NESTA EDIÇÃO. Oferta permanente de partilha tem cinco áreas arrematadas e marca estreia da aposta das junior oils como operadoras no pré-sal.
O fim da marca Eletrobras.
EUA sondaram estados brasileiros por terras raras antes do tarifaço.
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Leilão confirma pré-sal mais diversificado e ANP dá recado de continuidade da oferta
Em uma semana marcada pela aposta no reforço da exploração de petróleo no Brasil a longo prazo, o leilão de partilha da ANP de quarta-feira (22/10) marcou a diversificação de empresas na região, com a estreia das petroleiras independentes apostando no pré-sal. Confira todos os resultados.
- Das três junior oils inscritas no 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha, a Karoon levou uma área, o bloco de Esmeralda no sul da Bacia de Santos.
- A Prio também concorreu pelo bloco de Citrino, na Bacia de Campos, mas acabou perdendo a disputa para a Petrobras.
- A Brava já havia indicado que não iria participar.
- É, assim, uma nova etapa de atuação para essas empresas, que até então cresceram apoiadas na compra de áreas maduras e passam agora a apostar em ativos com risco exploratório.
Além das independentes, o leilão também marcou a estreia de uma estatal chinesa como operadora no pré-sal, com o consórcio “puro sangue” entre a Sinopec e a CNOOC na área de Ametista.
- Até então, as estatais chinesas atuavam sobretudo como sócias minoritárias das majors nessa região.
Mais uma vez, a Petrobras foi o grande destaque da oferta, com duas áreas arrematadas, incluindo o bloco de Jaspe, na Bacia de Campos, considerado o mais promissor entre os sete ofertados.
- Do lado das majors, a única participação foi da Equinor, que entrou como sócia da Petrobras em Jaspe, mas também levou como operadora o bloco de Itaimbezinho. A norueguesa aposta na sinergia com o atual portfólio da petroleira no país, disse em entrevista à agência eixos o vice-presidente de Subsuperfícies, Lars Jetlund Hansen.
- A Shell afirmou que a decisão por ficar de fora da oferta decorreu da estratégia de alocação de capital e da avaliação estratégica das oportunidades disponíveis.
Apesar da ausência da maior parte das grandes petroleiras, o certame foi considerado um sucesso, sobretudo em um contexto de queda nos preços do barril de petróleo e de sobreoferta no mercado no curto prazo, além da menor atratividade do modelo de partilha da produção.
- O alto ágio nas ofertas foi um destaque, com o percentual em Citrino chegando a 251,63%.
- O diretor-geral da ANP, Artur Watt, destacou ainda os impactos positivos da entrada de novos operadores para a geração de demanda por bens e serviços no país.
É mais uma aposta na reposição das reservas de petróleo e gás no Brasil no longo prazo, que também ganhou um reforço esta semana com a liberação do Ibama para a Petrobras perfurar na Bacia da Foz do Amazonas e expandir a fronteira exploratória.
- “Repor reservas é um dever fundamental em termos de segurança energética”, disse a diretora da ANP, Symone Araujo, em coletiva de imprensa.
E a ANP deu o recado de que o movimento em direção à reposição de reservas vai continuar: a agência prepara para a próxima semana a apresentação técnica de mais 16 áreas para inclusão na oferta permanente de partilha.
- Com isso, devem ficar disponíveis ao mercado até 26 novas áreas na partilha para manifestação de interesse pelas empresas.
- Além disso, a agência trabalha para publicar ainda este ano o edital da próxima rodada da oferta permanente de concessão, que deve ter foco sobretudo em áreas terrestres.
Extensão da sonda da Foz. A Petrobras estendeu o contrato com a Foresea dos navios sonda ODN II e Norbe IX. O contrato da sonda ODN II, que opera no bloco FZA-M-59, na bacia Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira, foi prorrogado até março de 2026, com opção de extensão até junho.
Alta do barril. O petróleo fechou em alta na quarta (22/10), com os contratos impulsionados pela queda de estoques e pelos planos do Departamento de Energia dos EUA de repor parcialmente sua reserva estratégica de petróleo. Também contribuíram para a alta as notícias de redução de compras da Índia pela commodity russa.
- O Brent avançou 2,07% (US$ 1,27), a US$ 62,59 o barril.
