diálogos da transição

Mineração quer descarbonizar, mas precisa de um empurrão

Setor mineral indica que é possível 90% de corte de emissões até 2050, mas precisa de apoio regulatório

Mineradoras querem lei que desonera minerais críticos e estratégicos (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Faturamento do setor mineral entre janeiro e junho de 2024 foi de R$ 129,5 bilhões (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

NESTA EDIÇÃO. Plano da Coalizão de Minerais Essenciais mostra caminho para cortar emissões, mas cobra avanço regulatório.
 
Documento entregue à COP30 aponta como chegar a 90% de redução de emissões até 2050.


Enviada por email na sexta, 10/10/2025

O setor mineral brasileiro apresentou na quinta (9/10) um plano para reduzir 90% das suas emissões até 2050, ao mesmo tempo em que ajuda o mundo em sua missão de triplicar renováveis e expandir a frota elétrica.
 
Uma combinação de eficiência energética, biocombustíveis, eletrificação e outras alternativas renováveis, além de recuperação de áreas degradadas para neutralizar emissões residuais compõem a fórmula para mitigar o impacto de um setor que emitiu cerca de 13 milhões de toneladas de CO2 em 2024.
 
É um indicativo do que é possível fazer, mas tem um preço: políticas que viabilizem investimentos na descarbonização.
 
Precificação de carbono, taxonomias sustentáveis e compradores dispostos a pagar pelo atributo verde são alguns dos pré-requisitos para esse plano dar certo.
 
Além de reduzir as emissões próprias, o setor pode ter um impacto significativo em outras cadeias, inclusive globais, mostra o documento que foi entregue pela Coalizão Minerais Essenciais à presidência da COP30.
 
minério de ferro é uma delas. O grupo indica que as reduções podem chegar a 110 milhões de toneladas de CO2 em 2050 por meio da produção de insumos para o aço de baixo carbono.



No discurso, o governo brasileiro tem dado bastante atenção aos minerais críticos para a transição energética, reconhecendo neles uma questão de soberania e alavanca para desenvolver uma cadeia industrial no país.
 
Na prática, as ações parecem desconectadas.
 
Há mais de dois anos, o Ministério de Minas e Energia promete a publicação da Política Nacional de Minerais Críticos. Cansado de esperar, o setor tem mobilizado no Congresso Nacional para aprovação do PL 2780/2024, também criando uma política para incentivar essa cadeia.
 
No documento lançado ontem, a coalizão calcula que o Brasil pode dobrar a produção de cobre, níquel, bauxita, lítio, terras raras, entre outros minerais essenciais à produção de baterias e equipamentos de energia renovável até 2050.
 
E contribuir com a redução da emissão de 300 milhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano em 2050.


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