Planejamento da transmissão

PDE 2035 projeta R$ 120 bilhões em investimentos na transmissão de energia

Plano do governo prevê reforço da rede até 2035 para integrar fontes renováveis e atender novas grandes cargas no SIN

Aerogeradores conectados à rede de transmissão no complexo eólico Chafariz, da Neoenergia, em Santa Luzia, na Paraíba (Foto Divulgação)
Aerogeradores conectados à rede de transmissão no complexo eólico Chafariz, da Neoenergia, em Santa Luzia/Paraíba (Foto Divulgação)

JUIZ DE FORA — O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estimam investimentos de aproximadamente R$ 120 bilhões na expansão do sistema de transmissão de energia elétrica até 2035, em meio ao avanço das fontes renováveis e à entrada de novas grandes cargas no país.

A projeção consta do Caderno de Transmissão de Energia Elétrica do PDE 2035 (veja na íntegra, em .pdf), divulgado na terça (23/12).

Segundo o governo, o estudo do Plano Decenal de Expansão de Energia 2035 (PDE 2035) detalha a necessidade de reforçar a malha de transmissão para acompanhar as mudanças estruturais do setor elétrico. O documento avalia a evolução da rede e aponta os aportes necessários para garantir a integração da geração, especialmente a renovável, ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

De acordo com o levantamento, foram analisados três cenários de expansão do sistema. O cenário de referência, adotado como base do planejamento decenal, concentra a maior probabilidade de ocorrência e prevê os investimentos de cerca de R$ 120 bilhões até 2035.

Os outros dois cenários — otimista e pessimista — são tratados como alternativas de menor probabilidade, explica o MME.

Além das projeções financeiras, o caderno traz avaliações sobre a evolução física da rede de transmissão e questões consideradas estratégicas para o planejamento do setor.

Entre elas, o MME e a EPE destacam os estudos sobre a ampliação das interligações regionais, que resultaram na recomendação de implantação de um bipolo em corrente contínua com tecnologia Voltage Source Converter (VSC). Segundo o governo, a solução é inédita no Brasil e amplia a capacidade de troca de energia entre regiões do país.

O novo bipolo deve reforçar a segurança operacional do SIN e facilitar o escoamento de grandes volumes de geração renovável.

A análise também avalia a necessidade de adequar a rede ao atendimento de grandes consumidores, como data centers e projetos de produção de hidrogênio por eletrólise, que tendem a pressionar a infraestrutura de transmissão nos próximos anos.

O documento ainda apresenta informações sobre a evolução da capacidade de intercâmbio entre as regiões geoelétricas do SIN, projeções de investimentos associados a ativos antigos (próximos ao fim da vida regulatória) e um levantamento dos contratos de concessão de transmissão com vencimento próximo.

Há também análises sobre a trajetória das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST), segundo o planejamento técnico.

Acesse aqui os demais estudos do PDE 2035.

Brasil precisará de 5,3 mil km de novas linhas

Na terça passada (16/12), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estimou a necessidade de 5,3 mil km de novas linhas de transmissão até 2030, com investimentos de R$ 28,1 bilhões, segundo o Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo (PAR/PEL) 2025 (.pdf). Do total, R$ 22,7 bilhões referem-se a empreendimentos indicados pela primeira vez para reforçar o SIN.

O plano reúne 480 obras, sendo 92 sem outorga, 100 sem licença ambiental e 288 em implantação. As intervenções incluem 24,3 mil MVA adicionais em subestações, aumento de 5,7% na potência da rede básica e expansão de 3% na extensão das linhas .

A demanda máxima deve alcançar 129 GW em 2030, alta de 17% em relação a 2025. A capacidade instalada do SIN é projetada em 269 GW, com cerca de 60 GW de usinas eólicas e solares centralizadas.

MME também indica reforço

A pasta de Minas e Energia havia recomendado reforços adicionais ao divulgar, em 12 de dezembro, a segunda emissão do Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (Potee) de 2025 (.pdf).

São Paulo concentra o maior número de novos empreendimentos sugeridos, enquanto o Nordeste demanda compensadores síncronos para elevar a estabilidade da rede, diante da elevada participação de usinas solares e eólicas.

Curtailment

Com o avanço das renováveis intermitentes, o documento do ONS projeta intensificação dos cortes de geração, que podem superar 50 GW nos cenários mais críticos. Segundo o operador, a mitigação passa pela integração de grandes consumidores e pela revisão de políticas públicas e incentivos para compatibilizar a expansão da matriz com a capacidade do sistema.

“O estudo aponta caminhos para que o SIN acompanhe, com solidez e previsibilidade, a expansão das fontes renováveis, a incorporação de novas tecnologias e os efeitos da evolução da carga e da geração no país”, disse o diretor-geral do ONS, Marcio Rea, em nota.

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