A Petrobras vai elevar em 7% os preços em reais do gás natural entregue às distribuidoras regionais a partir de 1º de agosto. O reajuste é contratual e feito a cada três meses, com base nos preços do petróleo, câmbio e da revisão da parcela do transporte, repassada pela empresa.
Com o aumento anunciado nesta terça (6), o aumento total em seis meses será de 48%, considerando o aumento anterior, de 39%.
“A referência para esses ajustes [de 7%] é a cotação dos meses de abril, maio e junho. Durante esse período, o petróleo teve alta de 13%, seguindo a tendência de alta das commodities globais; e o real teve valorização de cerca de 4% em relação ao dólar, em consequência, o ajuste será de 7% em R$/m³”, informou a empresa.
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O efeito para o consumidor final depende dos reajustes feitos nas áreas de concessão pelas agências reguladoras estaduais.
Ao longo de 2020, os preços do gás natural da Petrobras chegaram a cair 35%, mas vem subindo desde o fim do ano passado, acompanhando a recuperação do Brent e a desvalorização do real.
“A Petrobras esclarece que o preço final do gás natural ao consumidor não é determinado apenas pelo preço de venda da companhia, mas também pelas margens das distribuidoras (e, no caso do GNV, dos postos de revenda) e pelos tributos federais e estaduais”, diz a nota da Petrobras.
O cenário externo também levou a Petrobras a se mover e em só uma tacada elevar os preços do diesel (+3,8%), da gasolina (+6,2%) e do GLP (+5,9%), nesta terça (6).
Os preços do diesel estavam congelados há 66 dias, desde 1º de maio, primeiro reajuste da nova administração de Joaquim Silva e Luna, quando foram reduzidos em 2%.
No acumulado do ano, a gasolina registra aumento de 46%. O diesel já subiu cerca de 40%, enquanto o GLP acumula elevação de 37,9%.
O mercado vê defasagem nos valores cobrados internamente pela Petrobras, mesmo após os reajustes. As ações da companhia fecharam em baixa de 1,3%, mesmo com a alta do petróleo.
E os caminhoneiros reclamam. Ao Estadão, o presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Nestor Dias, afirmou que a alta do diesel pegou a categoria de surpresa e dá força para a greve que o grupo tenta realizar no próximo dia 25 de julho.
Antes da posse de Silva e Luna, Bolsonaro chegou a afirmar que os reajustes da Petrobras são inadmissíveis, citando o aumento de 39% nos contratos de gás natural.
“É inadmissível! Que contratos são esses, que acordos são esses? Foram feitos pensando no Brasil, num período de três meses?”, questionou o presidente, na época.
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Novo Mercado de Gás
Mesmo com as inciativas tomadas desde 2019 para abertura do mercado de gás natural, no Brasil, que culminaram na aprovação da Lei do Gás em linha com o que queria o governo federal, a Petrobras segue sendo praticamente a única fornecedora do combustível às distribuidoras.
O ministro Paulo Guedes vinha prometendo, inclusive, os preços do gás natural poderiam cair 40%.
Depois atribui os aumentos à demora na aprovação da nova Lei do Gás, promulgada este ano.
Os contratos atuais da Petrobras, indexados ao Brent e dólar, foram batizados de Novo Mercado de Gás e começaram a ser assinados a partir de janeiro de 2020.
De olho numa possível competição futura, contudo, a companhia anunciou, em maio, que oferecer novos contratos de venda de gás natural às distribuidoras, agora indexados aos preços do Henry Hub, utilizado como referência no mercado dos EUA.
“A nova fórmula ainda será negociada com clientes, e não necessariamente implicará impactos materiais nos preços. Além disso, não haverá mudanças na parcela de transporte do preço do gás”, informou a empresa na época.
Diz também que a mudança faz parte da estratégia de negociar opções de mais longo prazo e menor flexibilidade, com a contrapartida da redução dos preços do gás. Serão ofertados prazos de 6 meses e de 1 a 4 anos.
Ainda segundo a Petrobras, o novo modelo é estudado desde 2020 e atendem às seguintes premissas:
- Criar uma “alternativa de precificação com menor volatilidade”;
- Oferecer uma alternativa aos contratos não-termelétricos que vencem a partir de 2022;
- A indexação ao Henry Hub já é utilizada em chamadas públicas abertas por distribuidoras de gás;
- A perspectiva de aumento da concorrência leva a Petrobras a buscar a oferta de “produtos e soluções com maior competividade, com o objetivo de maximizar os resultados da companhia”.
O Henry Hub é a principal eixo físico de negociação de gás nos EUA, conectando clientes e supridores do Golfo do México. A alta liquidez das operações tornou o hub uma referência para o mercado doméstico e para contratos internacionais de GNL exportado do país.
A nova indexação dos contratos da Petrobras foi tema de um dos painéis da edição de 2021 da gas week, evento promovido pela agência epbr.
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