BELO HORIZONTE — O leilão para suprimento aos sistemas isolados contratou, nesta sexta-feira (26/9), soluções híbridas, com a combinação de termelétricas a diesel, energia solar e baterias para os dois lotes ofertados nos estados do Amazonas e do Pará.
Confira o resumo do leilão aqui.
A Energias do Acre, do grupo Rovema, venceu o lote 1, com lance de R$ 2.729,70/MWh, representando um deságio de 22,01%, diante do preço-teto de R$ 3.500,00/MWh. Serão cinco usinas para atender clientes da área de concessão da Amazonas Energia.
- Foram contratos 0,6 MW de capacidade de armazenamento de energia em baterias, combinadas com 6 MW de potência em painéis solares, além de 14 MW em geradores a diesel, perfazendo 20 MW e 3,4 MW médios de energia. O investimento é estimado em R$ 72,8 milhões.
Já o consórcio IFX-YOU.ON ganhou o lote 3, oferecendo R$ 1.593,16/MWh, o que representa deságio de 46,89%, dado o preço-teto de R$ 3.000,00/MWh. Será uma usina para abastecer uma localidade atendida pela Equatorial Pará.
- Foram contratados 30 MW de armazenamento em baterias, 18,9 MW de potência em painéis solares e 11,2 MW em geradores a diesel, totalizando 30,1 MW e 4,5 MW médios de energia. O investimento total é estimado em R$ 240,0 milhões.
O início das operações deve ocorrer em dezembro de 2027, com contrato de 15 anos.
O certame foi organizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e atenderá localidades que não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
“Conduzimos mais um processo competitivo simples, eficiente e seguro, que atraiu um volume expressivo de empreendedores. O apoio técnico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a fiscalização rigorosa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foram fundamentais para o sucesso do leilão, evidenciando a sinergia entre as instituições na busca pela segurança e pela sustentabilidade do setor elétrico nos sistemas isolados”, disse o presidente da CCEE, Alexandre Ramos.
Lote mais expressivo foi retirado pelo MME
Inicialmente, seriam licitados três lotes. Entretanto, o Ministério de Minas e Energia (MME) pediu a retirada o lote 2, o mais expressivo, que tinha 48,25 MW de potência requerida e preço-teto de R$ 1.800/MWh. Ele estava dentro da área atendida pela Amazonas Energia e continha cinco localidades.
A Aneel atendeu ao pedido na terça-feira (23/9).
O ministério alegou identificação de imprevisibilidade quanto ao cálculo da tarifa de transporte e à evolução dos preços de transporte do gás natural.
A pasta apontou, ainda, que uma consulta pública na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) avalia o estabelecimento de critérios para cálculos das tarifas de transportes. Ou seja, essa consulta pode contribuir para maior previsibilidade na visão do ministério.
O diretor da Aneel Fernando Mosna classificou a decisão como surpreendente.
“Soa um pouco complicado nós simplesmente retirarmos os lotes sem qualquer condição, especialmente porque se fosse um processo em que tivéssemos discricionariedade ou juízo de valor, a conclusão deste colegiado seria de não retirar”, disse Mosna em relação ao papel da agência.
Exigência de percentual mínimo de renovável
Inicialmente, a EPE cadastrou 241 projetos, com 80 soluções de suprimento, totalizando 1.870 MW.
As centrais termelétricas representavam cerca de 39% dessa potência total cadastrada e as híbridas (termelétricas e fotovoltaicas com ou sem armazenamento) totalizavam 61%.
Todas as 11 centrais termelétricas a diesel cadastradas utilizariam mistura de biodiesel acima do porcentual obrigatório. O edital previa que a solução de suprimento pode ter mais de uma fonte e sistemas de armazenamento de energia, ou seja, baterias.
Além disso, pela primeira vez, foi exigida solução de suprimento com participação mínima de 22% da energia gerada a partir de fontes renováveis ou gás natural, com ou sem soluções de armazenamento.