NESTA EDIÇÃO. Relatório da XP aponta os data centers como principal tendência ESG para 2026.
Com matriz renovável, Brasil desponta como destino para investimentos e parcerias entre energia e tecnologia.
Relatório da XP de tendências em 2026 coloca os data centers no topo da lista de cinco temas que devem moldar o cenário de investimentos ESG no próximo ano, com empresas buscando por soluções de energia limpa para atender ao rápido crescimento da inteligência artificial.
“Com sua matriz renovável e sistema integrado, o Brasil detém vantagens comparativas para atrair big techs focadas em descarbonização”, aponta Marcela Ungaretti, Head de Pesquisa ESG da XP.
“À medida que avançamos para 2026, a expectativa é de aumento em parcerias entre empresas de tecnologia e energia, embora os investidores devam monitorar riscos de execução e gargalos na infraestrutura de transmissão que podem limitar o ritmo desse crescimento”.
Além da corrida por data centers, necessidade de minerais críticos para transição energética, baterias para estabilidade da rede, integridade nos mercados de carbono e avanço na transparência da divulgação ESG completam a Top 5 das tendências para o ano que vem.
Famintos por energia, os data centers estão remodelando o cenário energético global.
O relatório da XP cita o exemplo dos Estados Unidos, que abrigam cerca de 33% dos centros de processamento de dados do mundo e deve ver o consumo do segmento saltar dos cerca de 4% atuais para 12% do uso total de eletricidade até o fim da década.
“À medida que as instalações crescem em escala e intensidade, elas começam a consumir eletricidade em níveis comparáveis aos de cidades de médio porte”, destaca o documento assinado por Marcela Ungaretti e Luiza Aguiar.
Para atender a essa demanda, sem perder de vista as ambições climáticas, empresas estão recorrendo à compra de energia renovável, o que tem movimentado os investimentos em infraestrutura.
É nesse cenário que o Brasil desponta como tendência para investimentos, assim como a energia nuclear, que está conquistando acordos corporativos nos EUA, China e Reino Unido.
Renovável por natureza
No início de dezembro o TikTok confirmou a construção de seu primeiro data center na América Latina, instalado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no Ceará, com investimentos estimados em mais de R$ 200 bilhões.
A fase inicial das operações é prevista para 2027 e prevê um parque eólico para abastecimento de energia e uma rede de transmissão de alta tensão, em um empreendimento conduzido pela Omnia, operadora de data centers do grupo Patria Investimentos.
É um exemplo da nova onda de parcerias entre empresas de tecnologia e energia, para viabilizar projetos bilionários e intensivos em eletricidade.
Mostra também como a vocação brasileira para geração renovável pode atrair investimentos massivos de grupos que estão explorando mercados emergentes, em busca de energia barata e estável para sustentar sua expansão.
O relatório da XP enxerga o país como potencial hub regional, dada a sua matriz energética predominantemente renovável, rede nacional interconectada e política de incentivos, embora alguns riscos permaneçam, especialmente devido às lacunas na infraestrutura.
Criado em setembro via Medida Provisória, o Redata prevê incentivos fiscais para centros de processamento de dados se instalarem no Brasil com contratos de energia renovável ou “limpa”.
A estimativa é liberar cerca de US$ 377 bilhões na próxima década.
“No próximo ano, espera-se uma primeira onda de investimentos, juntamente com expansão da capacidade de transmissão, esforços de modernização da rede e um marco regulatório mais claro”, pontua o relatório.
Título 2
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Cobrimos por aqui
Curtas
Fracking no mapa. Governo brasileiro, Petrobras e ANP defenderam, durante audiência pública no STJ, a técnica do fraturamento hidráulico para a produção de óleo e gás, sob o argumento da segurança energética. A discussão ocorreu três dias após o presidente Lula (PT) determinar o prazo de 60 dias para que ministérios proponham diretrizes para o mapa do caminho de afastamento dos combustíveis fósseis.
Clima extremo. Eventos climáticos extremos desafiam infraestrutura elétrica em São Paulo e soluções precisam ser pensadas em conjunto, avalia o presidente da Abradee, Marcos Madureira, em entrevista à Rádio Eldorado.
- Dentre as consequências do vendaval registrado em São Paulo nos últimos dias, milhares de casas ficaram sem energia elétrica. Às 13h32 desta sexta (12/12), 669.497 estavam sem luz, segundo a concessionária de energia Enel.
- De acordo com a Enel, o trabalho de restabelecimento da energia é “complexo”. Nesta sexta, a companhia ainda não tinha informado um prazo para a normalização do serviço.
- Questionado sobre uma eventual intervenção do governo estadual na Enel, o vice-presidente e ministro, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou esperar que a Aneel cumpra com rigor seu papel regulador e fiscalizador.
Conflito de competências. A Alerj aprovou uma regulação própria para o estado do Rio de Janeiro explorar energia eólica offshore. O texto, que segue para sanção do governador Cláudio Castro (PL), traz a previsão de ofertas permanente e planejada de prismas.
- O projeto determina que a competência para contratação das áreas fica com a Secretaria de Energia e Economia do Mar do Rio. Entretanto, a Constituição Federal define que “compete privativamente” à União legislar sobre “águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão”.
Greve dos petroleiros. Os petroleiros do Sistema Petrobras anunciaram, nesta sexta-feira (12/12), a manutenção da greve a partir de segunda-feira (15), após a FUP considerar insuficiente a segunda contraproposta para o Acordo Coletivo de Trabalho de 2025. A paralisação foi aprovada por unanimidade nas assembleias realizadas pela federação.
Carbon Countdown. Petrobras, Shell e CCarbon/USP lançaram nesta sexta-feira (12/12) o projeto Carbon Countdown para medir os estoques de carbono em todos os biomas do país, de áreas agrícolas a ecossistemas nativos. O objetivo é criar um banco de dados abertos e com acesso gratuito.

