Energia

Piloto alemão de hidrogênio verde será construído em Minas Gerais

O polo de hidrogênio verde é parte do plano de investimentos do governo alemão que destinará 34 milhões de euros, nos próximos dois anos

Piloto alemão de hidrogênio verde será construído em Minas Gerais
RIO — A Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) anunciou que o projeto piloto para produção de Hidrogênio Verde (H2V) no Brasil, divulgado na semana passada, será construído na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em Minas Gerais.

O Cluster hidrogênio verde é parte do plano de investimentos do governo alemão, que destinará 34 milhões de euros, nos próximos dois anos, para o desenvolvimento de projetos de H2V no Brasil.

O agência estima aportes de 5 milhões de euros para a construção, até o final de 2023, do Centro de Produção e Pesquisas em Hidrogênio Verde (CPPHV) em Minas Gerais, que contará inicialmente com uma capacidade de 1 MW de eletrólise, abastecida por energia solar.

Para viabilização do projeto, vários memorandos de entendimento estão sendo feitos com empresas privadas instaladas em solo mineiro.

Entre elas, a CEMIG, para estocagem de energia, Grupo AMAGGI, para o desenvolvimento de fertilizantes, FIAT Stellantis para o emprego de aço verde na fabricação de automóveis, e a ThyssenKrupp, para suporte tecnológico.

Também houve conversas com a Vale, para uso de hidrogênio verde em veículos off-road, trens e siderurgia, segundo a UNIFEI.

Minas de Hidrogênio

Em agosto deste ano, o estado de Minas Gerais lançou um programa de incentivo ao H2V Minas do Hidrogênio

O programa, encabeçado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), se baseia em dois pilares.

O primeiro é o aproveitamento da grande oferta de energia fotovoltaica — necessária para eletrólise da água para produção de H2V  –, e de biometano e etanol, que também podem ser fontes de hidrogênio limpo.

O segundo é a destinação desse H2V para consumo da indústria local, com o objetivo de descarbonizar as atividades das mineradoras, siderúrgicas e do agronegócio presentes no estado, além da malha viária, que é a maior do país.

“Esperamos que com a alavancagem do hidrogênio verde as empresas mineiras fiquem mais competitivas”, disse o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, na ocasião de lançamento do programa mineiro de hidrogênio.

Alemanha de olho no H2 brasileiro

O compromisso de reduzir suas emissões de carbono em 55% nos próximos cinco anos e ser neutra até 2045 tem levado a Alemanha a investir pesado no desenvolvimento do mercado de H2V, com interesse especial pelo Brasil.

O plano nacional alemão prevê destinar € 9 bilhões para desenvolvimento de tecnologias ligadas ao H2V. Desse total, € 2 bi serão para parcerias internacionais.

Na última sexta (29) o governo do Ceará – que vem liderando a corrida do H2V no Brasil – assinou com a empresa alemã Linde, mais um memorando entendimento para implantação de uma unidade produtora de hidrogênio verde no Hub de H2V Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

A Linde é representada pela White Martins no Brasil, que já havia assinado um memorando com o governo cearense com o mesmo propósito.

“A Linde está investindo muito em tecnologias na área de Hidrogênio Verde e enxerga o Ceará com grande potencial para a produção de energia limpa, devido às condições favoráveis de vento e sol, além da localização privilegiada do estado”, citou o governador Camilo Santana durante a assinatura do protocolo de intenções, em visita a Alemanha.

O vice-presidente Global da Linde, David Burns, comentou a importância do acordo.

“A White Martins já tem sua planta (de oxigênio) no Pecém, e agora temos a necessidade de produzir combustível sustentável. A Linde tem buscado parceiros e o Ceará tem muito potencial nesse sentido. Acredito que essa será uma parceria muito importante para o estado, para o Brasil e para a Europa”, disse Burns.