RIO — Os empregados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) farão uma paralisação de 72 horas na próxima semana, com início na terça-feira (14/10), contra os reajustes salariais abaixo da inflação. A decisão foi tomada em assembleia hoje (7/10), em meio aos dois dias de greve marcados para esta semana.
Os funcionários da estatal de planejamento energético ainda não receberam resposta sobre a carta divulgada na semana passada, na qual pedem uma reunião com os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, e o presidente do conselho de administração da EPE, Fernando Colli. (veja na íntegra em .pdf).
Houve uma nova rodada de negociações entre os empregados e a empresa na sexta-feira (3/10), mas a companhia ofereceu um reajuste de 4%, abaixo do solicitado pelos empregados, que calculam uma inflação de 5,53%, com data-base em maio.
Os sindicatos estimam que, desde maio de 2014, os salários dos trabalhadores da EPE acumulam uma perda de 22,7% para a inflação.
Segundo a comissão de negociação dos empregados, devido aos reajustes salariais abaixo da inflação nos últimos anos, a estatal está perdendo a competição por talentos, já que os salários iniciais são 20% inferiores aos de órgãos reguladores e até 30% mais baixos que os de instituições como o Banco Central e o IPEA.
Isso tem levado ao aumento da rotatividade no quadro da empresa, que é considerado de alto nível de especialização.
“Essa fuga de cérebros significa que o governo perde a capacidade de realizar análises próprias e isentas, ficando vulnerável a lobbies bem financiados que buscam impor soluções particulares, e não as necessidades de desenvolvimento nacional”, afirma o analista Bruno Stukart, que integra a comissão de negociação.
“A EPE tem a missão essencial de fornecer estudos e pesquisas de alta qualidade, isentos de viés político ou de grupos de interesse, para subsidiar o desenvolvimento e as políticas públicas de longo prazo”, acrescenta.