Fim da Eletrobras. A antiga estatal anunciou que passará a se chamarAxia Energia. Segundo a empresa, privatizada em junho de 2022, no governo de Jair Bolsonaro, o processo de reposicionamento de identidade começou há um ano e representa uma evolução da governança, foco no cliente, transformação tecnológica e aceleração da transição energética.
Acordo com a União. O ministro do STF Nunes Marques marcou a análise da homologação do acordo entre União e Eletrobras que faz parte da ação que discute a limitação do poder de voto do governo na empresa. O julgamento será realizado no plenário virtual entre 31 de outubro e 10 de novembro.
- O acordo foi assinado em março e dá à União o direito a três das 10 vagas no conselho de administração da Eletrobras. Por outro lado, a Eletrobras deixa de ter a obrigação de aportar recursos para a construção da usina nuclear de Angra 3.
Compensação ao consumidor sem luz. As distribuidoras terão o prazo máximo de 180 dias para ajustar os sistemas para a devida apuração do indicador chamado de Duração da Interrupção Individual em Situação de Emergência (Dise).
- É esse dispositivo que permitirá a compensação por interrupções no serviço de energia após eventos climáticos extremos.
Tarifas de gás. A revisão tarifária das transportadoras de gás natural deve ser encarada como a absoluta prioridade da agenda da ANP este ano, na visão da Eneva. A definição (e redução) das tarifas é essencial, para não prejudicar o Leilão de Reserva de Capacidade de 2026, segundo o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios, Marcelo Lopes, em entrevista ao videocast gas week.
PEC das Agências. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o relatório de admissibilidade da proposta que dá mais poderes aos deputados sobre as decisões das agências reguladoras. A PEC 42/2024 passou com 33 votos favoráveis e 13 contra, e segue para o Plenário.
- Agentes regulados temem que o crivo das comissões levará, contudo, a mais ingerência e palco para barganhas sobre as decisões, que inevitavelmente beneficiam grupos econômicos em disputas no mercado.
Contra o crime organizado. O projeto do Ministério da Justiça batizado de “Antifacção” contempla mecanismos para combater organizações criminosas que atuam por meio de empresas. A proposta que será encaminhada à Casa Civil, estabelece que, diante de indícios de que uma empresa esteja sendo instrumentada por uma organização criminosa, um gestor externo poderá ser nomeado pela Justiça.
- O cerco aos braços empresariais do crime organizado foi reforçado após a Operação Carbono Oculto, que revelou a inserção do PCC em diferentes elos do setor de combustíveis, chegando à Faria Lima.
Regulamentação do hidrogênio. O decreto que regulamentará as leis do hidrogênio no Brasil está pronto e depende agora do aval da Casa Civil, segundo representantes dos ministérios de Minas e Energia (MME) e Fazenda. O texto é aguardado pelo mercado para decisões finais de investimentos na produção industrial do gás de transição energética no Brasil.
- O governo também planeja lançar “nos próximos dias” uma tomada de subsídios sobre o leilão do PHBC.
Projetos avançam. A Aneel aprovou quatro projetos-pilotos com recursos do PDI, somando R$ 196,2 milhões. O escopo foi reduzido: no início da discussão em 2024, eram 13 projetos, com a perspectiva de R$ 1,49 bilhão de investimentos para aplicação em segmentos industriais como siderurgia, fertilizantes, alimentos, mobilidade e petroquímica.
EUA de olho nos minérios brasileiros. Representantes do governo dos Estados Unidos vêm sondando governos estaduais em busca de oportunidades no setor de terras raras e minerais críticos, especialmente em Goiás, Minas Gerais e Bahia, segundo apuração da agência eixos.
- As tratativas começaram, pelo menos, desde abril — antes do tarifaço de 50% imposto pela Casa Branca sobre produtos brasileiros.
Navios verdes. Na semana passada, cedendo à pressão dos EUA e outros grandes produtores de petróleo, os Estados-membros da Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês) decidiram adiar em um ano a votação na sobre a adoção do mecanismo net zero para o setor.
- Mas, mesmo diante dos ventos contrários no ambiente internacional, o Brasil deve avançar com a definição de políticas para incentivar combustíveis sustentáveis na navegação. Leia na diálogos da transição.