Leilão do pré-sal

PPSA justifica ‘preço justo’ e minimiza frustração de arrecadação com leilão do pré-sal: ‘União não perde nada’, diz Paroli

Leilão de áreas não contratadas no pré-sal garantiu arrecadação de R$ 8,793 bilhões - menos que os R$ 10,2 bilhões definidos como valor mínimo pelos lotes

RIO — O diretor-presidente da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), Luis Fernando Paroli, afirmou nesta quinta (4/12) que os preços mínimos definidos pelos direitos de produção de petróleo da União, no leilão das áreas não contratadas no pré-sal, foram justos. 

Ao comentar os resultados do certame, que negociou dois dos três lotes ofertados e arrecadou menos do que o esperado inicialmente pelo governo, Paroli minimizou a falta de ofertas pelos direitos da União sobre Tupi, o segundo maior campo produtor do país, e o impacto sobre a meta fiscal do governo.

“A União não perde nada, nós continuamos participando de Tupi, vendendo óleo, comercializando óleo de Tupi e estando junto com a Petrobras, com a Shell e com os outros sócios nesse modelo”, afirmou, ao fim do leilão.

Paroli comentou, ainda, que o Leilão de Áreas não Contratadas do pré-sal foi trabalhado para que o governo tivesse “alguma margem de segurança” e mais flexibilidade na gestão fiscal, mas que a frustração de arrecadação do certame, ao fim, “não será um grande diferencial” para o cumprimento da meta fiscal.

O leilão garantiu para a União a arrecadação de R$ 8,793 bilhões – menos que os R$ 10,2 bilhões definidos como valor mínimo pelos três lotes disponibilizados. O governo pretendia, inicialmente, arrecadar R$ 14,78 bilhões com o certame.

Governo optou por preço menos conservador

Paroli disse ainda que vê com naturalidade a falta de interesse do mercado por Tupi ativo e classificou o certame como um sucesso, mesmo que nem todos os lotes tenham sido negociados.

Ele justificou que o governo optou por um modelo de precificação menos conservador pelas características dos ativos – áreas já descobertas – e assumiu, assim, um risco.

“Em função das condições deste leilão, especificamente, onde as operadoras têm um conhecimento muito grande do ativo, onde elas têm condição de precificar ele muito bem, e aquelas empresas concorrentes que estão de fora… têm um conhecimento um pouco menor, nós optamos pela segunda opção: que é colocar um preço muito justo, muito apertado mesmo, para que a gente pudesse fazer o leilão”, comentou.

“Então, quando a gente faz isso, a gente corre o risco, sim, de em algum momento a nossa visão em relação ao valor de um ativo seja um pouco diferente da visão dos compradores, dos arrematantes. Então, é bastante natural que isso aconteça”, completou.

Paroli citou, ainda, que a desvalorização do preço do petróleo afeta o apetite por risco das petroleiras e também pode ter influenciado no resultado.

O consórcio formado por Petrobras e Shell arrematou os direitos da União de produção de petróleo nas áreas não contratadas das Jazidas Compartilhadas de Mero e Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos – em ambos os casos sem concorrência.

Para o diretor-presidente da PPSA, a assimetria de informações entre os agentes do mercado também pesa sobre a decisão de investimento.

“Existe, de fato, uma assimetria entre o conhecimento de quem está no consórcio [que já opera os campos] e quem está fora do consórcio. Porque quem está no consórcio sabe tudo o que está acontecendo na jazida, sabe quais as perspectivas, as condições do ativo, as condições do equipamento, se a descoberta está otimista, se você acha que vai conseguir ter uma produção maior ou menor. E isso afeta muito o valor do ativo”, disse a jornalistas, após o leilão.

Os campos de Mero, Tupi e Atapu são operados pela Petrobras e possuem como parceiros, a depender do campo, a Shell, TotalEnergies, CNOOC, CNODC e a Galp.

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