RIO — A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a retomada das encomendas a estaleiros brasileiros estão sendo viabilizadas por políticas públicas para a indústria naval, como o mecanismo de depreciação acelerada e o Fundo da Marinha Mercante (FMM).
“É esse tipo de política pública que permite que esses navios sejam feitos no Brasil e não em outros países do mundo”, afirmou em evento com o presidente Lula (PT) no estaleiro Enseada, em Maragogipe (BA), para anunciar investimentos no estado na quinta-feira (9/10). Assista ao evento na íntegra no canal da agência eixos.
Lula afirmou que voltou à presidência da República para dizer que “é preciso retomar a indústria naval brasileira” e que a Petrobras “é mais do que uma empresa de petróleo, é uma empresa de energia”.
“Estou convencido de que a Petrobras ainda não deu tudo o que tinha que dar ao povo brasileiro”, afirmou.
A estatal anunciou a contratação do estaleiro baiano para a construção de seis barcos de apoio, do tipo PSV, em parceria com a CMM Offshore.
A encomenda faz parte das 48 embarcações de apoio que a estatal prometeu contratar até o final de 2026. Segundo Chambriard, 44 unidades já estão contratadas ou em contratação e as últimas quatro serão anunciadas até o final deste ano.
A executiva também destacou que a Transpetro aprovou na semana passada a abertura de uma licitação para 20 navios empurradores, com investimentos estimados em R$ 800 milhões.
“Nós estimamos que a maior parte dessas barcaças venha a ser construída aqui na Bahia nesse estaleiro”, afirmou em referência ao Enseada, que pertence à Novonor (ex-Odebrect).
A Petrobras assinou, ainda, um protocolo de intenções com o governo da Bahia para levar plataformas a serem descomissionadas para o canteiro de São Roque do Paraguaçu.
Chambriard destacou que as plataformas serão “em princípio, descomissionadas parcialmente”.
“O que esperamos de vocês é que estejam preparados para que esse descomissionamento parcial se transforme em uma nova plataforma a ser produzida aqui na Bahia”, disse.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), destacou que para ter direito ao benefício da depreciação acelerada, as empresas precisam cumprir exigências de conteúdo local.
“Isso representa garantia para que nosso aço, nossa engenharia é nossa mão de obra seja valorizada”, disse.
Os anúncios na Bahia incluíram ainda a retomada das operações na fábrica de fertilizantes (fafen). Os serviços de operação e manutenção para o início das atividades foram contratados em setembro.
Segundo Chambriard, a retomada das fafens da Bahia e de Sergipe e da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), no Mato Grosso do Sul, vai permitir à companhia produzir 35% de todo o fertilizante consumido pelo Brasil.