diálogos da transição 2025

Flexibilização do mandato do biometano foi um 'ajuste de rota' prudente, diz Petrobras

Para Álvaro Tupiassu, redução da meta de biometano foi um ajuste necessário diante da maturidade dos projetos, sem mudança na estratégia de longo prazo da estatal

O mandato inicial do biometano proposto pelo governo — abaixo da meta prevista na lei do Combustível do Futuro — foi um “prudencial ajuste de rota”, disse nesta sexta-feira (24/10) o gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, Alvaro Tupiassu.

Ao participar do diálogos da transição 2025, evento promovido pelo estúdio eixos em parceria estratégica com a Firjan, Tupiassu destacou, no entanto, que a flexibilização não muda os planos da empresa para o setor a longo prazo. Assista na íntegra acima!

“Vimos como um ajuste da trajetória para considerar o fato de que existe uma maturidade de projetos que talvez leve algum tempo a mais, não muito tempo, mas algum tempo a mais para se desenvolverem. Então vimos como trajetória ajustada, com um início mais devagar e que depois tende a se encostar onde esperava: no 1% inicial”.

  • Originalmente, a política previa uma meta de redução de emissões de 1% de biometano, percentual que ficou estabelecido em 0,25%
  • Isso corresponde a 238 mil m³/dia de biometano

Segundo Tupiassu, a meta reconhece também os impactos da política sobre o preço do gás natural.

Mas não muda os planos da companhia para o longo prazo. A Petrobras tem sinalizado a intenção de entrar na produção de biometano e conduz neste momento, em paralelo, uma concorrência no mercado para aquisição do gás renovável, de olho no cumprimento do mandato.

“[A nova meta] Dá um pouco de respiro, mas a visão de longo prazo pouco muda”.

Market share em queda

Tupiassu comentou também sobre o aumento da concorrência no setor de gás natural.

A participação da Petrobras no mercado brasileiro de gás atingiu, no terceiro trimestre, cerca de 62% do volume firme movimentado, segundo ele.

Tupiassu destacou que a redução do market share reflete, em parte, os compromissos assumidos pela companhia com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em 2019. E tem impactos direto também sobre a competitividade do preço do gás.

“Então, assim, nós vemos esse movimento muito claro: um aumento de oferta e competição, esses dois fatos juntos, gerando ofertas de gás cada vez mais competitivas, que tendem, na nossa visão, a trazer, ao longo do tempo, demandas novas”, disse.

Principais pontos tratados pelo gerente da Petrobras

  • Ampliação da oferta de gás natural como eixo central do plano de negócios da Petrobras.
  • Importância histórica do gás na substituição do óleo combustível e na redução de emissões nas últimas três décadas.
  • Entrada da Rota 3 consolidando o aumento do fluxo e da produção nacional de gás.
  • Novos projetos em andamento, como Raia (Equinor) e Sergipe Águas Profundas (SEAP), reforçando a expansão da oferta.
  • Meta de elevar a produção dos atuais 40 milhões para cerca de 60 milhões de m³/dia, compensando o declínio de campos antigos.
  • Participação de mercado da Petrobras estabilizada em torno de 62% no segmento firme, alinhada ao seu equity em produção.
  • Defesa da estabilidade regulatória como condição essencial para atrair investimentos e garantir previsibilidade.
  • Importância do esforço exploratório contínuo para repor reservas e sustentar o crescimento da oferta.
  • Papel estratégico do gás na geração elétrica, com destaque para as térmicas de partida rápida no novo leilão de reserva de capacidade.
  • Reconhecimento da necessidade de ampliar a potência instalada diante do aumento da demanda nos horários de pico e da redução da geração solar.

Inscreva-se em nossas newsletters

Fique bem-informado sobre energia todos os dias