NESTA EDIÇÃO. Governo passa a contar com R$ 5,7 bilhões adicionais em royalties no orçamento.
Equinor avança na construção do gasoduto do projeto Raia.
Mais de 500 mil clientes da Enel SP ficam sem luz com temporais.
Alemanha e França cada vez mais alinhadas em relação a hidrogênio nuclear.
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Extração maior no pré-sal ajuda contas do governo; PPSA prepara reestruturação
Em meio às dificuldades no orçamento do governo, o crescimento na produção das áreas sob o regime de partilha, no pré-sal, está ajudando a impulsionar as perspectivas de arrecadação para este ano.
- O orçamento vai contar com um extra de R$ 5,7 bilhões, devido às maiores projeções para as receitas de royalties do petróleo, segundo a atualização do boletim bimestral de receitas e despesas dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, divulgado na segunda-feira (22/9) (veja a apresentação em .pdf).
- Mesmo com as maiores receitas do petróleo, o bloqueio total no orçamento subiu para R$ 12,1 bilhões, devido à ampliação na projeção de despesas obrigatórias. (Valor Econômico)
As receitas adicionais do petróleo se somam ao aumento de R$ 17,9 bilhões nos valores estimados para o setor no boletim anterior, de julho.
- Na época, o montante incluiu a aprovação do leilão dos volumes de petróleo ainda não contratados em áreas já concedidas do pré-sal, marcado para dezembro, além da venda do petróleo da União e do acordo de individualização da produção do campo de Jubarte, na Bacia de Campos.
- Foi justamente essa arrecadação que ajudou o governo a reduzir o congelamento de gastos e liberar R$ 20,6 bi do orçamento de 2025, no final de julho.
E esse crescimento está levando a mudanças na estatal responsável pela gestão dos contratos da partilha, a PPSA.
- A companhia pretende criar uma nova diretoria, dedicada à venda do gás natural da União, já de olho no aumento dessa extração nos próximos anos.
- A ideia é retirar demandas da área atualmente responsável pela comercialização de petróleo da União, apurou reportagem exclusiva da agência eixos. Veja os detalhes no site: PPSA planeja nova diretoria e área dedicada ao gás natural.
- Vale lembrar que a intenção do Ministério de Minas e Energia é realizar um leilão em 2026 para comercializar a parcela de gás natural que cabe à União nos contratos de partilha. É a grande expectativa do governo Lula (PT) para a injeção de gás a preços mais competitivos no mercado.
Ao todo, a PPSA projeta que a produção de petróleo nos contratos de partilha vai sair de 1 milhão de barris/dia em 2024 e dobrar esse volume até 2029. Já a extração de gás natural vai quase quintuplicar, chegando a 16,8 milhões de m³/dia nesse mesmo período.
- A elevação da extração conta com a entrada em operação de pelo menos seis novas plataformas no campo de Búzios, na Bacia de Santos. A Petrobras tem feito um esforço para antecipar a entrada em operação desses projetos, adiantando também o fluxo de caixa.
Gasoduto do projeto Raia. A Equinor finalizou a instalação do trecho de 15 km de águas rasas do duto, etapa que levou cerca de dois meses. Agora, a previsão é iniciar o trecho terrestre.
- O gasoduto de 200 quilômetros vai conectar o FPSO Raia à malha de transporte de gás do Terminal de Cabiúnas, em Macaé (RJ). Ao todo, terá capacidade de escoar 16 milhões milhões de m³/dia de gás natural.
Preço do barril. Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda na segunda-feira (22/9), após começarem o dia em alta. Esta é a quarta sessão seguida de queda. No radar, está o receio de queda da demanda em um contexto de aumento da produção global.
- O Brent para dezembro cedeu 0,10% (US$ 0,07), a US$ 65,97 o barril.
Acesso a financiamento. O BNDES anunciou a concessão de R$ 2,5 bilhões para a Starnav adquirir embarcações de apoio ao setor de óleo e gás, com motorização híbrida. A expectativa é reduzir cerca de 18% nas emissões de gases de efeito estufa em relação à frota atual.
- O banco também anunciou R$ 356 milhões para a Cooperativa Agroindustrial Alfa passar a produzir biodiesel em Chapecó (SC).
Preço do etanol. As cotações médias do etanol hidratado ficaram em R$ 4,29 o litro na semana de 14 a 20 de setembro, alta de 1,66% em comparação com a semana anterior. Ao todo, os preços subiram em 16 Estados e no Distrito Federal (DF), caíram em seis e ficaram estáveis em quatro.
Apagão em SP. Pelo menos 579 mil clientes da Enel SP ficaram sem energia após fortes chuvas na capital paulista causarem danos à rede elétrica na segunda-feira (22/9) à tarde. As informações são do boletim das 15h (horário de Brasília) da companhia.
Menor demanda. O consumo nacional de energia elétrica caiu 1% no segundo trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, segundo o boletim da EPE. A retração foi puxada pela redução de 4% do consumo do setor comercial, além da queda de 1,6% nas residências, reflexo das temperaturas mais amenas e dos custos com as bandeiras tarifárias.
US$ 599 milhões para renováveis. Parcerias público-privado-filantrópicas da Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP) conseguiram mobilizar US$ 599 milhões em financiamento para energia renovável na América Latina e no Caribe.
- Ao todo, o investimento resultou em 22 projetos implantados ou prontos para implantação na região.
Transição energética justa. O presidente Lula e outros 16 chefes de Estado e de governo assinaram uma carta conjunta em defesa da transição energética justa e equitativa. O texto destaca a urgência em acelerar a produção e o consumo de energias limpas.
- A divulgação do acordo ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos, durante a abertura da Assembleia Geral da ONU e a New York Climate Week. O documento também prepara terreno para as discussões que acontecerão na COP30, em Belém, no mês de novembro.
Nuclear na Europa. As duas maiores economias da União Europeia (UE), Alemanha e França, estão cada vez mais alinhadas. O novo chanceler Friedrich Merz e o presidente Emmanuel Macron vêm construindo uma relação marcada por proximidade pessoal e convergência estratégica — inclusive em um tema historicamente divisor, a energia nuclear. Leia na coluna Hidrogênio em foco
Minerais críticos. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), irá propor um colegiado específico para minerais críticos na primeira reunião do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM).
- Segundo o ministro, a reunião de instalação será em outubro, com a presença do presidente Lula (PT).
- A intenção do ministro é utilizar o órgão consultivo para discutir uma política nacional para minerais críticos e estratégicos, em meio a uma demanda crescente.
Opinião: A redução de certos tipos de poluição pode acelerar o aquecimento global, desafiando o senso comum e encontrando respaldo na literatura científica, escreve o professor do MBA de ESG e Sustentabilidade da FGV, Jaques Paes.