6,5 mil áreas demarcadas

Shell e Petrobras financiam projeto de banco de dados abertos sobre estoques de carbono

Com investimento estimado em R$ 100 milhões, projeto fará levantamento em áreas nativas e agrícolas de todos os biomas brasileiros

Indústria de bioinovação quer reduzir barreiras aos produtos da bioeconomia (ou bioprodutos) no G20. Na imagem: Floresta de árvores marquise vistas de baixo para cima (Foto: lefteye81/Pixabay)
Bioeconomia inclui desde conhecimentos tradicionais, como gestão dos ecossistemas até novas tecnologias, como os nano-materiais de base biológica (Foto: lefteye81/Pixabay)

BRASÍLIA — A Petrobras, a Shell Brasil e o Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCarbon/USP) lançaram nesta sexta-feira (12/12) o projeto Carbon Countdown para medir os estoques de carbono em todos os biomas do país, de áreas agrícolas a ecossistemas nativos.

O objetivo é criar um banco de dados abertos e com acesso gratuito.

Executado por pesquisadores da Universidade de São Paulo e de centros de pesquisa que participam da iniciativa nas demais regiões do Brasil, a iniciativa terá um investimento de aproximadamente R$ 100 milhões, proveniente da cláusula de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) prevista nos contratos de exploração e produção de óleo e gás.

O projeto tem prazo estimado de cinco anos e todos os dados obtidos serão abertos e disponibilizados publicamente, permitindo aplicações diversas, como conservação, modelagem climática e planejamento territorial.

“O projeto Carbon Countdown nos dá as ferramentas para criar uma base sólida e confiável de dados sobre os estoques naturais de carbono”, comenta Olivier Wambersie, diretor de Tecnologia da Shell Brasil.

Segundo o executivo, essas informações são essenciais para fortalecer projetos de créditos de carbono e iniciativas de restauração e ações de uso do solo.

“Além de consolidar o papel da ciência brasileira nesse mercado emergente”, aponta.

A iniciativa também pretende colocar o Brasil em posição de destaque ao gerar, pela primeira vez, valores de referência nacionais sobre estoques de carbono no solo e na vegetação, indica o coordenador científico do projeto, Maurício Roberto Cherubin.

“Esses dados permitirão aprimorar metodologias de quantificação, reduzir incertezas e aumentar a competitividade de projetos de restauração e produção sustentável”, diz.

“O rigor técnico-científico aplicado no desenvolvimento do inventário, aliado ao conhecimento das universidades e centros de pesquisa, cria uma base sólida para futuras inovações e posiciona o país na vanguarda do setor, com potencial de referência para outras regiões do mundo”, defende o pesquisador.

O levantamento vai abranger 6,5 mil áreas demarcadas, com mais de 250 mil amostras de solo e um número ainda maior de amostras de vegetação e outras 400 mil amostras de atributos complementares, caracterizando o maior inventário do tipo já realizado, segundo o centro de pesquisa.

O projeto implementa uma rede nacional, com polos regionais nos seis biomas brasileiros – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. Cada núcleo envolve pesquisadores, equipes de campo e infraestrutura laboratorial local, garantindo metodologias unificadas.

Inscreva-se em nossas newsletters

Fique bem-informado sobre energia todos os dias