Hoje tenho orgulho de dizer que o biodiesel é um patrimônio nacional. Na última década, um dos principais resultados que conquistamos foi o crescimento do mercado. Quando fundamos a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO), há exatos 10 anos, tínhamos 5% (B5) de mistura mínima ao diesel.
Transcorridos todos esses anos, triplicamos esse mercado com um marco regulatório aprovado que estabelece 15% de mistura em 2023. Esses números se traduzem em um ar melhor para as nossas cidades e em mais emprego e desenvolvimento no campo.
Apesar de 2020 ter sido certamente muito desafiador para o setor de biodiesel, as usinas que formam o setor, com muito esforço, garantiram a manutenção da posição do Brasil como um dos principais produtores e consumidores de biodiesel do mundo.
Mesmo considerando as condições da pandemia, o país encerrou o ano como o terceiro maior produtor de biodiesel do mundo.
Nossa contribuição vai muito além do comprovado ganho ambiental na direção da redução dos gases de efeito estufa e do cumprimento das metas do Acordo de Paris.
Hoje nosso setor é uma potência econômica, elo de uma importante cadeia, que começa na plantação dos grãos, envolve a oferta de farelo e impacta positivamente a produção de proteínas, contribuindo para redução dos preços de carnes, ovos e produtos lácteos, gerando emprego, investimento e divisas para o país.
Fazemos parte do desenvolvimento em todas as regiões do país com aproveitamento dos potenciais produtivos locais e significativa participação no esforço nacional da agenda da sustentabilidade global.
Vetor de interiorização do parque industrial, atualmente são 50 unidades autorizadas localizadas em 43 municípios de 14 estados.
O mundo vive um novo nível de consciência para a urgência de se tomar decisões para uma transição energética para fontes de energia mais limpas.
O Brasil deve liderar esse processo e tem todas as condições para ser uma referência global em sustentabilidade e desenvolver políticas para combater as mudanças climáticas.
A Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) criou uma agenda positiva que induz eficiência e valoriza os investimentos em tecnologia limpa.
O cronograma aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do Ministério de Minas e Energia (MME), estabelece as próximas evoluções da adição obrigatória de biodiesel até 2023.
Atualmente nossas usinas já têm capacidade de suprir o mercado com 10,4 bilhões de litros ao ano, o que representa 18% do consumo do ciclo diesel hoje.
Desde 2020, a maioria do biodiesel produzido no Brasil é compatível com as novas fases do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), que sequer se iniciaram no Brasil.
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Com relação à qualidade, a introdução do biodiesel foi precedida de ensaios extensos, conduzidos pelo Ministério de Minas e Energia (MME), dos quais tomaram parte fabricantes de automóveis, sistemistas, academia, produtores de biodiesel, diesel e aditivos.
Em nível técnico, foram realizadas recentemente duas grandes baterias de testes de longa duração, legalmente previstas, para misturas de 10% e 15% de biodiesel ao diesel – o maior programa de testes de biodiesel do mundo.
A especificação do biodiesel brasileiro, definida pela Resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), já tem parâmetros muito mais severos do que os que são praticados na Europa, o que faz o produto brasileiro ter uma qualidade superior.
Também avançamos de forma sólida para o desenvolvimento da qualidade do biodiesel brasileiro, sem dúvida, o melhor do mundo.
Nossa associação está trabalhando na certificação de suas usinas associadas com o Selo APROBIO de Qualidade – Biodiesel Super A, que cobra parâmetros mais rigorosos no nível da especificação de um produto que já é ótimo.
E o futuro bate em nossa porta.
Um novo desafio que envolve o setor é o que há de mais moderno em tecnologia para a produção de biocombustíveis avançados: os produtos da segunda onda.
A Diretoria Colegiada da ANP acabou de aprovar a resolução que define a especificação técnica e as regras de controle da qualidade para esses biocombustíveis avançados no Brasil, o que vai abrir um novo cenário para investimento nesse mercado de biocombustíveis de segunda onda.
Uma longa e poderosa jornada foi percorrida por todos nós da APROBIO para levar o biodiesel a um patamar de patrimônio nacional e um dos pilares do crescimento do agronegócio brasileiro.
Pensar no biodiesel é pensar no desenvolvimento sustentável do Brasil, nos seus trabalhadores e no crescimento da indústria nacional.
Gostaria de agradecer a todos os associados que sempre me apoiaram nesses 10 anos e todas as pessoas que trabalham e trabalharam, direta ou indiretamente, com a APROBIO.
Também é muito importante reconhecer o apoio que recebemos do setor público. As esferas federais, estaduais e municipais sempre apoiaram o programa do biodiesel e, mais recentemente, o RenovaBio.
Olhamos o futuro com a certeza de assumir o desafio de consolidar e fazer crescer essa trajetória.
Vamos estar juntos nessa longa caminhada, fortalecendo o biodiesel brasileiro, que é um orgulho para todos nós e será cada vez mais importante para a nossa economia, para o meio ambiente, para o país e para a saúde de todos os brasileiros.
Erasmo Carlos Battistella é presidente do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil – APROBIO
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