Quitação da dívida

Comissão do Senado aprova projeto que fixa teto de US$ 12/kW para tarifa de Itaipu

Relator Laércio Oliveira afirmou que fim da dívida de construção da usina não refletiu em modicidade tarifária

Comissão de Serviços de Infraestrutura aprova relatório do senador Laércio Oliveira para fixar tarifa de Itaipu em US$ 12/KW (Foto Agência Senado)
Comissão de Serviços de Infraestrutura aprova relatório do senador Laércio Oliveira (PP/SE) para fixar tarifa de Itaipu em US$ 12/KW (Foto Agência Senado)

BRASÍLIA — A Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou nesta terça-feira (25/11) o relatório do senador Laércio Oliveira (PP/SE) que estipula teto de US$ 12 por kW para a energia gerada pela parte brasileira da usina binacional de Itaipu.

A previsão atual da tarifa da hidrelétrica para o triênio 2024-2026 é de US$ 17,66 por kW/mês.

Se o projeto de autoria do senador Espiridião Amin (PP/SC) for aprovado, concessionárias nacionais não poderão pagar mais do que o teto fixado pela energia gerada.

Ele será válido apenas para o montante de energia que cabe ao Brasil. A parcela pertencente ao Paraguai eventualmente cedida ao Brasil permanecerá sujeita às condições próprias de negociação e definição tarifária.

O parecer de Oliveira incorpora emenda que marca o início da regra para 2027, com mecanismos de reajuste anual conforme a inflação dos Estados Unidos e possibilidade de revisões extraordinárias somente em casos ligados a operação, segurança ou custos efetivos de geração.

O texto segue agora para votação final na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Segundo Oliveira, o projeto assegura que os efeitos econômicos da quitação da dívida de construção de Itaipu sejam efetivamente refletidos nas tarifas aplicadas aos consumidores. O mecanismo incluirá ainda um fator redutor destinado a compartilhar com os consumidores eventuais ganhos de produtividade.

O relator usou como base uma nota técnica da Academia Nacional de Engenharia (ANE), com apoio da Associação Catarinense de Engenheiros, com críticas às despesas não operacionais de Itaipu. Segundo a ANE a tarifa poderia ser inferior a US$ 10/kW.

Os engenheiros apontam que o valor negociado em abril de 2024, de US$ 19,28, é quase 80% superior à tarifa calculada pelas regras do tratado, resultando em aproximadamente “US$ 1,5 bilhão por ano acima do valor esperado, a serem arcados pelos consumidores brasileiros”.

Para justificar o teto de US$ 12 por kW, tanto o autor quanto o relator citam cálculos do Ministério de Minas e Energia (MME), que indicam o valor como referência máxima a ser aplicada no período pós-2026.

O PL não altera o Tratado de Itaipu, que atribui à binacional a competência para estabelecer o preço da energia adquirida pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar) e pela Ande, empresa paraguaia.

Há previsão de revisar os valores de forma extraordinária em caso de alteração substancial dos custos operacionais da usina; necessidade de investimentos voltados a melhorias ou à garantia da segurança operacional da usina; ou de ocorrência de eventos de força maior.

Além disso, a revisão do valor máximo não deve ser utilizada para cobrir despesas alheias aos custos de geração, transmissão e comercialização da energia elétrica.

Novos investimentos no radar

Em meio à discussão no Congresso Nacional de um teto para sua tarifa, a Itaipu Binacional estuda ampliar a capacidade da hidrelétrica e vê espaço, a partir de uma análise prévia, para instalar mais duas unidades geradoras, afirmou o diretor-geral brasileiro da usina, Enio Verri, à eixos na COP30.

O aumento da potência da hidrelétrica binacional de Itaipu — o que significa novos investimentos — chegou a entrar na pauta de uma reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) desmarcada na semana passada.

Segundo Verri, as conversas com o Paraguai em torno do assunto envolvem três alternativas: instalação de painéis solares em cima do fio d ‘água, ampliação da produtividade das 20 unidades geradoras existentes, e o aumento do número de unidades geradoras. 

O executivo observa, no entanto, que a decisão não cabe à Itaipu — que é responsável pela execução das políticas determinadas pelos governos.

“Itaipu encaminhou ao Ministério de Minas e Energia, para que seja repassado à EPE [Empresa de Pesquisa Energética] um estudo para nos dizer o seguinte: o Brasil precisa? Se precisa, qual delas? E se é viável economicamente ou não”, disse à eixos durante um evento em Belém (PA). Assista na íntegra

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