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R$ 5 bi e primeiro revés na expansão renovável em cinco anos: o custo dos cortes de geração

Curtailment está reduzindo lucratividade e levando ao cancelamento de projetos renováveis no Brasil, aponta relatório da IEA

Aerogeradores em funcionamento no litoral brasileiro (Foto Divulgação CPFL Eólica)
Aerogeradores em funcionamento no litoral brasileiro (Foto Divulgação CPFL Eólica)

NESTA EDIÇÃO. Curtailment gera prejuízos de mais de R$ 5 bilhões e leva à primeira queda na expansão renovável no Brasil desde 2020.
 
Funcionários da EPE farão paralisação de 72 horas na próxima semana contra reajustes abaixo da inflação. 
 
Petrobras inicia produção no Brasil de asfalto com conteúdo renovável em larga escala.
 
Alerj aprova criação de fundo para combater mudanças climáticas com recursos do pré-sal. 


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O Brasil deve registrar em 2025 a primeira queda em cinco anos na expansão das fontes renováveis, segundo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) divulgado na terça (7/10). 
 
E a culpa da queda vem dos cortes de energia, pela falta de infraestrutura para escoar a geração e a baixa demanda por eletricidade
 
O “curtailment”, no jargão do setor, obriga as usinas a reduzir ou interromper a geração para não congestionar as redes. 

  • “As projeções foram revisadas para baixo porque a redução de oferta (particularmente no Nordeste) e os gargalos na transmissão estão reduzindo a lucratividade dos projetos, aumentando as filas de conexão e estendendo os prazos de entrega”, afirma o relatório da IEA sobre o Brasil. Confira na íntegra
  • Ainda assim, o país segue líder na adição de fontes renováveis na América Latina em 2025, sendo responsável por quase metade de toda a expansão regional este ano. 
  • Ao todo, a América Latina e o Caribe devem ampliar a geração renovável em 160 GW de 2025 a 2030, prevê a agência. 

Mas a crise deixa um custo alto para o país: o prejuízo com o curtailment já ultrapassa R$ 5 bilhões, com 70% dessas perdas concentradas no Nordeste, segundo dados do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne). 

  • A Bahia é o estado que mais sofre, com 35,14% dos cortes, seguido pelo Rio Grande do Norte (25,43%) e Minas Gerais (15,63%), apontam dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) consolidados pela consultoria CarpeVie, parceira do Cerne.  

E um legado ruim para o futuro: a IEA aponta que os cortes estão levando ao cancelamento de projetos de grande porte, sobretudo de geração eólica e solar. 

  • O efeito é cascata, já que a redução nas encomendas para novos empreendimentos também afeta os fornecedores de equipamentos e serviços
  • A IEA alerta: o problema não é exclusivo do Brasil. Na região, o Chile também enfrenta desafios similares com a geração solar, mas tem buscado combater o problema com leilões para a expansão da rede e a adoção massiva de baterias — solução que ainda não engrenou por aqui. 
  • Vale a leitura: Chile acelera armazenamento e quer chegar a 6 GW em baterias até 2030
  • No mercado, a expectativa é que debates em curso na Aneel e no ONS ajudem a reduzir os cortes. Também há esperança de uma solução na discussão da Medida Provisória 1307/20225, que vence em 17 de novembro e herdou os debates sobre a reforma do setor elétrico. 

Em tempo, o BNDES acompanha de perto a crise. Maior financiador das usinas renováveis no país, o banco já sinaliza que pode renegociar contratos de crédito com as empresas: “O BNDES é um banco que não vai pôr a faca no pescoço de alguma empresa que fique sem receita”, disse a diretora Luciana Costa.  (Folha de São Paulo)



O que é energia limpa? O deputado Danilo Forte defende que o conceito de “energia limpa” seja estabelecido por lei na criação do Redata, o programa de atração de investimentos em data centers. O objetivo é evitar, assim, interpretações subjetivas. O gás natural está de olho.
 
Conta de luz. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, disse que “muito em breve” serão colocadas em prática no país as tarifas inteligentes, como sinais de preços para o consumidor ajustar a demanda e pagar mais barato.

  • Há nove sandboxes tarifários (projetos de experimentação) em andamento. Como resultado, a Aneel poderá definir modalidades de tarifas diferenciadas, inclusive por horário ou por áreas críticas de perdas não técnicas. 

Opinião: Afirmar que a GD é uma promessa vazia é uma falácia. Trata-se de um processo em curso que já transformou a matriz elétrica brasileira. E não se trata de uma salvação messiânica, mas de uma contribuição real à transição energética, escreve o diretor técnico da Associação Brasileira de Geração Distribuída, Sydney Ipiranga.

