NESTA EDIÇÃO. MME abre nova consulta pública para primeiro leilão de baterias do Brasil.
Os destaques do primeiro dia da COP30, em Belém.
Amazônia Legal tem um potencial de US$ 320 bilhões em receitas com mercados de carbono.
O debate em torno da possibilidade de veto do presidente Lula à mudança no preço de referência do petróleo.
Petroleiros em estado de greve.
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Com sinal para atender melhor a demanda, leilão de baterias enfim avança
O prometido leilão de contratação de baterias para o sistema elétrico brasileiro enfim avançou, com a perspectiva de realização em abril de 2026.
- O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu uma nova consulta pública na segunda-feira (10/11) com as regras propostas para a contratação, no modelo de leilão de reserva de capacidade.
- A previsão é contratar projetos com início de suprimento em agosto de 2028 sob contratos de dez anos de duração.
A grande novidade é a previsão de um sinal locacional, com um bônus de 10% que vai sinalizar a contratação para as regiões em que o armazenamento é mais necessário.
- A ideia, na prática, é concentrar os sistemas onde a demanda por energia é maior.
- Em futuros leilões, o mecanismo será aprimorado e pode incluir mais níveis de filtragem, indicou o assessor do gabinete da presidência da EPE, Francisco Victer, em postagem nas redes sociais.
As discussões sobre a entrada das baterias no sistema elétrico brasileiro avançou nas últimas semanas: a Aneel publicou em outubro as orientações para a instalação dessas unidades em centrais geradoras.
- Além disso, a modalidade assegurou um regime especial, com isenção de impostos, na aprovação da medida provisória 1304/2025, de reforma do setor elétrico, no Congresso. O texto aguarda a sanção do presidente Lula (PT).
Resta a dúvida, ainda, se o governo vai cumprir a promessa e contratar nesse primeiro leilão o nível defendido pelo mercado para o desenvolvimento desse mercado no Brasil, de 2 gigawatts.
Neste momento, a grande expectativa gira em torno da contribuição das baterias para combater uma das grandes mazelas das renováveis no país hoje, os cortes de geração (curtailment).
Um estudo da Aurora Energy Research aponta que o curtailment da fonte solar pode diminuir 46% até 2040, se o Brasil optar por contratar 40% da necessidade de capacidade do sistema elétrico na forma de baterias nesse período.
- Nesse cenário, o custo da contratação de reserva de capacidade pode cair 14% e as emissões nessa modalidade de contrato podem ter uma redução de 37%.
- Para tanto, a consultoria ressalta: vão ser necessários sinais de investimento claros para viabilizar as baterias, como o próprio sinal locacional e a revisão das tarifas por uso da rede, de modo a melhor refletir os custos e benefícios das baterias autônomas.
- “As baterias podem transformar fundamentalmente o mercado de energia brasileiro, alterando a dinâmica de despacho, reduzindo a volatilidade de preços e melhorando a flexibilidade do sistema”, diz o gerente de Produto de Pesquisa da Aurora, Matheus Dias.
Renováveis para incrementar o PIB. Divulgado em Belém, relatório da Irena estima que, ao acelerar a transição energética, a América do Sul poderia aumentar o crescimento do PIB em 1,1% ao ano até 2050, em comparação com os planos atuais. Já a oportunidade de criação de empregos é de 12 milhões no setor de energia.
Primeiro dia da COP. No discurso de abertura da COP30, o presidente Lula (PT) criticou os gastos com guerras e voltou a citar a necessidade de um mapa para o fim do uso do petróleo, tema que ele já havia mencionado na semana passada, na cúpula de líderes que antecedeu a conferência.
- O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD), refutou as críticas sobre a alegada contradição entre a exploração de petróleo na Margem Equatorial e a realização da COP30. Ele disse ainda, em conversa com jornalistas em Belém (PA), ser “aplaudido por ambientalistas de bom senso”.
A partir desta segunda (10) a agência eixos terá um encontro diário com informações e análises da COP30, diretamente de Belém. Confira o diálogos da transição COP30 todos os dias às 18h no Youtube da agência eixos. A primeira edição já está no ar!
