RIO — Os empregados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) decidiram intensificar o movimento grevista após rejeitarem, por unanimidade, a última proposta apresentada pela direção da estatal para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2025-2026.
Em assembleia realizada na sexta (17/10), os trabalhadores aprovaram um novo calendário de paralisações escalonadas, que poderá resultar em greve por tempo indeterminado a partir de 17 de novembro.
A decisão mantém o estado de greve e assembleia permanente, com a seguinte programação de paralisações:
- 21 a 23/10: 72 horas
- 28 a 31/10: 96 horas
- 04 a 07/11: 96 horas
- 10 a 14/11: 120 horas
- A partir de 17/11: greve por tempo indeterminado
O documento ressalta que o calendário poderá ser ajustado conforme o andamento das negociações.
“Encaminharemos nova proposta de acordo na próxima semana e continuamos aguardando que a EPE apresente contrapropostas, tanto econômicas quanto sociais, que contemplem as justas reivindicações dos trabalhadores”, afirma a carta enviada pelos funcionários da EPE ao presidente da EPE, Thiago Prado.
Reivindicações e contexto da greve
Os empregados da EPE, representados pelos sindicatos Senge-RJ, Sintergia-RJ, Sinaerj e Sindecon-RJ, estão em estado de greve desde o dia 7 de outubro, em protesto contra reajustes salariais abaixo da inflação.
Desde então, realizaram uma paralisação de 48 horas e uma de 72 horas.
Segundo os servidores, os salários acumulam uma perda real de 22,7% desde maio de 2014, enquanto outras estatais e órgãos públicos obtiveram aumentos superiores à inflação no mesmo período.
“A EPE é um patrimônio técnico do Brasil. Valorizar seus profissionais é garantir que o país continue liderando com responsabilidade e competência os debates sobre energia e clima”, afirmam os trabalhadores em nota.
Negociações e mobilizações recentes
Na semana passada, os empregados realizaram um ato em frente ao CENPES/Petrobras, durante um evento sobre o papel das estatais nas ações climáticas.
O evento contava com a presença da ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, e do próprio presidente da EPE, Thiago Prado. Na ocasião, os representantes da categoria entregaram diretamente à ministra a pauta de reivindicações.
Proposta da EPE
No dia seguinte (16/10), ocorreu uma reunião extraordinária entre a diretoria da EPE, sindicatos e a comissão de empregados. A empresa apresentou uma proposta completa de ACT, com cláusulas econômicas e sociais e duas alternativas de vigência, uma anual e outra bienal.
Ainda assim, a oferta foi considerada insuficiente pelos trabalhadores.
A proposta de reajuste salarial apresentada pela direção da EPE aos sindicatos previa um aumento de 4,26% nos salários e benefícios, o que equivale a 80% do INPC acumulado, e 6,99% na assistência médica e odontológica, além da criação de um novo auxílio mensal de R$ 678,00 para apoio a empregados com pessoas com deficiência na família.
Também estava previsto reajuste de 4,26% no auxílio-creche, que passaria para R$ 1.474,41 por mês.
No ofício encaminhado aos sindicatos, a direção da EPE argumentou que a proposta buscava equilibrar os interesses dos empregados com a limitação fiscal da União, que impacta diretamente as empresas públicas dependentes do Tesouro Nacional, como é o caso da EPE.
A empresa citou as “recentes restrições orçamentárias enfrentadas em 2025”, agravadas no último mês “em decorrência da alteração do escopo e vigência de Medidas Provisórias que afetam a arrecadação do Governo Federal”.
A EPE também apresentou uma alternativa de acordo bienal, válido até 2027, que manteria os índices propostos para 2025 e aplicaria reajuste integral do INPC em 2026.
A proposta previa ainda retroatividade dos reajustes à data-base e condicionava sua validade à assinatura do acordo até 31 de outubro de 2025.
A direção da empresa informou que o pacote deveria ser avaliado em conjunto com o novo Plano de Cargos e Salários (PCS), que será submetido à consulta interna em 20 de outubro, e mencionou a manutenção da norma atual de teletrabalho, atualmente em revisão.