Glasgow – De agora até o documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas a ser aprovado, inicialmente, no final de sexta-feira (12), negociadores de mais de 190 países reunidos em Glasgow, Escócia, terão pouco descanso.
A expectativa do presidente da COP26, Alok Sharma, é de que ainda hoje (11) se chegue a um texto muito próximo do que deverá ser aprovado por consenso ao fim da cúpula. As negociações podem se estender ao longo do fim de semana.
Sharma reconhece que a tarefa de finalizar o texto com decisões de cortes de emissão de carbono será desafiadora. “Mas todos sabemos o que está em risco se não alcançarmos um resultado,” disse ontem, enquanto esperava ministros de Estado concluírem suas análises do texto para debate com a presidência da COP madrugada adentro.
Sharma se reuniu com ministros novamente na manhã desta quinta-feira, às 11 da manhã do horário local do Reino Unido.
“Vou me reunir com ministros antes que esses co-facilitadores ministeriais e técnicos publiquem o que espero estar próximo do texto final durante a noite. Em seguida, convocarei todos os grupos, partes e observadores novamente às 11h no plenário para ouvir os pontos de vista”, explicou ontem.
Meta de 1,5 °C
O presidente da COP26 explicou que não está tentando “reabrir o Acordo de Paris,” ao falar sobre a meta de manter o aquecimento global dentro de 1,5 ºC, e que é por isso que o foco tem sido nesta temperatura, e não nos 2 ºC estabelecidos em Paris como meta principal, com recomendação de esforço em direção aos 1,5 °C.
Outro ponto ressaltado foi que este ano representa a primeira vez que o acordo da COP vai incluir o tópico sobre perdas e danos devido a questões climáticas. Neste tema, ele acredita que as partes têm mostrado o espírito correto nas negociações.
Em relação a mitigação, Sharma reconhece que houve algum progresso antes do início da COP26, mas ressalta que “a ciência demonstra que podemos e devemos ir além.”
“O texto dá aos países a oportunidade para acordar em como eles vão acelerar ações climáticas e retornar para a mesa com compromissos mais fortes,” acredita.
Financiamento e Artigo 6
O texto ainda está sendo discutido nas questões relativas a financiamento, um dos pontos mais controversos, já que a ONU admite que a meta anual de financiamento a países em desenvolvimento de US$ 100 bilhões anuais não será atingida.
No que diz respeito ao Artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da regulamentação do mercado de créditos de carbono, Sharma acredita que o texto já foi afunilado e as opções se tornaram mais claras. “Agora, será uma questão de vontade política fechar esse resultado,” acredita.
Já no tocante de transparência, o trabalho que está sendo realizado tem natureza mais técnica. “A transparência sustenta o Acordo de Paris e é absolutamente crucial para cumprir nossos compromissos,” disse o presidente da COP26.
Em suas palavras finais, Sharma tentou incentivar negociadores a serem flexíveis e tomarem decisões que serão cruciais para o futuro da humanidade.
“O que concordarmos aqui em Glasgow definirá o futuro de nossas crianças e netos. E eu sei que nenhum líder ou país vai querer falhar com eles,” concluiu.