Com a constante pressão por cada vez mais eficiência, novas legislações e compromisso ambiental, a indústria naval vem estudando inovações que colocarão a navegação, inevitavelmente, em um patamar mais sustentável.
O caminho é longo, mas já podemos destacar algumas delas em estudo ou em aplicação na prática.
Especialistas afirmam que a grande revolução será a propulsão de navios por GNL (gás natural liquefeito). Embarcações que utilizam este combustível, um dos mais limpos que existe, já são uma realidade e sua aplicabilidade vem aumentando ano após ano.
O uso do GNL proporciona não somente uma redução de custos ao armador, principalmente relativos à manutenção, mas principalmente o ganho ambiental. Em comparação com os motores tradicionais, representa uma redução de 99% na emissão de dióxido de enxofre, 85% de dióxido de nitrogênio e 20% de dióxido de carbono.
Esses avanços podem permitir que a meta da Organização Marítima Internacional (IMO) de redução de 40% na emissão de gases causadores de efeito estufa até 2050 seja atingida.
Podemos destacar também os grandes avanços nos estudos da aplicabilidade de energia solar e dos ventos.
Sim, poderemos ter novamente os ventos, agora como fonte auxiliar de propulsão, com a instalação de velas de rotores, que usam do “Princípio Magnus” para gerar energia limpa e renovável, trazendo mais sustentabilidade ao setor em um futuro próximo, já que hoje, temos armadores instalando esse tipo de sistema.
Grandes avanços em redução de consumo de combustível são atingidos graças a sistemas de recuperação de calor mais eficientes, tipos de pintura, e até profundas mudanças no design dos cascos. Todas gerando menos emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.
Uma das mais sustentáveis tecnologias em estudo é a de cargueiros sem tanques de lastro.
Os navios utilizam esse tipo de compartimento de água salgada, aumentando o seu peso para garantir a estabilidade, segurança operacional e a eficiência.
É sabido que, ao enchê-los em um local e esvaziá-los em outro, podem acarretar sérios impactos ambientais devido à inserção de microrganismos não-nativos, como por exemplo, surtos de cólera e a propagação do mexilhão-dourado, que causa sérios problemas de incrustação em embarcações, tubulações e até hidrelétricas.
Os regulamentos para descarte de tais águas vêm se tornando cada vez mais restritivos e, num horizonte de mudanças, protótipos de embarcações que não utilizam o sistema estão em desenvolvimento.
A mudança consiste na substituição dos tanques de lastro por “tubos” longitudinais estruturais, com admissão na proa e descarga na popa, que criam um fluxo constante de água salgada local e promovem a pressão necessária para gerar a estabilidade necessária, conforme carga embarcada.
A eventual implementação de tal tecnologia na construção naval poderá trazer impactos positivos para o meio ambiente e para o custo operacional da embarcação, uma vez que não serão necessárias uma série de medidas e equipamentos que hoje são utilizados para mitigar os riscos de despejo de microrganismos em outras áreas.
O que esperar da navegação daqui a 10, 20 ou 30 anos?
Embarcações movidas à energia solar, já que vemos um grande avanço nos estudos desta tecnologia e sua aplicabilidade em grande escala. Ou até o uso civil da energia nuclear como fonte de propulsão.
Seria leviano afirmar que essa ou aquela tecnologia será a dominante.
Porém, podemos sim vislumbrar uma navegação mais eficiente de um ponto de vista energético e muito mais sustentável, reduzindo custos e impactos ambientais.
Bruno Alamino é head de Marine da Austral Seguradora
[sc name=”news-transicao” ]