NESTA EDIÇÃO. Relatório da Agência Internacional de Energia acende alerta sobre capacidade de investimentos em óleo e gás para atender à crescente demanda.
Ministério dos Transportes cancela adesão do Brasil a acordo internacional firmado na COP30 sobre descarbonização do transporte pesado.
Silveira promete regulamentação do marco legal do hidrogênio para a próxima semana.
Turca KPS se prepara para disputar leilões de potência e de baterias em 2026.
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Dados são o novo óleo: investimentos em data centers superam petróleo e gás em 2025, segundo IEA
A enorme necessidade de expansão de processamento de dados no mundo vai levar a um investimento de US$ 580 bilhões em data centers em 2025, superando os investimentos previstos no suprimento global de petróleo, estimados em US$ 540 bilhões para este ano.
- As informações são do World Energy Outlook, boletim anual da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), divulgado na quinta (13/11).
- Enquanto o cenário global para as próximas décadas é de uma acelerada expansão pela demanda de eletricidade, o nível de investimentos em óleo e gás acende alertas.
Com alto consumo, os data centers vão ajudar a impulsionar o aumento da demanda por energia elétrica nos próximos anos — mas não apenas eles.
- A tendência é de uma forte concentração geográfica desses projetos, com mais de 85% da nova capacidade adicionada de data centers nos próximos dez anos direcionada para Estados Unidos, China e União Europeia, indica o relatório.
- É justamente uma parte desses projetos que o Brasil tem esperança de atrair, com os incentivos previstos no programa Redata.
- Os debates em Brasília sobre a medida provisória que criou o programa estão em curso, com parte dos parlamentares defendendo que não haja obrigatoriedade de uso de fontes renováveis para os data centers usufruírem dos benefícios fiscais.
A IEA calcula que o consumo total de energia elétrica por data centers vai triplicar até 2035.
- Ainda assim, vai representar apenas 10% do crescimento global da demanda por eletricidade nesse período. O aumento do uso de energia elétrica é impulsionado também pelo crescimento do uso de eletrodomésticos, veículos elétricos, aquecimento e resfriamento.
Mas, se na energia elétrica o cenário é de animação, para mercado de petróleo e gás os dados indicam preocupação sobre a capacidade de manutenção dos investimentos para atender à demanda.
- Considerando apenas políticas e regulações sobre o uso de combustíveis fósseis que já estão em vigor, a demanda global por petróleo continuará a crescer nas próximas décadas, até atingir 113 milhões de barris/dia em 2050.
- Entretanto, as taxas de declínio dos campos de produção existentes estão acelerando, sem novas descobertas suficientes.
- Quase 90% do investimento em exploração e produção hoje é direcionado para compensar o declínio, em vez de expandir a capacidade, segundo o boletim.
- Também há indicações de déficits na capacidade de refino global, já a partir da década de 2040.
Para atingir as metas de zerar as emissões líquidas nas próximas três décadas, o mundo precisaria reduzir a demanda por petróleo para 24 milhões de barris/dia até 2050.
- Nesse caso, seria possível diminuir o investimento anual em fornecimento de combustíveis fósseis de cerca de US$ 1 trilhão para menos de US$ 350 bilhões até 2035. Cenário, hoje, improvável.
Alta no barril. O petróleo registrou leve alta na quinta (12), refletindo o dólar enfraquecido, assim como os dados divulgados pela IEA para a demanda. O Brent para janeiro subiu 0,48% (US$ 0,30), a US$ 63,01 o barril.
- As cotações também foram influenciadas pelos dados dos estoques nos Estados Unidos, que subiram 6,413 milhões de barris na semana passada.
Queda nos combustíveis. A redução do preço da gasolina pela Petrobras em outubro começou a ter efeito este mês. O preço médio da gasolina nos postos brasileiros recuou 0,47% na primeira quinzena de novembro, em relação ao mesmo período de outubro, chegando a R$ 6,33.
