diálogos da transição

Senai testa rotas industriais para hidrogênio verde em Suape

Senai Park, no Porto de Suape, estuda rotas para viabilizar hidrogênio verde na indústria brasileira

Eletrolisador de 100 kW instalado no Senai Park, em Ipojuca (PE), tem capacidade de produção de 30 kg de hidrogênio por dia (Foto: Sistema Fiepe)
Eletrolisador de 100 kW instalado no Senai Park, em Ipojuca (PE), tem capacidade de produção de 30 kg de hidrogênio por dia (Foto: Sistema Fiepe)

NESTA EDIÇÃO. Senai-PE inaugura na próxima semana um parque tecnológico no Porto de Suape, para estudar aplicações do hidrogênio verde.

A intenção é fechar a conta da viabilidade econômica e identificar os usos que fazem sentido para a indústria nacional.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Enviada por e-mail na sexta (17/10/2025)

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco (Senai-PE) inaugura na segunda (20) um parque de inovação no Complexo Industrial Portuário de Suape para testar diferentes rotas de aplicação de hidrogênio verde na indústria.
 
Instalado em uma área de 1,4 hectares ao lado da sede administrativa do complexo de Suape, em Ipojuca, o Senai Park vai comportar plantas-piloto e estudar uso de sistemas de baterias (BEES, em inglês) para armazenar energia renovável e garantir estabilidade na alimentação de eletrolisadores, por exemplo.
 
Também estão previstos projetos para transporte de hidrogênio em cilindros, abastecimento de veículos com células a combustível e produção de metanol, combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) e amônia para fertilizantes.
 
Escopo que pode ser ampliado, a depender da demanda da indústria.
  
A estrutura busca respostas para uma equação que tem embaralhado as projeções para a transição global.
 
Setores difíceis de descarbonizar estão sofrendo com os ventos contrários da economia e a falta de cooperação global, mostra um relatório recente da DNV. Nos últimos três anos, a previsão da consultoria para a participação do hidrogênio na matriz energética de 2050 caiu de 4,8% para 3,5%.
 
“As grandes questões são a viabilidade de produção e como utilizar esse hidrogênio, se vai para a indústria ou se vai ser exportado”, observa a diretora regional do Senai-PE, Camila Barreto.
 
“Nossa planta no Senai Park vai testar a viabilidade econômica financeira para a produção de hidrogênio verde e, também, testar a utilização dentro da indústria e no abastecimento de veículos com células de combustível para encontrar o melhor uso desse vetor energético”, disse à agência eixos nesta sexta (17/10).
 
Dois grandes projetos já estão em execução, reunindo 15 empresas. Um deles desenvolve um protótipo nacional de bateria de lítio de baixa tensão (12V/48V) para veículos híbridos, com participação da Moura, Stellantis, Volkswagen, Iochpe Maxion e Horse. 
 
O outro foca na digitalização da cadeia de produção do hidrogênio sustentável, com Neuman & Esser, Siemens, White Martins, Hytron, Compesa e CTG Brasil. 
 
Juntas, as iniciativas já somam investimentos de R$ 100 milhões, com outros R$ 200 milhões em processo de captação.



No final de setembro, o Governo de Pernambuco formalizou um protocolo de intenções com  o Governo Federal para a instalação de uma Zona de Processamento de Exportação de Pernambuco (ZPE) no complexo industrial.

Suape quer atrair investimentos na formação de um cluster verde, e o metanol tende a ser o combustível de partida.

“Queremos montar um cluster. Protocolamos no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) o projeto de uma ZPE que casa muito bem com a ideia desse cluster de energia”, disse a jornalistas nesta sexta o diretor-presidente do Porto de Suape, Armando Monteiro Bisneto.

“Já temos duas empresas âncoras, a European Energy e a GoVerde, cada uma planejando [investir] R$ 2 bilhões, com contratos homologados”, conta.

Ambos os projetos são para produção de e-metanol. A European Energy foi a primeira a obter licença ambiental para produção do combustível marítimo derivado de hidrogênio verde no Brasil.

