RIO — O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), lançou nesta terça (11/11), durante a COP30, relatório destacando que a adoção de práticas sustentáveis de resfriamento podem economizar US$ 17 trilhões em consumo de energia e evitar até US$ 26 trilhões em investimentos na rede elétrica até 2050.
O documento Global Cooling Watch 2025 projeta que a demanda global por resfriamento, em especial por ar-condicionado, deve triplicar até meados do século, em meio ao avanço das ondas de calor e ao crescimento populacional.
“À medida que as ondas de calor mortais se tornam mais regulares e extremas, o acesso ao resfriamento deve ser tratado como infraestrutura essencial, juntamente com água, energia e saneamento”, disse a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen.
Segundo o levantamento, sem mudanças no modelo atual, o consumo de energia e as emissões de gases de efeito estufa podem quase dobrar em relação a 2022, chegando a 7,2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente em 2050.
Para evitar esse cenário, o Pnuma propõe a adoção de um Caminho de Resfriamento Sustentável, que combinaria equipamentos mais eficientes com baixo consumo de energica, e técnicas passivas, como sombreamento urbano, ventilação natural e construção bioclimática.
Essas soluções poderiam cortar em 64% as emissões previstas para 2050. Se combinadas com a descarbonização acelerada do setor elétrico, as emissões poderiam cair em até 97%, aponta o relatório.
“Soluções passivas, energeticamente eficientes e baseadas na natureza podem ajudar a atender às nossas crescentes necessidades de resfriamento e manter as pessoas, as cadeias alimentares e as economias protegidas do calor à medida que buscamos metas climáticas globais”, defende Andersen.
Acesso equitativo e soluções urbanas
As recomendações estão alinhadas ao Mutirão Global Contra o Calor Extremo (Beat the Heat), iniciativa lançada na COP30 e liderada pela presidência brasileira da conferência em parceria com a Cool Coalition.
A proposta pretende garantir acesso universal a formas de resfriamento seguras e acessíveis, incluindo edifícios resilientes ao calor, espaços verdes urbanos e tecnologias de refrigeração de baixo consumo.
O foco é sobre grupos vulneráveis, como pequenos agricultores, mulheres e idosos, especialmente em regiões tropicais e de baixa renda.
O programa também espera promover políticas, financiamentos e ações coordenadas para ampliar a resiliência ao calor nas cidades. Mais de 185 — entra elas o Rio de Janeiro, Jacarta e Nairóbi — já aderiram ao Mutirão.
Quase dois terços das reduções potenciais de emissões viriam de soluções passivas e de baixo consumo de energia, que poderiam ser incorporadas em políticas nacionais e programas habitacionais.
Além de acessíveis, essas medidas podem ampliar o acesso ao resfriamento para mais 3 bilhões de pessoas até 2050.
