NESTA EDIÇÃO. Reunião da Opep+ indica cautela, em meio à queda no preço do barril.
Solar e eólica no fim da fila e gasoduto em Sergipe: os destaques da apresentação do plano de negócios 2026-2030 da Petrobras.
Brasil vai reduzir dependência de importação de combustíveis na próxima década, indica EPE.
MME fará dois leilões de transmissão em 2026, com expectativa de R$ 25 bi em investimentos.
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Em busca de estabilidade, Opep+ fala em “cautela” e “flexibilidade”
A Opep+ confirmou que vai manter os atuais níveis de produção nos três primeiros meses de 2026, em busca de estabilidade no mercado.
- Em reunião no domingo (30/11), os oito principais produtores do cartel reafirmaram a decisão tomada no mês passado de interromper o aumento na extração no começo do próximo ano.
- “Os países continuarão a monitorar e avaliar de perto as condições de mercado e, em seus esforços contínuos para apoiar a estabilidade, reafirmaram a importância de adotar uma abordagem cautelosa e manter total flexibilidade para continuar suspendendo ou revertendo os ajustes voluntários adicionais de produção”, publicou o grupo após a reunião. Veja a declaração na íntegra.
O cartel também reforçou que tem espaço para incrementar a extração em até 1,65 milhão de barris/dia, a depender das condições de mercado.
- Participaram da conversa Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã.
- Um dos destaques do encontro foi a participação da vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, que pediu ajuda da entidade para conter o que chamou de “crescente agressão” dos Estados Unidos.
- A próxima reunião do grupo será em 4 de janeiro.
A decisão da Opep+ indica incerteza sobre os rumos do mercado, em meio à queda no preço do barril de petróleo.
- Na sexta (28/11), o Brent para fevereiro encerrou o dia com recuo de 0,78% (US$ 0,49), a US$ 62,38 o barril.
O movimento dos preços reflete as expectativas de sobreoferta, sobretudo com as negociações de um acordo para encerrar o conflito na Ucrânia, o que pode levar ao fim das sanções contra o petróleo da Rússia.
- Segundo uma análise do Goldman Sachs divulgada na semana passada, um eventual acordo de paz no leste europeu pode levar a uma queda de até US$ 5 no preço do barril de petróleo bruto.
- Os efeitos tendem a ser maiores para os derivados: o banco estima que as margens no diesel podem cair até US$ 8 por barril.
- “O impacto imediato de um possível acordo sobre os preços do petróleo bruto é modesto, porque o mercado já está precificando a probabilidade de um acordo e porque a recuperação da produção russa provavelmente vai levar tempo”, dizem os analistas do Goldman.
Vale lembrar que a queda do barril já tem impactos práticos no mercado, com as petroleiras revisando as estratégias para o próximo ano, inclusive a Petrobras.
- Veja mais detalhes abaixo sobre o plano estratégico da companhia para o período 2026-2030, detalhado pela diretoria da estatal na sexta (28).
Os destaques do plano da Petrobras. Em entrevista coletiva, a presidente da estatal, Magda Chambriard, reconheceu o ambiente adverso em relação ao preço do barril de petróleo.
- A companhia indicou que os primeiros anúncios para a entrada da empresa no setor de etanol devem ocorrer em 2026.
- Os executivos também reiteraram que a empresa vai priorizar bioprodutos no lugar de geração eólica e solar pelo menos até o final da década, devido aos cortes de geração renovável. A instalação de geração solar será prioritariamente nas refinarias, para consumo próprio.
- No segmento de gás natural, a estatal reafirmou o compromisso de iniciar as operações do projeto Sergipe Águas Profundas em 2030. O plano é avançar nos próximos meses com a aprovação final do investimento e iniciar a licitação do gasoduto em 2026. Veja os detalhes na newsletter gas week.
Deslocando importação. Investimentos em refinarias e biorrefinarias e maior consumo de combustível sustentável de aviação devem reduzir a dependência externa do Brasil à nafta e ao QAV em 2035, indica o caderno do PDE 2035.
- O Brasil é, historicamente, importador líquido de derivados de petróleo. Ainda que a projeção seja de manutenção dessa condição nos próximos dez anos, a importação em 2035 será inferior à máxima histórica de 79 mil m³/d, registrada em 2017.
Potencial do CO2 biogênico. A EPE mostra que o setor de biocombustíveis tem potencial de fornecer quase 200 milhões de toneladas por ano de CO2 biogênico. O gás de origem renovável é estratégico para viabilizar combustíveis sintéticos, mas também pode ser aproveitado por outras indústrias. Veja os detalhes na newsletter diálogos da transição.
Mercado de olho. A produtora de biocombustíveis Be8 assinou uma carta de intenções com a Air Liquide para comercialização de CO2 biogênico produzido em Passo Fundo (RS).
Hidrogênio em foco. O setor de biocombustíveis pode se tornar o grande offtaker capaz de auxiliar na viabilização do hidrogênio de baixo carbono no Brasil, em especial com a expectativa de aumento da participação da bioenergia na economia brasileira prevista na lei do Combustível do Futuro. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.
Leilões de transmissão. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), confirmou a realização de dois leilões de linhas de transmissão para 2026. Os investimentos somados devem atingir R$ 25 bilhões nos dois certames.
- O primeiro dos leilões de transmissão está marcado para março, com lotes já definidos e em fase final de consulta pública pela Aneel.
Data centers. O BNDES aprovou mais R$ 200 milhões para a Scala Data Centers investir em equipamentos. O banco já tinha aprovado R$ 180 milhões anteriormente.
- O investimento prevê a compra de máquinas, sistemas industriais, componentes de informática e de automação, além de bens fabricados no país e de serviços técnicos instalados localmente.
‘Demolição do licenciamento’. A ministra do Meio Ambiente (MMA), Marina Silva (Rede), classificou a decisão do Congresso de derrubar 52 vetos na Lei Geral do Licenciamento Ambiental como uma “demolição da legislação”.
- No programa Bom Dia, Ministra, na sexta (28/11), Marina afirmou que o governo estuda acionar o STF.
Opinião: Presenciamos algo próximo de um IPO ambiental; abrimos o capital no mercado simbólico da sustentabilidade: a floresta, enfim, virou ativo financeiro, escreve Jaques Paes, o consultor e professor da FGV.