Cargas apreendidas. A Petrobras foi nomeada depositária dos combustíveis da Refit (ex-Refinaria de Manguinhos) retidos em setembro pela Receita Federal na Operação Cadeia de Carbono.
Preço de referência. Organizações representantes de governo municipais apoiam a mudança no preço de referência do petróleo inserido no texto da Medida Provisória 1304/2025, aprovado pelo Congresso Nacional. A alteração vai mudar a base de cálculos de royalties.
- A Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) pediram ao governo para manter a alteração na sanção do projeto.
Revitalização. A Petrobras decidiu postergar para maio de 2026 a data de recebimento de propostas para a construção da plataforma que irá operar no projeto de revitalização do campo de Albacora, na Bacia de Campos. A licitação para contratação da unidade havia sido publicada em março de 2025 e o recebimento de propostas estava previsto para 15 de dezembro de 2025.
Biometano conectado. A Arsesp abriu nesta semana consulta pública sobre novas regras para interligar plantas de biometano aos gasodutos de distribuição em São Paulo. A proposta cria a Tusd-Verde, tarifa específica para produtores. As contribuições podem ser enviadas até 1º de dezembro.
Biocombustíveis. A produção média de etanol nos Estados Unidos foi de 1,075 milhão de barris/dia na semana encerrada na sexta-feira passada (7). O volume representa queda de 4,27% ante o registrado na semana anterior, de 1,123 milhão de barris por dia.
Freio de emergência. Menos de 24 horas após assinar memorando que excluía biocombustíveis do transporte pesado, o Ministério dos Transportes recuou e cancelou a adesão do Brasil ao acordo internacional firmado na COP30, em Belém.
- A decisão busca alinhar a política da pasta às diretrizes do governo Lula.
Destaques da COP. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse que a COP30 reforçou a necessidade de acelerar a transição limpa com foco em competitividade. Segundo ela, a descarbonização deve impulsionar crescimento e prosperidade e lembrou que o mundo já saiu de uma trajetória de aquecimento de 4ºC.
- A transição energética pode movimentar investimentos de US$ 500 bilhões por ano na América do Sul, mas a região precisa criar mecanismos de coordenação para explorar esse potencial, na visão do head da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês), Ricardo Gorini.
- A hidrelétrica binacional de Itaipu avalia ampliar sua capacidade de geração e vê espaço para instalar duas novas unidades geradoras, afirmou o diretor-geral brasileiro da usina, Enio Verri.
- Be8 e Sumitomo firmaram um acordo para distribuir SAF na Europa. O plano prevê o fornecimento do SAF produzido pela Omega Green, no Paraguai, e o desenvolvimento conjunto de infraestrutura de distribuição no Norte da Europa, com início previsto para 2029.
- De olho em consumidores para seu hidrogênio, embarcações abastecidas com amônia e com tecnologia de célula a combustível são apresentadas na COP30. Entenda o que está em jogo com a newsletter diálogos da transição.
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Por falar em hidrogênio. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse, na quinta (13), que o decreto que regulamenta o marco legal do hidrogênio no Brasil deve ser assinado na “próxima semana”.
Powerships e baterias. A KPS se prepara para disputar o leilão de potência, em março de 2026, com 2 GW termelétricos, e pretende participar também do leilão de sistemas de armazenamento em baterias, previsto para abril.
- A empresa turca desenvolve um projeto de baterias no Amapá, aproveitando a infraestrutura da UTE Santana, adquirida da Eletrobras.
Preços de energia. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, voltou a fazer alertas sobre os riscos para a operação do Sistema Interligado Nacional. Ele disse que sem a modernização tarifária, com sinal de preço para os consumidores, há um “grande risco” no funcionamento do sistema elétrico.
Opinião: O sandbox regulatório da ANP representa uma abertura estratégica para a experimentação de novas tecnologias e modelos de negócio inovadores, escrevem o sócio de Petróleo e Gás do Lefosse Advogados, Felipe Boechem, o counsel Rafael Martins e o advogado de Desenvolvimento e Financiamento de Projetos, Gustavo Almeida.

