EVEx Lisboa 2025

Falta coordenação em políticas públicas de baixo carbono no Brasil, diz diretora do E+

Rosana Santos, do Instituto E+, alerta para a falta de coordenação nas políticas de baixo carbono e defende integração entre setores para que o Brasil lidere a transição

LISBOA — A diretora executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos, afirmou que o Brasil carece de uma coordenação efetiva entre as políticas públicas voltadas à transição de baixo carbono. Segundo ela, iniciativas setoriais isoladas — como as voltadas ao hidrogênio e à digitalização — acabam competindo entre si em vez de se complementarem.

Rosana destacou em entrevista ao estúdio eixos durante a EVEx Lisboa 2025 que, embora o país possua um grande potencial para captar investimentos sustentáveis, ainda há entraves na estrutura regulatória e na definição de prioridades nacionais. Para ela, a ausência de uma estratégia coordenada dificulta o aproveitamento de oportunidades trazidas pela descarbonização e pela nova economia verde. Assista na íntegra acima.

“Falta um plano master, e para que esse plano master funcione, você tem que ter gente ali dentro que tenha um conhecimento muito amplo do que significa essa transição para uma economia de baixo carbono”, resumiu a especialista.

Para a diretora do Instituto E+, “a economia de baixo carbono exige ações consertadas de vários setores”, sendo necessário compreender a “consequência para cada um dos stakeholders”.

Políticas de hidrogênio e data centers avançam sem integração

Rosana cita como exemplo o conflito emergente entre projetos de data centers e hidrogênio verde, que recebem incentivos desconectados de uma política de transição mais ampla, ambos dependentes da mesma infraestrutura de conexão elétrica.

“A política de data centers colocando a disputa por um ponto de conexão, que é o mesmo lugar que a política de hidrogênio teria que conectar. O data center vai sair primeiro e talvez ocupe o lugar que seria onde estaria conectando os eletrolisadores da política de hidrogênio”, explica.

A especialista argumenta que a ausência de uma governança centralizada reduz a eficiência dos investimentos e compromete o impacto ambiental positivo das iniciativas.

Principais pontos da entrevista:

  • Transição energética é meio, não fim: deve impulsionar a transformação industrial e econômica.
  • Falta coordenação entre políticas: Brasil ainda atua sem um plano mestre integrado.
  • Conflito entre data centers e hidrogênio: setores disputam os mesmos pontos de conexão por falta de planejamento.
  • Necessidade de visão transversal: a transição para baixo carbono exige integração entre setores.
  • Políticas avançam em silos e modismos: iniciativas são reativas e pouco coordenadas.
  • Brasil deve agregar valor ao hidrogênio: exportar a molécula pura gera baixo retorno.
  • Diversificação tecnológica é essencial: eletrificação e hidrogênio sozinhos não bastam.
  • Potencial das soluções biogênicas: país tem vantagem em biocombustíveis, biogás e carvão vegetal sustentável.
  • Risco de impactos climáticos severos: falta de ação pode levar à desertificação.
  • Disputa tecnológica global exige estratégia: Brasil precisa fortalecer autonomia e defender seus interesses.

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