NESTA EDIÇÃO. Novo apagão cria mais um obstáculo para extensão do contrato da Enel SP.
A disputa entre TAG e NTS para a conexão do Porto do Açu à malha de gasodutos.
Consumo de biodiesel deve subir 6,4% no Brasil em 2026, segundo StoneX.
Recorrência de problemas em São Paulo dificulta renovação da Enel
Com a terceira grande interrupção no fornecimento de energia elétrica em pouco mais de dois anos, a Enel enfrenta cada vez mais obstáculos para conseguir renovar a concessão de distribuição em São Paulo.
- No sábado (13/12), o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) solicitou a adoção de uma medida cautelar para que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) suspenda qualquer ato administrativo relacionado à renovação (CNN Brasil).
- Já existe uma ação da prefeitura de São Paulo, endossada pelo Ministério Público Federal, para impedir a renovação.
- Nos últimos dias, o Ministério Público de São Paulo afirmou que acompanha “com total insatisfação” a atuação da empresa.
O governo federal também subiu o tom contra a distribuidora. Em nota no domingo (14), o Ministério de Minas e Energia afirmou que a determinação do presidente Lula (PT) é de “rigor absoluto” na fiscalização e na garantia da qualidade dos serviços, reforçando as falas do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (PSB), que também pediu rigor no papel da Aneel.
- “O descumprimento dessas exigências poderá acarretar na perda da concessão no estado de São Paulo, além da adoção de todas as medidas legais e regulatórias cabíveis”, disse o MME.
O ministério sinalizou, inclusive, uma mudança de tom em relação às crises anteriores, quando os governos federal, estadual e municipal trocaram acusações.
- Desta vez, o ministro Alexandre Silveira (PSD) vai propor uma agenda com o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para alinhamento de responsabilidades e atuação coordenada.
- Dois dias antes, Nunes havia criticado a condução da crise por Silveira e voltou a defender o fim da concessão da Enel.
O contrato da Enel vence em 2028, mas a companhia já solicitou à Aneel a extensão por mais 30 anos, sob as novas regras, mais rígidas. Entenda as mudanças para a extensão das concessões.
- A agência reguladora é responsável por recomendar ou não a renovação, a partir de uma avaliação técnica, mas a decisão final cabe ao MME.
Mesmo antes da atual crise, a companhia já enfrentava dificuldades em manter a concessão. O cerco contra a renovação agora se fecha ainda mais.
- A análise da extensão do contrato depende do termo de intimação em curso na Aneel que avalia o descumprimento do plano de contingência durante um apagão em novembro de 2023.
- A relatora do processo, Agnes da Costa, propôs estender o processo até março de 2026 para observar o desempenho da empresa em um novo período úmido.
- Na semana passada, o diretor da agência reguladora, Fernando Mosna, cobrou explicações da companhia, para evitar “medidas regulatórias e punitivas”.
A Enel informou por volta das 19h do domingo (14/12) que o fornecimento de energia estava “voltando ao padrão de normalidade”, quatro dias após o ciclone extratropical que atingiu a região. Ao todo, mais de 2,2 milhões de clientes chegaram a ficar no escuro na semana passada.
- No domingo mais cedo, 158.818 mil imóveis ainda estavam sem luz.
- O argumento da companhia é de que o clima apresenta comportamentos extremos e que o trabalho de restabelecimento da energia é “complexo”.
- Segundo a Enel, o vendaval foi o mais prolongado já registrado na região, com um pico local de 98,1 km/h. A empresa afirma que os ventos causaram “danos severos à infraestrutura elétrica” e que será necessário reconstruir trechos da rede.
- A associação que representa as distribuidoras, a Abradee, afirma que os eventos climáticos extremos desafiam a infraestrutura elétrica em São Paulo e defende que as soluções precisam ser pensadas em conjunto.
Combate aos crimes nos combustíveis. O relator do projeto de lei 109/2025, Otto Alencar Filho (PSD/BA), rejeitou uma proposta para assegurar, de fato, o compartilhamento de notas fiscais entre a Receita Federal e a ANP. A proposta conta com apoio do Ministério da Fazenda.
- O parecer apresentado na quinta (11/12) não assegura o acesso, em mais um revés na discussão legislativa.
Greve dos petroleiros. Os petroleiros do Sistema Petrobras anunciaram a manutenção da greve a partir de segunda-feira (15), após a FUP considerar insuficiente a segunda contraproposta para o Acordo Coletivo de Trabalho de 2025. A paralisação foi aprovada por unanimidade nas assembleias realizadas pela federação.
Preço do barril. O petróleo fechou a sexta-feira (12/12) em queda, em sessão marcada por volatilidade nos mercados internacionais. O Brent para fevereiro caiu 0,26% (US$ 0,16), a US$ 61,12 o barril.
- O mercado acompanha, os desdobramentos de tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e Venezuela, além da possível resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Disputa nos gasodutos. A TAG e a NTS travam uma disputa em torno da conexão do Porto do Açu (RJ) à malha de transporte. Ambas as companhias têm projetos próprios com esse fim e tentam incluir suas respectivas rotas no novo Plano Nacional Integrado, que recomendou o gasoduto da TAG como alternativa de menor custo sistêmico para conectar Açu. A NTS contesta.
Para entender o mercado de gás em 2025. O ano foi marcado pelo quente debate da revisão tarifária das transportadoras; por progressos no mercado livre, GNL small-scale e uso do gás em caminhões. O gás argentino chegou e, no campo da política energética e regulação, novidades com o mandato do biometano e o LRCAP. A gas week resume os principais marcos de 2025 e seus desdobramentos para 2026.
Maior demanda. O consumo de biodiesel no Brasil deve crescer 9% e alcançar 9,8 milhões de m³ em 2025, projeta a StoneX. Para 2026, a expectativa é de aumento de 6,4% na demanda, totalizando 10,5 milhões de m³ .
- O aumento na demanda do biocombustível está diretamente relacionado à mistura obrigatória ao diesel, hoje em 15%.
Tendência ESG para 2026. Relatório da XP coloca os data centers no topo da lista de cinco temas que devem moldar o cenário de investimentos ESG no próximo ano, com empresas buscando por soluções de energia limpa para atender ao rápido crescimento da inteligência artificial. Entenda melhor com a newsletter diálogos da transição.
Carbon Countdown. Petrobras, Shell e CCarbon/USP lançaram um projeto para medir os estoques de carbono em todos os biomas do país, de áreas agrícolas a ecossistemas nativos. O objetivo é criar um banco de dados abertos e com acesso gratuito.
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![CEO da Enel SP, Guilherme Lencastre [na imagem], promete contratações de mão de obra após indicadores no Rio e São Paulo piorarem, durante audiência da CME na Câmara, em 3/12/2024 (Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados) CEO da Enel SP, Guilherme Lencastre [na imagem], promete contratações de mão de obra após indicadores no Rio e São Paulo piorarem, durante audiência da CME na Câmara, em 3/12/2024 (Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)](https://uploads.eixos.com.br/2024/12/CEO-da-Enel-SP-Guilherme-Lencastre-a-mesa-fala-em-audiencia-da-CME-na-Camara-em-3-12-2024-sobre-a-atuacao-da-Enel-no-Rio-e-SP-Foto-Vinicius-Loures_Camara-dos-Deputados-1024x576.jpg)

