje com representação no Cade para que a Petrobras mantenha as condições dos contratos de gás natural com as distribuidoras enquanto a estatal ainda for a principal supridora do mercado.

Nesta semana, a Petrobras oficializou as novas propostas de contratação da molécula para 2022 junto às concessionárias.

Há uma urgência na negociação, envolvendo contratos de distribuidoras do Centro-Sul, com vencimento em dezembro.

Privilégio da produção do gás natural para as térmicas

Ainda segundo Marcelo Mendonça, a Petrobras tem privilegiado entregar a produção firme de gás natural às termelétricas, no contexto de crise hidroenergética e maior despacho das usinas.

Ou seja, a estatal tem direcionado o gás tanto da exploração brasileira quanto da importação da Bolívia principalmente para geração de energia elétrica.

Com isso, o atendimento dos outros mercados da petroleira, como as distribuidoras e o segmento de fertilizantes, estão sendo supridos a partir de GNL com preços spot — que a empresa quer agora repassar às distribuidoras.

Os valores que foram propostos são semelhantes ao patamar de preços JKM (Japan Korean Marker), usado para precificar o mercado de curto prazo.

“Não faz sentido a térmica, que é uma demanda flexível e que hoje está atrelada a necessidade do despacho, seja atendida com gás firme e que a distribuidora, que tem um mercado firme, seja atendido com preço spot”, avaliou o diretor da Abegás.

O planejamento do governo federal para atravessar o momento de escassez hídrica prevê a manutenção do despacho de geração térmica para poupar os reservatórios até o início do período seco do ano que vem, em abril de 2022.

Veja o comunicado na íntegra

A Petrobras reforça seu compromisso em oferecer às distribuidoras de gás natural mecanismos contratuais para reduzir a volatilidade e conferir mais previsibilidade aos preços do produto, mantendo o alinhamento com o mercado internacional.

Neste sentido, a companhia está negociando novas modalidades de contratos de gás natural no âmbito das chamadas públicas.

Importante reforçar que, para atender a demanda brasileira por gás natural em 2022, é imprescindível complementar a oferta com importação de GNL.

Observa-se que alta demanda por GNL e limitações da oferta internacional resultaram em expressivo aumento do preço internacional do insumo, que chegou a subir cerca de 500% em 2021, com tendência de manutenção da alta no início de 2022.

Buscando atenuar o aumento, a Petrobras ofertou contratos com referência de indexadores ligados ao GNL e ao Brent, assim como a opção de parcelamento nos contratos de longo prazo.

Cabe reforçar que os novos contratos ainda se encontram em fase de negociação no âmbito das chamadas públicas, nas quais a Petrobras concorre com outras empresas.

Importante ressaltar que essa situação não se aplica a todo o mercado de gás natural, mas apenas a uma parcela de cerca de 20% da demanda nacional.