A COP30, em Belém (PA), transmitiu ao mundo a mensagem clara de que a agenda das mudanças climáticas precisa de entregas concretas. E o Brasil teve o mérito de pautar, nesse debate, a necessidade de uma transição energética justa, avalia a diretora de Estudos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Heloísa Borges.
Em entrevista ao programa diálogos da transição COP30 nesta quarta-feira (26/11), ela afirmou que os fóruns multilaterais sobre a descarbonização não são feitos de “cavalos de pau” e que é preciso fugir de dualismos nesse debate. Assista na íntegra.
O saldo da conferência, nesse sentido, foi positivo, porque a COP30 marca o início de um novo ciclo – o ciclo da implementação – das metas climáticas, opina.
“Agora a gente precisa construir entregas concretas, agora a gente precisa falar sobre como fazer. Agora a gente precisa falar que, para atender a nossa ambição, a gente precisa pensar nas populações minorizadas, a gente precisa colocar as mulheres, os povos originários no centro do debate. A gente precisa falar de justiça energética na transição”.
Apresentado por Mariana Procópio, o programa traz os principais destaques do dia da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, realizada em Belém (PA). Inscreva-se no canal da agência eixos no Youtube, ative as notificações e fique por dentro de todos os conteúdos.
Principais assuntos tratados pela diretora da EPE
- Ciclo da COP: Avaliação de que a COP30 marca a passagem da ambição para a implementação, com foco em entregas.
- Ritmo gradual das conferências: avanços nas COPs por processos— rulebook, NDCs, métricas e financiamento.
- Justiça energética: relatórios reforçam foco em vulneráveis, incorporando evidências de desigualdades no acesso a energia e nos impactos climáticos.
- Diplomacia brasileira: 4x Pledge ganha força como sinalização para biocombustíveis com maturidade tecnológica e potencial de escala.
- Uso do solo: é possível expandir biocombustíveis em áreas degradadas, sem avanço no desmatamento.
- Neutralidade: estudo mostra diferentes caminhos para o net zero, destacando diferenças de custo, velocidade e esforço regulatório entre regiões.
- Matriz futura: fósseis seguem na matriz em 2050, com mitigação baseada em tecnologias como CCS, eficiência e eletrificação.
- Sul Global: transição exige garantia de acesso mínimo à energia para países em desenvolvimento, com financiamento mais equitativo.
- Transição justa ampliada: Brasil propõe conceito que inclui equidade no acesso a serviços energéticos, além de emprego e inclusão socioeconômica.
- Desigualdade: políticas de transição mal desenhadas podem ampliar pobreza energética, reforçando a necessidade de métricas sociais e tarifárias.