Segundo Monteiro, a expectativa é anunciar plantas de SAF em breve, para completar o cluster de combustíveis de baixo carbono.

*A jornalista viajou a Ipojuca (PE) a convite e com despesas pagas pelo Senai-PE.



Combustível do Futuro. O MME atendeu ao pedido da indústria consumidora e produtora de gás natural e reduziu para 0,25% a meta de biometano para o primeiro ano do mandato, em 2026. O percentual corresponde ao volume de 238,5 mil m³/dia de biometano.

  • Originalmente, a meta estabelecida no decreto que regulamenta a política de biometano, criada pela Lei do Combustível do Futuro, era de 1%. O setor, porém, teme o aumento de custos.

Biocombustíveis de resíduos. MME e MMA também abriram, nesta sexta-feira (17/10), consulta pública sobre a proporção mínima de 1% de óleos e gorduras residuais (OGRs) na produção de biodiesel, combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel verde. A proposta é começar com 1% voluntário nos anos de 2026 e 2027, passando a ser obrigatório a partir de 2028.

PIB do biodiesel aumenta. O Produto Interno Bruto da cadeia da soja e do biodiesel deve crescer 11,29% este ano, segundo estudo Cepea/Esalq/USP, em parceria com a Abiove. Levantamento aponta que a produção recorde de 170,3 milhões de toneladas de soja na safra 2024/25 e o aumento do processamento industrial sustentam a expansão. 

Cadeia de carbono. A Receita Federal e o Instituto Combustível Legal (ICL) assinaram um acordo de cooperação para que empresas possam receber cargas de petróleo e derivados retidos ou apreendidos pelo órgão. Acordo prevê termos para destinação e eventual devolução.

Minerais para transição. O governo brasileiro está dando sinais de avanço na definição da estratégia para lidar com minerais críticos, matérias-primas cruciais para a transição energética. Na quinta (16/10), ocorreu a reunião inaugural do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM). 

  • Por enquanto, foram criados quatro grupos de trabalho para avaliar o tema, que vão tratar de questões como fiscalização, políticas ambientais e o beneficiamento e a industrialização nacional. 

Baterias no sistema. O senador Eduardo Braga (MDB/AM), relator da MP 1304, afirmou que “não dá para fazer leilão de bateria e colocar a conta para o consumidor pagar”. O parlamentar classificou como “inadmissível” criar quaisquer subsídios adicionais no setor elétrico e defendeu que custos devem ser compartilhados entre os agentes.

Do debate à ação: como o biodiesel pode consolidar o protagonismo do Brasil na transição energética Seja no transporte rodoviário, no setor marítimo ou na geração elétrica, o biodiesel tem condições de situar o país no centro da transição energética global, escreve André Lavor
 
Transporte coletivo urbano e biometano: chegou a hora da virada sustentável A incorporação do biometano na frota de ônibus municipais representa não apenas um ganho ambiental, mas uma medida concreta com benefícios diretos para a sociedade, escrevem Paulo Campos Fernandes e João Pedro Riff Goulart
 
Os desafios para o avanço da mobilidade elétrica pública no Brasil Mobilidade pública elétrica é uma urgência urbana e climática, mas exigirá coordenação institucional, visão de longo prazo e coragem para vencer resistências, escreve Victor Ribeiro
 
Transformando promessas em impactos: a força das certificações sustentáveis Não basta se declarar “sustentável” ou “responsável”: investidores, reguladores e a sociedade querem ver resultados de verdade, escreve Gustavo Venda
 
Redata: oportunidade tributária e estratégica para investidores de infraestrutura digital no Brasil Regulamentação a ser editada pelo Poder Executivo será decisiva para garantir a segurança jurídica esperada pelo investidor, escrevem Haroldo Domingos Bertoni Filho e Maria Clara Nunes Pereira
 
Investimentos em gás natural exigem regras mais claras e previsíveis Brasil deve garantir, regulatoriamente, maior prudência e eficiência na aprovação de investimentos de transporte e distribuição de gás, escrevem Adrianno Lorenzon Juliana Rodrigues

Newsletter diálogos da transição

Inscreva-se e fique por dentro de tudo sobre Transição Energética