Energia nuclear

Âmbar assina contrato para comprar participação da Eletrobras na Eletronuclear

Negócio de R$ 535 milhões marca entrada do grupo J&F na geração de energia nuclear, mas ainda precisa de aprovação de órgãos reguladores

Vista geral das Usinas de Angra 1 e Angra 2 na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Rei, no Rio de Janeiro (Foto Tomaz Silva/Agência Brasil)
Angra 1 e Angra 2 na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Rei, no litoral fluminense (Foto Tomaz Silva/Agência Brasil)

BRASÍLIA – A Âmbar Energia, do grupo J&F, assinou nesta terça-feira (14/10) um contrato para adquirir a totalidade da participação detida pela Eletrobras na Eletronuclear, empresa responsável pelo Complexo Nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A operação, de R$ 535 milhões, marca a entrada da Âmbar na geração de energia nuclear.

O negócio, sujeito à aprovação dos órgãos reguladores, vai se unir ao portfólio de geração de energia da Âmbar, que atualmente conta com 50 unidades, considerando negócios em fase de fechamento: solares, hidrelétricas, a biodiesel, a biomassa, a biogás, a gás natural, entre outras.

“A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões, características fundamentais em um momento de descarbonização e de crescente demanda por eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e pela digitalização da economia”, afirma Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia.

A Eletronuclear opera as usinas Angra 1, com potência instalada de 640 megawatts (MW), Angra 2, com 1.350 MW, e o projeto em desenvolvimento de Angra 3, de 1.405 MW. Somadas, as três unidades podem gerar até 3.400 MW, o suficiente para abastecer uma população de mais de 10 milhões.

As duas usinas em operação possuem contratos de longo prazo, o que garante receitas previsíveis. Angra 1 está contratada até 2044 e Angra 2 tem contrato até 2040.

“A participação na Eletronuclear nos assegura fluxo estável de receitas, com energia gerada próxima aos maiores centros de consumo do país”, diz Zanatta. Em 2024, a Eletronuclear registrou receita líquida de R$ 4,7 bilhões e lucro líquido de R$ 545 milhões.

Pelo contrato, a Âmbar passará a deter a participação de 68% do capital total e de 35,3% do capital votante da Eletronuclear antes detida pela Eletrobras.

A União, que não faz parte da transação, continuará controlando a Eletronuclear por meio da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), que detém 64,7% do capital votante e cerca de 32% do capital total.

“Com esta aquisição, consolidamos o portfólio mais diversificado do setor elétrico brasileiro, combinando diferentes fontes para garantir segurança energética, sustentabilidade e competitividade”, afirma Zanatta.

Atualização dos estudos e Angra 3

Resolução aprovada na última reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabelece a atualização dos estudos de Angra 3, que deverão considerar, entre os cenários possíveis, o acordo firmado entre a União e a Eletrobras, que está em fase de homologação pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Também deverá conter análise da conclusão do empreendimento com outro sócio provado e com recursos exclusivamente públicos, além do detalhamento do custo de abandono do projeto, com avaliação dos impactos.

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