EVEx Lisboa 2025

Itaipu Binacional vai lançar I-RECs na COP30 e avança na diversificação de sua matriz energética

Projetos da hidrelétrica binacional incluem biometano, SAF e energia solar, além de estudos para baterias

LISBOA — A Itaipu Binacional se prepara para começar a comercializar, a partir do primeiro trimestre de 2026, certificados internacionais de energia renovável que comprovam a origem limpa da eletricidade gerada na usina, os I-RECs.

Em entrevista exclusiva ao estúdio eixos, durante a EVEx Lisboa 2025, o diretor financeiro da empresa, André Pepitone, conta que os I-RECs foram estruturados em parceria com o Instituto Totum e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e certificam a energia gerada pelas 20 turbinas da hidrelétrica binacional.

A expectativa, segundo ele, é que o lançamento oficial dos certificados se dê na COP30, em Belém (PA), no próximo dia 18 de novembro. Assista na íntegra acima.

“O mercado evoluiu bastante, sobretudo nesse mundo da economia verde”, afirmou.

Além dos certificados, a Itaipu avança na diversificação da matriz energética, a partir de projetos pilotos de biometano e de combustível sintético a partir do biocombustível – no caso, o combustível sustentável de aviação (SAF).

O biometano é gerado a partir de resíduos de suínos, abundantes na região oeste do Paraná — onde está localizada a usina.

Itaipu testa geração solar e estuda baterias

A empresa também aposta na geração solar fotovoltaica como complemento à energia hídrica.

Uma usina piloto flutuante foi instalada no reservatório da hidrelétrica, com 1 MWp de potência instalada. Num primeiro momento, a produção será usada para consumo interno da própria usina.

“Isso para ajudar tanto o sistema nacional brasileiro como o Paraguai. Então, Itaipu, em avançando essa perspectiva, nós vamos ter um grande bloco de energia. Além daquele que nós já geramos com a força das águas”, disse o diretor.

Segundo Pepitone, o projeto está em fase de avaliação técnica, ambiental e econômica, conduzida junto ao Ministério de Minas e Energia e à Secretaria de Planejamento Energético, com vistas a definir o modelo de expansão.

O diretor explica que a equipe da usina observa o desempenho dos painéis, a integração ambiental e o escoamento da energia, a fim de reunir subsídios para estruturar um modelo comercial viável.

Outra frente em estudo é o uso de baterias para armazenar a energia solar e permitir sua injeção controlada no sistema elétrico, contribuindo para estabilizar tensão e frequência.

A ideia é aproveitar a infraestrutura já existente da usina, incluindo as linhas de transmissão, que podem receber a energia solar quando a geração hidrelétrica estiver reduzida.

Os projetos de biometano, SAF e solar estão em estágio experimental, mas Itaipu pretende levá-los à escala comercial nos próximos anos, alinhando-se aos mandatos regulatórios previstos para 2027.

“Estamos executando justamente nesse momento estudos (…) e fazendo um debate com o ministério [de Minas e Energia]. De base das informações a gente também vai ter que fazer um debate com o Paraguai, que é o nosso sócio. Nós temos um sócio que é tão dono da Itaipu quanto o Brasil”, observou Pepitone.

Principais pontos da entrevista com o diretor de Itaipu

  • Lançamento dos I-RECs durante a COP30, em 18 de novembro.
  • Dívida de construção quitada em 2023, após US$ 63,5 bilhões investidos.
  • Projetos-piloto de biometano e combustível sinstético (SAF), com uso de dejetos suínos na região oeste do Paraná.
  • Usina solar flutuante piloto de 1 MWp no reservatório
  • Estudos com baterias para estabilidade da rede e melhor aproveitamento da energia solar.
  • Debate com o MME e o Paraguai para viabilizar a expansão comercial dos projetos.

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