Expansão do portfólio

Bateria e hidrelétricas estão nos planos da TotalEnergies para crescer no Brasil

Empresa francesa também quer seguir expandindo negócios de petróleo e gás, mas não tem intenção de entrar na Margem Equatorial por enquanto

Olivier Bahabanian é diretor geral da TotalEnergies EP Brasil e Country Chair no país
Olivier Bahabanian é diretor geral da TotalEnergies EP Brasil e Country Chair no país

RIO — A TotalEnergies avalia entre as opções para crescimento no Brasil a entrada em ativos de geração hidrelétrica e de baterias, segundo o diretor-geral e country chair para o Brasil, Olivier Bahabanian. 

“São avenidas para a construção da capacidade de entregar energia firme e limpa para os nossos clientes. Então, sim, baterias e hidrelétricas estão nesse caminho de crescimento”, afirma. 

A empresa está olhando ativamente as oportunidades nesses segmentos disponíveis no mercado, ressalta o executivo. 

Hoje, a companhia atua em energias renováveis no Brasil por meio de uma parceria com a Casa dos Ventos, com 34% de participação na empresa de geração. Ao todo, o portfólio renovável no Brasil chega a 10 gigawattts (GW), entre ativos em operação, construção e desenvolvimento, das fontes eólica e solar. 

“O próximo passo é realmente implementar o modelo de negócios de energia totalmente integrado, o que inclui as energias renováveis, mas também de modelos de energia flexíveis”, explica. 

Bahabanian aponta o leilão de baterias previsto pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para 2026 como uma das oportunidades em avaliação. Na visão dele, o armazenamento será importante para resolver o problema dos cortes de geração das energias renováveis, o curtailment

Além disso, o executivo destaca que as baterias podem ser um componente de atração para data centers interessados no potencial de geração renovável do país. 

“O Brasil tem uma enorme oportunidade para atrair data centers e a Casa dos Ventos tem conversas em curso com alguns desses investidores”, diz.

Leilão do pré-sal à vista 

Apesar do interesse em outras fontes de energia no país, a companhia ainda tem planos para expandir a atuação na exploração e produção de petróleo e gás.

O Brasil vem ganhando importância no portfólio global de exploração e produção da empresa francesa. Este ano, será o país que mais vai contribuir para o fluxo de caixa global, com estimativas de cerca de US$ 1,5 bilhão. 

Terceira maior produtora do país, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de agosto de 2025, a TotalEnergies produz mais de 170 mil barris/dia de petróleo e 9,9 milhões de m3/dia de gás natural no Brasil. 

A empresa opera o campo de Lapa e tem participações nas áreas de Mero, Iara, Atapu e Sépia, todos no pré-sal da Bacia de Santos.

Em 2026, Lapa vai ter um aumento na capacidade de produção. O  FPSO Cidade de Caraguatatuba atualmente produz por meio de três poços, mas a intenção é conectar mais três novos poços a partir de 2026, o que vai ampliar a capacidade do campo em 60 mil barris/dia. 

A companhia está investindo ainda em uma série de ações para reduzir as emissões durante o processo de produção. A empresa de energia tem uma meta global de cortar as emissões de metano globais nos processos de produção em 80% até o final da década em relação a 2020. No ano passado, as emissões já haviam caído em 60%.

Além disso, a TotalEnergies tem participações minoritárias em duas novas plataformas operadas pela Petrobras previstas para entrar em operação a partir de 2029, nas áreas de Atapu e Sépia, a P-84 e a P-85. 

Segundo Bahabanian, a companhia optou por ficar de fora do leilão para áreas de exploração e produção no modelo de partilha da ANP da semana passada.

“Olhamos para todas as rodadas. Temos uma mente aberta e fizemos uma análise detalhada de vários dos blocos, incluindo alguns que foram arrematados, mas decidimos não fazer lances”, explica. 

No entanto, ainda avalia participar do leilão das áreas não contratadas no pré-sal, marcado para dezembro. 

“Nossas equipes estão trabalhando. Este será um leilão diferente, pois os outros dois [que a ANP realizou este ano] foram para exploração. Essa rodada será para campos que já estão em produção”, diz

O executivo ressalta que a empresa já faz parte dos consórcios de algumas das áreas que serão leiloadas, Mero e Atapu, ambos operados pela Petrobras. 

“É claro que, como parte do atual consórcio, estamos olhando com muita seriedade”, acrescentou. 

Sem Margem Equatorial, por enquanto 

Ao ser questionado sobre uma eventual entrada na região de nova fronteira no Norte e Nordeste do Brasil, o diretor-geral da TotalEnergies para o Brasil destaca que o país “ainda tem muitas oportunidades nas Bacias de Campos e Santos”. 

“Acreditamos que ainda existem muitas oportunidades e estamos bem ao focar nessas regiões por enquanto”, diz. 

Originalmente, a companhia operava cinco blocos exploratórios na Bacia da Foz do Amazonas (FZA-M-57, FZA-M-86, FZA-M-88, FZA-M-125 e FZA-M-127), mas optou por vender as áreas à Petrobras em 2020, depois de tentativas frustradas de tentar uma licença ambiental para perfurar na região. 

Depois de anos de discussão, a estatal brasileira conseguiu a liberação para iniciar a perfuração na semana passada

“Sempre podemos voltar, mas atualmente, com os dados que temos, estamos felizes com o nosso desenvolvimento no Suriname”, diz Bahabanian, ressaltando que a companhia mantém um portfólio global de investimentos em exploração e desenvolvimento de US$ 1 bilhão por ano. 

A TotalEnergies opera descobertas no Suriname e na Namíbia, regiões que especialistas acreditam terem semelhanças geológicas com a Margem Equatorial brasileira. 

Bahabanian aponta, no entanto, que até o momento não há descobertas comerciais da Guiana Francesa, que fica mais perto do Brasil. Hoje, o território ultramarino é vetado de atividades de exploração e produção de petróleo pelo governo francês. 

“Chegamos a perfurar cinco blocos na Guiana Francesa, mas fizemos uma descoberta muito pequena, que não é comercial”, diz. 

A companhia francesa tem a intenção de iniciar produção no Suriname em 2028, no bloco “GranMorgu”, a partir de uma descoberta de petróleo em águas profundas anunciada em 2024.

*A jornalista visitou o campo de Lapa a convite e com despesas pagas pela TotalEnergies

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