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Diários da COP26: Os compromissos financeiros de Glasgow

financiamento climático
Foto: Divulgação Investidores Pelo Clima

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 03/11/21

Editada por Nayara Machado
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Com mais de R$ 873 bilhões em ativos sob gestão, um grupo com 18 investidores brasileiros assinou nesta quarta (3), durante a COP26, em Glasgow, declaração em apoio às políticas de transição resiliente e de baixo carbono. O manifesto também sugere o comprometimento do país com a implementação de metas de emissões líquidas zero até 2050, com objetivos “claros e ambiciosos”.

Dentre as demandas, estão a cooperação para regulação de mecanismos de precificação de carbono e o fortalecimento da fiscalização ambiental para eliminação do desmatamento ilegal.

O posicionamento faz parte da iniciativa Investidores Pelo Clima, promovida pela SITAWI Finanças do Bem, consultoria especializada em Finanças Sustentáveis, com apoio do Instituto Clima e Sociedade.

Itaú Asset Management, Sulamérica Investimentos, JGP e Rio Bravo estão entre os signatários do documento que destaca a necessidade urgente de colaboração entre os setores público e privado para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Arien Invest, Blue Macaw, Crescera Capital, Darby, FAMA Investimentos, FRAM Capital, Indie Capital, Mauá Capital, NEO Investimentos, Núcleo Capital, OABPrev RJ, Quasar Asset Management, RPS Capital e Taler Planejamentos Financeiros também assinam a declaração.

“O posicionamento dos gestores de ativos sinaliza para o mundo que os investidores brasileiros também estão atentos às mudanças climáticas e entendem a importância desta transição econômica, uma vez que detém o capital para financiar um modelo de desenvolvimento sustentável e alinhado aos compromissos do Acordo de Paris”, afirma Tatiana Assali, gerente de Programas em Finanças Sustentáveis da SITAWI.

O lançamento veio na esteira de diversos compromissos anunciados ou reafirmados nesta quarta, dia dedicado a discussões sobre financiamento na Conferência do Clima.

Ministros das Finanças e instituições financeiras internacionais se reuniram hoje para debater e apresentar propostas para viabilizar o fluxo de recursos necessários para uma ação climática rápida e em larga escala.

Na semana passada, a presidência da COP26 publicou o Plano de Entrega das Finanças Climáticas, mostrando qual deve ser a trajetória dos países desenvolvidos para cumprir compromisso assumido em 2009, de mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 para apoiar os países em desenvolvimento.

A meta está atrasada e o desafio de fazer sair do papel é um dos principais da negociação na COP26.

O financiamento de países ricos — e principais responsáveis pelas emissões de CO2 — é essencial para que países emergentes consigam fazer investimentos na transição ecológica justa.

Um relatório publicado esta semana pela consultoria Oliver Wyman em parceria com o Fórum Econômico Mundial mostra que implantar e testar novas tecnologias em escala comercial requer investimentos de trilhões de dólares.

Somente até 2030, serão necessários US$ 4,3 trilhões ao ano, um aumento de mais de três vezes em relação aos níveis de investimentos de 2016 a 2020 para descarbonizar os sistemas de energia e a economia.

“É por isso que tornamos o financiamento um foco tão importante da COP26, por que esses novos compromissos das nações e do setor financeiro privado são tão bem-vindos e por que continuamos a pressionar para que os países façam mais para cumprir suas obrigações financeiras. Os países estão nos dizendo o que precisam, agora o financiamento global precisa responder”, disse Alok Sharma, presidente da COP26.

Destaques dos compromissos de financiamento público:

  • Noruega vai triplicar seu financiamento de adaptação. Japão e Austrália vão dobrar.

  • O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou US$ 3 bilhões por ano de financiamento climático para ajudar as nações vulneráveis a se adaptarem à elevação dos mares, às secas e a outras consequências do aquecimento global.

  • Canadá se comprometeu a alocar 40% de seu financiamento climático para adaptação.

  • Reino Unido, Espanha, Japão, Austrália, Noruega, Irlanda e Luxemburgo renovaram compromissos com os US$ 100 bilhões.

  • Para combater as dificuldades que muitos países enfrentam com a burocracia de garantir o investimento climático, o Reino Unido anunciou £ 100 milhões em novos fundos para apoiar a abordagem do Grupo de Trabalho sobre Acesso ao Financiamento do Clima.

  • A força-tarefa lançou ainda uma parceria com cinco países pioneiros — Bangladesh, Fiji, Jamaica, Ruanda e Uganda — para apoiar comunidades locais na obtenção de financiamento para os planos climáticos.

  • Parceria entre Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha e União Europeia vai destinar US$ 8,5 bilhões para ajudar a África do Sul em uma transição energética “justa e acelerada”.

  • Fim ao financiamento de projetos de combustíveis fósseis no exterior

    Mais de 20 países e instituições financeiras suspenderão todo o financiamento para o desenvolvimento de combustíveis fósseis no exterior e desviarão os gastos para energia verde em vez do próximo ano.

    Segundo o The Guardian, a mudança marca um impulso significativo para a transição para combustíveis limpos, já que os países envolvidos incluem os EUA, Reino Unido, Dinamarca e alguns países em desenvolvimento que receberiam esse financiamento, incluindo a Costa Rica.

    O Banco Europeu de Investimento é uma das instituições financeiras envolvidas.

    O deslocamento do financiamento de combustíveis fósseis para esforços de baixo carbono deve gerar cerca de US $ 8 bilhões por ano em todo o mundo para energia limpa.

    O acordo impedirá o financiamento de qualquer desenvolvimento de combustível fóssil, incluindo gás, embora haja disposições para brechas.

    China e Japão, dois grandes financiadores do desenvolvimento de combustíveis fósseis em todo o mundo, rejeitaram a iniciativa.

    Três anúncios sobre financiamento privado

    Informações confiáveis. Trinta e cinco países concordaram com ações obrigatórias para garantir que os investidores tenham acesso a informações confiáveis ​​sobre os riscos climáticos para orientar seus investimentos em áreas mais verdes.

    Para garantir padrões comuns, a Fundação IFRS anunciou o estabelecimento de um Conselho de Padrões Internacionais de Sustentabilidade (ISSB) para desenvolver padrões de relatório de sustentabilidade globais abrangentes sob governança robusta e supervisão pública.

    A criação do ISSB foi saudada por ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais de 36 países, entre eles o Brasil. Veja a lista

    Aliança financeira. Mais de US$ 130 trilhões em financiamento privado estão agora comprometidos com metas líquidas zero, por meio da Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), liderada por Mark Carney, enviado das Nações Unidas para finanças e clima.

    Segundo o economista, a luta contra a crise climática exigirá investimentos de US$ 1 trilhão por ano nos países em desenvolvimento.

    Os membros do GFANZ são obrigados a definir metas robustas de curto prazo com base científica dentro de 12-18 meses após a adesão. Segundo comunicado, mais de 90 das instituições fundadoras já fizeram essa definição.

    Dividindo riscos. Banco Mundial e Banco Asiático de Desenvolvimento dividirão o risco com os países em desenvolvimento e pretendem levantar até US$ 8,5 bilhões em novos financiamentos em apoio à ação climática e ao desenvolvimento sustentável.

    Também foi lançado o Mecanismo de Mercado de Capitais dos Fundos de Investimento Climático (CCMM), que impulsionará o investimento em energia limpa, como energia solar e eólica, nos países em desenvolvimento.

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