Integração Brasil-Bolívia. A ampliação da integração energética entre os países deu mais um passo na semana passada, quando o governo brasileiro oficializou a divisão da energia extra gerada pela hidrelétrica de Jirau: dois terços para o Brasil e um terço para a Bolívia. 

Planejamento no escuro. Os empregados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) decidiram realizar uma paralisação de 72 horas a partir de terça-feira (14/10). O protesto é contra reajustes salariais abaixo da inflação. A estatal de planejamento atua em praticamente todas as políticas e leilões a cargo do MME.

Expansão da frota elétrica. A América Latina investiu mais de R$ 23 bilhões, equivalentes a US$ 4,4 bilhões, em ônibus elétricos entre 2017 e 2025. É o que aponta levantamento feito pela Parceria Zebra, co-liderada pela rede global de cidades C40 e pelo Conselho Internacional de Transporte Limpo. (Valor Econômico)

Asfalto menos poluente. A Petrobras iniciou na primeira semana de outubro a produção pela primeira vez no Brasil de asfalto com conteúdo renovável em larga escala, combinando correntes minerais com componentes de base vegetal. 

  • A produção teve início na Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP). Foram produzidas e comercializadas cerca de 3 mil toneladas de produto

Preço do barril. O petróleo fechou sem direção única na terça-feira (7/10), ainda refletindo o anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de um aumento de produção menor do que o esperado.

  • O Brent para dezembro recuou 0,03% (US$ 0,02), a US$ 65,45 o barril. Já o WTI para novembro fechou em alta de 0,06% (US$ 0,04), a US$ 61,73 o barril.  

Revisão tarifária no gás. O Fórum do Gás pediu à ANP a abertura de uma nova consulta pública para tratar da revisão das tarifas de transporte de gás natural.

  • Em carta aberta à agência e ao Ministério de Minas e Energia , a entidade que reúne associações empresariais, em especial do setor produtivo, questiona o rito regulatório conduzido pela agência sobre o assunto. 

Enquanto isso, troca no comando. A ANP mudou o comando da Superintendência de Infraestrutura e Movimentação (SIM), responsável pela regulação do gás natural. A área  passará a ficar com Thiago Neves de Campos, no lugar de Patricia Baran. 

Fundo para enfrentar mudanças climáticas. A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou na terça-feira (07/10), a proposta de emenda constitucional (PEC) que cria o Fundo Estadual de Proteção e Defesa Civil (Funpdec) com recursos provenientes de 2% dos valores de royalties e participações especiais do pré-sal.

  • A medida recebeu apoio de 60 parlamentares e será promulgada pelo presidente da Alerj, deputado Rodrigo Bacellar (União). Segundo estimativas com base nos dados referentes ao ano de 2024, o fundo receberia em média R$ 316 milhões por ano

Reforço na previsão do clima. O Inpe adquiriu um novo supercomputador, instalado no Centro de Dados Científico do Instituto, em Cachoeira Paulista (SP), para ampliar a capacidade de modelagem climática no país

  • Com investimento do MCTI e financiamento da Finep, o equipamento reforça a capacidade nacional de antecipar riscos, em meio à intensificação de eventos extremos. 

Cooperação luso-brasileira. O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), de Portugal, e a EPE, do Brasil, firmaram um protocolo de colaboração para intercâmbio técnico e científico.

  • Em entrevista ao estúdio eixos, durante a EVEX Lisboa 2025, a presidente do LNEG, Teresa Ponce de Leão, destacou que o objetivo é compartilhar experiências e ferramentas de planejamento energético. 

Eficiência energética. A Firjan Senai firmou um convênio de R$ 33 milhões com a ENBPar para acelerar startups e pequenas empresas com foco em soluções tecnológicas para eficiência energética.

  • O convênio de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) prevê a realização de três chamadas públicas com foco em economia circular, cidades inteligentes e Indústria 4.0

Afetados pelo Vale do Lítio. A intensificação dos projetos de pesquisa e extração do lítio no Vale do Jequitinhonha, por empresas multinacionais, tem impactado comunidades que relatam problemas como poeira, barulho e rejeitos gerados a partir da exploração. Em setembro, o MPF recomendou revisão e anulação das autorizações de pesquisa e lavra em Araçuaí e municípios limítrofes. (Agência Brasil)
 
Tributação de dividendos.  O projeto de lei de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, aprovado na Câmara dos Deputados na semana passada, vai tramitar na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado. O anúncio foi feito pelo presidente Davi Alcolumbre (União-AP), que indicou o senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator
 
Opinião: Construir um setor energético resiliente é um esforço coletivo, que envolve empresas, investidores e formuladores de políticas públicas, escreve a diretora de Riscos e Seguros na Horiens, Vanessa Falco.

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