A captura e o uso do CO2 biogênico — emitido na fermentação da indústria sucroalcooleira e na purificação do biogás — se tornarão um eixo cada vez mais relevante da transição energética brasileira, afirmou Heloísa Borges, diretora da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Segundo ela, o aumento acelerado da produção de biocombustíveis fará crescer de forma expressiva o volume dessas emissões. “Em 2035, esse potencial pode chegar a 200 bilhões de toneladas de CO2”, disse em entrevista ao estúdio eixos na COP30, em Belém. Assista na íntegra acima.
A EPE lançará na próxima semana um novo estudo dedicado ao carbono biogênico, alinhado à estratégia brasileira de quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis até 2035 — meta apresentada pelo governo no Plano de Longo Prazo para Energias de Baixas Emissões (PLED).
O levantamento traz modelagens, mapeamento georreferenciado e projeções sobre como esse CO2 poderá ser integrado às cadeias de bioenergia e de combustíveis sintéticos, ampliando eficiência e reduzindo emissões.
Ao detalhar o cenário, presidente da EPE afirmou que o país caminhará para um patamar significativo de emissões biogênicas. “A gente vai ter uma produção muito grande de CO2 associada com a fermentação da indústria sucroalcooleira e a purificação do biogás”, explicou.
Para ela, dar uso a esse carbono — como insumo ou subproduto comercializável — será crucial para destravar novos modelos de negócios e acelerar a implementação da transição energética.
Cadeias sintéticas e descarbonização industrial. O estudo também aponta que o CO2 biogênico pode viabilizar rotas como e-metanol e e-amônia, que dependem de carbono para sintetizar combustíveis limpos. Heloísa Borges lembra usar carbono fóssil nessas cadeias comprometeria a descarbonização, o que tende a valorizar a oferta renovável.
A entrevista foi ao ar no programa diálogos da transição COP30 de segunda (17/11). Assista na íntegra.
Apresentado por Mariana Procópio, o programa traz os principais destaques do dia da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, realizada em Belém (PA). Inscreva-se no canal da agência eixos no Youtube, ative as notificações e fique por dentro de todos os conteúdos.
Principais assuntos tratados por Heloísa Borges
- Papel do carbono biogênico: estudo inédito da EPE sobre CO2 biogênico indica seu papel no futuro sistema bioenergético brasileiro.
- Década da implementação: prevê quadruplicar combustíveis sustentáveis (biocombustíveis, eletrocombustíveis e hidrogênio) até 2035.
- Agricultura familiar: estudo mostra a relação benéfica entre biocombustíveis e agricultura familiar, sem impacto negativo no uso da terra (Iluc).
- Novo caderno da EPE: publicação esclarece o papel do CO2 biogênico, estimado em grande escala pela fermentação e pelo biogás até 2035.
- Uso produtivo do carbono: potencial para comercialização e aproveitamento industrial do CO2 biogênico, substituindo carbono fóssil.
- Insumo para combustíveis sintéticos: carbono biogênico é essencial para e-combustíveis (e-metanol, e-amônia, hidrogênio sintético).
- Consenso Belém: papel do CO2 biogênico na descarbonização industrial, alinhado à decisão apoiada por 25 países pela indústria verde.
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