Com a pressão externa e dólar a R$ 5,60, a Petrobras voltará a elevar os preços dos combustíveis entregues às distribuidoras na terça (26). O diesel A vai subir 9,15% e a gasolina A, 7,05%.
O preço médio da gasolina A passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, alta de R$ 0,21. No caso do diesel, o preço médio subirá de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro, reajuste de R$ 0,28.
Na live semanal de quinta passada, Jair Bolsonaro já havia anunciado que os preços iam subir. “Só olhar para o preço lá fora”, disse.
O governo também anunciou uma bolsa de R$ 400 por mês para caminhoneiros autônomos, recebida sob críticas por setores da categoria com se fosse uma “esmolinha”.
O repasse dos preços de mercado ocorre em uma janela bem mais curta que o reajuste anterior: a gasolina sobe 16 dias após a alteração mais recente; e o diesel, após 26 dias.
Nos reajustes anteriores, a gasolina chegou a ficar 58 dias com preço congelado e o diesel atingiu 85 dias.
Para os concorrentes da Petrobras, com o agravamento da crise inflacionária global, agravada no Brasil pela desvalorização do real, a companhia vem praticando uma defasagem entre os preços internacionais e domésticos, o que prejudica as importações.
Segundo cálculos, da Ativa Investimentos, os preços externos indicam uma necessidade de reajuste adicional de 17% para a gasolina. A consultoria não divulga os valores para o diesel.
A Petrobras nega.
“A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”, disse na nota de anúncio dos reajustes de hoje.
Brent subiu mais de 8%
A retomada da atividade econômica e o controle da oferta de óleo por formadores de preço global da commodity vem provocando uma valorização acelerada do óleo. Desde 29 de setembro, reajuste anterior do diesel A, o Brent valorizou 8,4%.
A moeda brasileira, que vem perdendo para seus pares emergentes desde o pico da crise causada pela pandemia, subiu 3% no mesmo período.
Hoje, o Brent foi negociado na máxima de US$ 85,77 no mercado futuro. Há um ano, o barril de referência do petróleo custava US$ 42.
“Esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”.
Gasolina a R$ 7 por litro em todo o país
O preço máximo da gasolina comum no país já supera R$ 7 em oito estados brasileiros. Além de Acre, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que já registravam as maiores cotações, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Piauí também entraram para a lista de estados.
Os dados fazem parte da pesquisa semanal de preços divulgada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) do período entre 17 e 23 de outubro. Foram pesquisados 4.614 postos em todo país, que indicaram preço médio de R$ 6,30 para o litro da gasolina comum.
O preço final dos combustíveis é uma combinação dos custos e margens dos supridores (Petrobras e importadores), biocombustíveis (10% a 12% de biodiesel e 27% de etanol na gasolina), da distribuição e revenda e dos impostos.
Antes do reajuste de amanhã, a realização da Petrobras na gasolina estava em R$ 2,18 (73% de gasolina A) na média nacional, cerca de 34%. O etanol anidro representa 17%; o restante da cadeia, 11%; ICMS, 27%; e impostos federais, 11%.
No caso do diesel, Petrobras fica com R$ 2,71 (88% de diesel A) na média nacional, cerca de 54%. O biodiesel (12%) representa 13%; o restante da cadeia, 11%; ICMS, 15%; e impostos federais, 7%.