Clamor por ambição e financiamento. A estratégia brasileira para conseguir avançar com a implementação na COP30 é focar nos consensos. Na agenda da presidência da conferência, aprovada sem ressalvas na segunda (10), algumas questões importantes ficaram de fora, como o desmatamento. Leia na newsletter diálogos da transição.
Créditos de carbono. A Amazônia Legal tem um potencial de US$ 320 bilhões em receitas nos próximos 30 anos com mercados de carbono, sob as regras do marco legal aprovado há cerca de um ano, projeta o relatório Legacy Report da Sustainable Business COP da Sustainable Business COP (SB COP), iniciativa do empresariado que debate o papel das empresas para alcançar as metas climáticas.
Aposentadoria do carvão. O Ibama anunciou o arquivamento em definitivo do processo de licenciamento para a construção da termelétrica Ouro Negro, em Pedras Altas, no Rio Grande do Sul.
- Este era, até então, o último projeto para um empreendimento fóssil de carvão mineral no país em análise pelo órgão.
Combate à pobreza energética. Programas como o Luz para Todos e o Gás do Povo são essenciais, mas o combate à pobreza energética no Brasil passa pela necessidade de mais esforços, seja na criação de novas políticas públicas, seja na integração das iniciativas.
- A avaliação é da superintendente de Estudos Econômicos e Energéticos da EPE, Carla Achão, durante participação no episódio final da temporada 2025 do energy talks.
GNL no Amazonas. A Petrobras e a Amazônica Energy fecharam um contrato de venda de gás natural proveniente do Polo Urucu para comercialização de gás natural liquefeito (GNL) em pequena escala no Amazonas.
- O objetivo é levar gás natural a localidades da região Norte com restrições logísticas de acesso e criar soluções para a ampliação da oferta em áreas remotas da Amazônia brasileira.
Preço do etanol. O biocombustível foi mais competitivo que a gasolina em quatro estados na semana de 2 a 8 de novembro. Na média dos postos pesquisados no país, o etanol tinha paridade de 69,37% ante a gasolina no período, portanto favorável em comparação com o derivado do petróleo, conforme levantamento da ANP.
Preço do barril. O petróleo fechou em alta na segunda-feira (10), apoiado pelo otimismo em torno do avanço das negociações para encerrar o shutdown do governo dos Estados Unidos e pela expectativa de novos relatórios sobre oferta e demanda global.
- O Brent para janeiro avançou 0,68% (US$ 0,43), a US$ 64,06 o barril.
Leilão do pré-sal. A PPSA prorrogou para o dia 14 de novembro o prazo para que as empresas interessadas tenham acesso ao pacote de dados do Leilão de Áreas não Contratadas do pré-sal, previsto para o próximo dia 4 de dezembro, na B3.
O debate do preço de referência. Com a inclusão de dispositivos na MP 1304 para elevar a arrecadação com royalties sobre o petróleo, as refinarias nacionais se mobilizam para evitar o veto do presidente Lula à medida, que busca reduzir uma vantagem na exportação de óleo. Contra elas, pesa a forte oposição da Petrobras junto ao Planalto, para assegurar o veto.
Estado de greve. Os trabalhadores do setor de petróleo rejeitaram, por maioria, a contraproposta apresentada pela Petrobras e suas subsidiárias para o Acordo Coletivo de Trabalho de 2025. Os 14 sindicatos que compõem a Federação Única dos Petroleiros (FUP) aprovaram o estado de greve e assembleia permanente.
Opinião: Brasil vive o dilema de usar a riqueza do petróleo para financiar a própria transformação verde. Mesmo com a resiliência do pré-sal, o país pode desperdiçar a chance de se tornar um líder global em energia limpa se não adotar uma gestão estratégica dessas receitas, escreve o fundador e diretor executivo do Centro de Energia, Finanças e Desenvolvimento (CEFD), Nicolas Lippolis.

