BELÉM — O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse nesta quinta (20/11), em Belém (PA), que a crise climática está causando prejuízos bilionários em todo o mundo e que é preciso enfrentar a contribuição dos combustíveis fósseis para as emissões globais.
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) chega em sua reta final, com encerramento previsto para sexta-feira (21).
A presidência brasileira da COP30 prometeu entregar as decisões em dois pacotes: um com temas mais controversos na quarta (18) e outro com mais consensos na sexta.
O primeiro pacote está atrasado e pairam dúvidas sobre a capacidade de os negociadores conseguirem fechar decisões sobre transição justa, financiamento e adaptação até amanhã.
Outro tema que ganhou destaque ao longo das duas semanas da COP de Belém foi o mapa do caminho para transição para longe dos combustíveis fósseis. Também cercado de incertezas sobre a viabilidade de entrar no texto final.
“Um dos problemas essenciais em relação ao nível de emissões que temos é em relação ao fato os combustíveis fósseis representarem 80% das emissões”, disse Guterres a jornalistas nesta manhã.
“Portanto não há solução para os problemas [climáticos] se não houver simultaneamente uma transição justa dos combustíveis fósseis para as energias renováveis”, completou.
Ele também elogiou os esforços da presidência brasileira da COP30 para construir um resultado positivo até o final da cúpula. E pediu às delegações que demonstrem disposição e flexibilidade para entregar resultados que protejam as pessoas e mantenha viva a meta de 1,5°C.
“Todas as delegações têm do dever de alcançar um acordo balanceado”, discursou.
Adaptação
Com uma necessidade estimada em US$ 310 bilhões por ano, até até 2035, para financiar a adaptação das cidades aos efeitos das mudanças do clima, países em desenvolvimento estão tentando destravar negociações para viabilizar mais recursos.
O tema está previsto para o primeiro pacote de decisões da COP30.
“Em todas as negociações há uma fase em que as posições são ainda divergentes. Para mim, é claro que o acordo só será possível se levar em conta as preocupações daqueles que consideram que a adaptação necessita de um volume de recursos substancial e aqueles que consideram que há pouco valor para financiar a adaptação”, comentou Guterres.
Ele observou que é preciso endereçar a questão da adaptação considerando que se as emissões continuarem crescendo, teremos cada vez mais eventos climáticos que devastam cidades inteiras.
“Por isso o equilíbrio entre adaptação e mitigação é importante resolver. Me parece que a presidência [da COP30] tudo fará para alcançá-lo”.
