Videocast gas week

Mandato não deve se traduzir em inflação do biometano, diz diretor da Ultragaz

Erik Trench acredita que retirada do mercado voluntário da base de cálculo do mandato ajudará a distensionar preços do biometano

RIO — O início do mandato do biometano em 2026, como previsto na lei do Combustível do Futuro, não deve se traduzir numa inflação do biocombustível no mercado, na avaliação do diretor de Gases Renováveis da Ultragaz, Erik Trench.

Pelo contrário, ele acredita que a tendência é de queda nos preços no futuro, diante dos avanços tecnológicos no setor.

Trench cita ainda que o decreto que regulamenta o mandato desconta os volumes comercializados no mercado voluntário da base de cálculo das metas de descarbonização que sustentarão o mandato  – o que deve ajudar a distensionar o balanço entre oferta e demanda.

“Por conta da tecnologia, eu acho que não deve ter uma alteração muito grande, uma inflação, um aumento de preço por conta do mandato. Até porque a gente vai começar a entender o que é esse mandato, mas o fato de tirar o mercado voluntário dentro do mercado mandatário, isso é uma forma também de não criar também essa dependência”, comentou o executivo.

As perspectivas para o mercado de biometano, com o início do mandato do biocombustível em 2026, foram um dos assuntos do novo episódio do videocast gas week, com Erik Trench, da Ultragaz. Assista na íntegra

A pressão do mandato sobre os preços do gás renovável é uma preocupação da indústria – e externada recentemente pela Yara Fertilizantes. Foi, aliás, um dos temas do episódio #009 do videocast gas week, com Lara Terra, gerente de Sourcing de Energia na Yara. Assista

Mandato de 1% é factível, mas com regime de transição

As atenções do mercado se voltam, agora, para a definição do mandato pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O órgão deve calibrar as metas de descarbonização até o fim do ano.

Para Trench, o percentual inicial de 1%, previsto em lei, é factível. No entanto, será preciso discutir, possivelmente, uma regra de transição para o programa – previsto para começa em janeiro do ano que vem.

“O 1% ele é viável, é um número factível, mas eu acho que vai ser um ramp-up [crescimento gradual da oferta] até chegar lá… Eu acho que vai ter uma adequação [do cronograma], mas eu acho que o mercado já está bem consolidado para conseguir dar esse pontapé”.

A Ultragaz é uma das principais comercializadoras de biometano, hoje, no mercado voluntário. A companhia vende cerca de 500 mil m³/dia para aproximadamente 40 clientes.

Trench acredita na coexistência do mandato com mercado voluntário.

“Vai ter uma oportunidade ali para os produtores e importadores de gás natural [via mandato]. Mas as indústrias que também têm um papel importante para fazer a sua descarbonização e se posicionar nesse sentido, elas também vão ter o seu espaço. Então acho que vão ser mercados concomitantes”.

Outros destaques da entrevista

  • Ultragaz mira expansão no biometano em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo
  • A relação de competitividade do biometano frente ao gás natural na indústria 
  • No transporte pesado, gás já é páreo com o diesel
  • A frota pesada como nova avenida de crescimento do negócio de biometano: caminhões e mobilidade urbana
  • Como a Ultragaz enxerga o papel do CGOB na valoração do atributo ambiental do biometano

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