NESTA EDIÇÃO. Plano da Coalizão de Minerais Essenciais mostra caminho para cortar emissões, mas cobra avanço regulatório.
Documento entregue à COP30 aponta como chegar a 90% de redução de emissões até 2050.
Enviada por email na sexta, 10/10/2025
O setor mineral brasileiro apresentou na quinta (9/10) um plano para reduzir 90% das suas emissões até 2050, ao mesmo tempo em que ajuda o mundo em sua missão de triplicar renováveis e expandir a frota elétrica.
Uma combinação de eficiência energética, biocombustíveis, eletrificação e outras alternativas renováveis, além de recuperação de áreas degradadas para neutralizar emissões residuais compõem a fórmula para mitigar o impacto de um setor que emitiu cerca de 13 milhões de toneladas de CO2 em 2024.
É um indicativo do que é possível fazer, mas tem um preço: políticas que viabilizem investimentos na descarbonização.
Precificação de carbono, taxonomias sustentáveis e compradores dispostos a pagar pelo atributo verde são alguns dos pré-requisitos para esse plano dar certo.
Além de reduzir as emissões próprias, o setor pode ter um impacto significativo em outras cadeias, inclusive globais, mostra o documento que foi entregue pela Coalizão Minerais Essenciais à presidência da COP30.
O minério de ferro é uma delas. O grupo indica que as reduções podem chegar a 110 milhões de toneladas de CO2 em 2050 por meio da produção de insumos para o aço de baixo carbono.
Minerais para transição no limbo
No discurso, o governo brasileiro tem dado bastante atenção aos minerais críticos para a transição energética, reconhecendo neles uma questão de soberania e alavanca para desenvolver uma cadeia industrial no país.
Na prática, as ações parecem desconectadas.
Há mais de dois anos, o Ministério de Minas e Energia promete a publicação da Política Nacional de Minerais Críticos. Cansado de esperar, o setor tem mobilizado no Congresso Nacional para aprovação do PL 2780/2024, também criando uma política para incentivar essa cadeia.
No documento lançado ontem, a coalizão calcula que o Brasil pode dobrar a produção de cobre, níquel, bauxita, lítio, terras raras, entre outros minerais essenciais à produção de baterias e equipamentos de energia renovável até 2050.
E contribuir com a redução da emissão de 300 milhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano em 2050.
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