diálogos da transição

Emissões da navegação correm risco de ficar à deriva com rota pelo Ártico

Uso da Rota Marítima do Norte pode aumentar emissões da navegação global em 8,2% até 2100, aponta estudo na Nature

Emissões da navegação à deriva com rota no Ártico (Foto: sweetreilly0/Pixabay)
Corrida pelo Ártico ameaça elevar emissões da navegação em 8,2% (Foto: sweetreilly0/Pixabay)

NESTA EDIÇÃO. Cientistas alertam que o uso do Ártico como rota marítima pode elevar emissões e comprometer metas de descarbonização.

Rota Marítima do Norte atrai Rússia e China como forma de driblar sanções ocidentais.


Pesquisadores chineses publicaram, esta semana, um artigo na Nature apontando que uma corrida em andamento para usar o Ártico como rota marítima aumentará as emissões globais da navegação em 8,2% até 2100 — hoje o setor responde por cerca de 3% das emissões globais de gases de efeito estufa.
 
Já o Ártico corre o risco de ver suas emissões aumentarem de 0,22% para 2,72%, com impactos também no Nordeste da Ásia, Norte da Europa e América do Norte.
 
Eles analisam três estratégias de mitigação em andamento na Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês) e concluem que tanto a meta de redução de emissões até 2050 quanto a iniciativa de Corredor Verde são insuficientes para atingir as metas do Ártico.
 
“Mas uma estratégia de zero líquido com padrões de combustível mais rigorosos e implementação regional em fases poderia eliminar completamente as emissões relacionadas à Rota Marítima do Norte”, dizem os pesquisadores.
 
Em outubro, os 176 Estados-membros da IMO têm uma reunião marcada para ratificar o mecanismo que levará o setor a emissões líquidas zero até meados do século — ou próximo disso.
 
Eles já terão que contornar a pressão contrária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu retaliar com tarifas àqueles que apoiarem a taxação de US$ 100 a US$ 380 sobre a tonelada de CO2 dos navios prevista pela IMO.
 
E agora terão que contar com essa nova perspectiva de acréscimo de emissões a partir da exploração de rotas no Ártico.
 
Nesta terça, o sétimo navio-tanque de GNL partindo do projeto russo Arctic LNG 2 — alvo de sanções ocidentais — atracou no terminal chinês de Beihai.
 
A Rússia está intensificando a utilização da Rota Marítima do Norte (NSR, na sigla em inglês) como alternativa estratégica ao Canal de Suez e forma de driblar sanções relacionadas à guerra com a Ucrânia. 
 
O corredor com cerca de seis mil quilômetros acompanha a costa ártica russa e tem sido essencial para o escoamento de petróleo, gás natural liquefeito (GNL) e outros combustíveis fósseis em direção à China e, em menor escala, à Europa. Leia na matéria de Gabriel Chiappini



O avanço da atividade no Ártico ocorre em meio ao derretimento do gelo — impulsionado pelas mudanças climáticas provocadas pelos combustíveis fósseis —, o que favorece a maior navegabilidade.
 
Segundo a estatal nuclear Rosatom, responsável pela operação da rota e pela frota de quebra-gelos russa, o número de viagens de navios estrangeiros pela NSR deve aumentar 50% em 2025.
 
O impulso russo é acompanhado pela China. Empresas chinesas quase dobraram o número de viagens pela NSR no último ano. 
 
E os impulsionadores do degelo são também a principal carga transportada. 
 
De acordo com o Center for High North Logistics (CHNL), mais de 54% da carga que circula atualmente pela rota é petróleo bruto, seguido por granéis sólidos (21%) e outros tipos, incluindo carga geral, GNL e derivados de petróleo, com 14%. 
 
A maior parte tem destino ao leste asiático, embora um volume significativo de gás russo ainda siga para a Europa.


Curtailment fora da MP 1304? O presidente da Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado, Marcos Rogério (PL/RO), disse nesta terça-feira (30/9) que não vê uma solução para o curtailment (cortes de geração) que passe pela MP 1304/2025, pois “o assunto é muito complexo e o prazo é curto”.

  • O senador informou que outra audiência será convocada e, ao final das discussões, a ideia é endereçar as propostas à Aneel e ao ONS.

GD com baterias. A oferta de sistemas híbridos de geração distribuída com baterias cresceu no Brasil no primeiro semestre de 2025, mas as vendas ainda têm dificuldades para deslanchar, concluiu estudo da Greener. Sistemas híbridos representaram apenas 2% das vendas do mercado na primeira metade do ano.
 
Edifícios com selo de eficiência. O governo federal editou uma resolução que tornará obrigatória a comprovação de requisitos de eficiência energética para novas edificações. As regras irão funcionar como ocorre para a avaliação de automóveis ou eletrodomésticos, que recebem um selo com nota – geralmente de A a E –, de acordo com a eficiência energética.
 
Proteção dos oceanos. O Senado ratificou nesta terça-feira (30) o acordo da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar para conservação e uso sustentável do mar, assinado pelo Brasil em 2023. Até o momento, 74 nações já ratificaram o tratado, que deve entrar em vigor em janeiro de 2026.
 
De olho nos fornecedores. Pesquisa Firjan revela que apenas adotar práticas ESG internamente não é mais o suficiente para as empresas que pretendem ser sustentáveis: é preciso expandir o compromisso para a cadeia de valor. Essa realidade já faz parte da rotina de 72% das 130 empresas pesquisadas no Rio de Janeiro, que exigem a adoção de ações sustentáveis dos seus fornecedores.

Newsletter diálogos da transição

Inscreva-se e fique por dentro de tudo sobre Transição Energética