Brasil na média

Apenas um país do G20 está fazendo progresso em políticas climáticas

Metade do G20 tem pontuação muito baixa e Brasil fica na média em classificação internacional sobre políticas climáticas

Declaração final durante cúpula do G20 no Rio [líderes, na imagem] manteve conceitos propostos pelo Brasil para transição justa.
Presidente Lula durante 3ª Sessão da Reunião de Líderes do G20: Desenvolvimento Sustentável e Transição Energética, em 19 de novembro de 2024 | Foto Ricardo Stuckert/PR

BELÉM — O Reino Unido é o único país do bloco das 20 maiores economias globais com pontuação “alta” na avaliação de performance no combate à crise climática, mostra o Climate Change Performance Index (CCPI) publicado hoje (18/11) por Germanwatch, NewClimate Institute, e CAN International. 

Responsáveis ​​por mais de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), os países do G20 têm um papel crucial na agenda de transição energética e descarbonização.

No entanto, metade dessas nações está classificada como “muito baixa” em suas ambições e políticas climáticas: Turquia, China, Austrália, Japão, Argentina, Canadá, Coreia do Sul, Rússia, EUA e Arábia Saudita.

Com os agravantes de que os EUA se retiraram pela segunda vez do Acordo de Paris e seu atual presidente está lançando mão de políticas para alavancar a indústria de combustíveis fósseis, enquanto ataca renováveis.

Vale dizer também que Índia (terceira maior emissora de GEE), Argentina (simpatizante do negacionismo de Donald Trump) e Arábia Saudita (um petroestado) ainda não entregaram suas contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) para 2035.

“Há um impulso positivo para as energias renováveis ​​e a eletrificação em todo o mundo. No entanto, também vemos um cenário preocupante entre os principais emissores – os países do G20 – com apenas um país na categoria ‘alta’ e dez na categoria ‘muito baixa’”, comenta Thea Uhlich, autora do CCPI.

África do Sul, Indonésia e Itália estão com pontuação “baixa” , enquanto Alemanha, Brasil, França, Índia e México estão na média.   

O maior emissor de carbono, a China fica na 54ª posição global do ranking, melhorando uma posição em relação ao levantamento anterior.

Segundo os analistas, somente na área de política climática a China está alcançando uma classificação “alta”. No primeiro trimestre de 2025, as emissões chinesas diminuíram, um indício de que elas podem ter atingido seu pico.

EUA e petroestados resistem à transição

O ranking foi divulgado em meio às negociações da COP30, quando os mais de 190 signatários do Acordo de Paris devem avançar com a implementação de compromissos para limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C até o final do século.

Dez anos após o Acordo de Paris, a conclusão é que há progresso na redução das emissões per capita e expansão de renováveis, mas o ritmo ainda é lento para atingir as metas climáticas de Paris. 

Como nos anos anteriores, os três primeiros lugares da classificação permanecem vagos, o que significa que ninguém está satisfatoriamente alinhado com 1,5ºC pelos parâmetros das organizações.

A Dinamarca manteve a posição como a melhor classificada, em quarto lugar, seguida por Reino Unido e Marrocos.

Em contraste, Arábia Saudita (67º lugar), o Irã (66º lugar) e os EUA (65º lugar) tiveram a pior classificação no CCPI.

“Os EUA sofreram um declínio particularmente notável – ficando em terceiro lugar de baixo para cima na classificação geral, logo atrás da Rússia”, comenta Uhlich.

Ela observa que os maiores países produtores de petróleo e gás estão praticamente isolados entre si e não mostram sinais de que irão abandonar os combustíveis fósseis como modelo de negócios. 

“Isso significa que estão perdendo a oportunidade de abraçar o futuro”, critica.

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