diálogos da transição

Mundo turbina combustíveis fósseis no curto prazo

Production Gap Report 2025 mostra que expansão planejada de combustíveis fósseis contradiz metas do Acordo de Paris

Cavalos-de-pau para exploração de petróleo em terra (Foto Pixabay)
Cavalos-de-pau para exploração de petróleo em terra (Foto Pixabay)

NESTA EDIÇÃO. Desde que se comprometeu com a transição para longe dos combustíveis fósseis, em 2023, principais produtores aumentaram, ao invés de recuar, planos para expansão de óleo, gás e carvão.

Relatório publicado nesta segunda aponta Brasil entre os que planejam expansão fóssil no curto prazo, desafiando 1,5ºC.


Onze dos 20 maiores produtores globais de combustíveis fósseis ​​aumentaram os planos de produção de curto prazo para pelo menos um combustível, em relação ao que projetaram para 2023 desafiando as metas do Acordo de Paris. E o Brasil é um deles.
 
É o que mostra o Production Gap Report 2025 (.pdf) publicado nesta segunda (22/9) pelo Stockholm Environment Institute (SEI), em parceria com o Climate Analytics e o IISD, com um alerta sobre o desalinhamento com o objetivo de limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC até 2100.

  • Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Alemanha, Índia, Indonésia, Cazaquistão, Kuwait, México, Nigéria, Noruega, Qatar, Federação Russa, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos juntos respondem por cerca de 80% da produção global de petróleo gás e carvão.

Daqui a menos de dois meses, o mundo deve se reunir em Belém (PA), na COP30 para apresentar suas ambições climáticas até 2035 e discutir como cumprir o compromisso de fazer uma transição para longe dos combustíveis fósseis.

O documento publicado hoje indica que estamos em outra direção.

“Os aumentos na produção de combustíveis fósseis estimados de acordo com os planos e projeções governamentais levariam a níveis de produção global em 2030 500%, 31% e 92% maiores para carvão, petróleo e gás, respectivamente, do que a mediana da trajetória de 1,5 °C”, aponta. 

“Esses planos e projeções também excedem coletivamente a produção de combustíveis fósseis implícita nas promessas de mitigação climática dos próprios países em 35% em 2030 e 141% em 2050”, completa.

Um dos alertas é em relação à aposta no gás natural como um “combustível de transição”, mas sem planos futuros explícitos para abandoná-lo. 

Outro é sobre o apoio financeiro e político para a produção de combustíveis fósseis, que tem crescido ao invés de ser redirecionado para alternativas de menor emissão. 

Segundo o estudo, o custo fiscal do apoio governamental a petróleo, gás e carvão permanece próximo de um recorde histórico.



Sede da COP30, o Brasil foi o segundo país a entregar a atualização da sua Contribuição Nacionalmente Determinada ao Acordo de Paris, no final do ano passado.
 
A meta é reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 67% até 2035.
 
Mas, como a maior parte das emissões brasileiras vem do desmatamento, este tem sido o foco das políticas de mitigação.
 
No setor energético, já marcado pela alta renovabilidade graças à matriz elétrica e uso dos biocombustíveis, o governo Lula vê espaço para expandir produção de óleo e gás — além de termelétricas a carvão
 
O Gap Report calcula que o país deve aumentar em 56% a produção de petróleo até 2030, e de 118% a de gás até 2034. 
 
Para os cientistas que assinam o relatório, esses planos de curto prazo tornam ainda mais desafiadores os cenários de transição futuros.
 
“O fracasso coletivo contínuo dos governos em conter a produção de combustíveis fósseis e reduzir as emissões globais significa que a produção futura precisará cair ainda mais acentuadamente para compensar”, diz o relatório.


Minerais críticos. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse nesta segunda-feira (22/9), que irá propor um colegiado específico para minerais críticos na primeira reunião do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM). 

  • Segundo o ministro, a reunião de instalação será em outubro, com a presença do presidente Lula (PT).
  • A intenção do ministro é utilizar o órgão consultivo para discutir uma política nacional para minerais críticos e estratégicos, em meio a uma demanda crescente.

US$ 599 milhões para renováveis. Parcerias público-privado-filantrópicas da Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP) conseguiram mobilizar US$ 599 milhões em financiamento para energia renovável na América Latina e no Caribe. Ao todo, o investimento resultou em 22 projetos implantados ou prontos para implantação na região.
 
Apagão em SP. Pelo menos 579 mil clientes da Enel SP estão sem energia após fortes chuvas na capital paulista causarem danos à rede elétrica nesta segunda-feira (22/9) à tarde. As informações são do boletim das 15h (horário de Brasília) da companhia.
 
Nuclear na Europa. As duas maiores economias da União Europeia (UE), Alemanha e França, estão cada vez mais alinhadas. O novo chanceler Friedrich Merz e o presidente Emmanuel Macron vêm construindo uma relação marcada por proximidade pessoal e convergência estratégica — inclusive em um tema historicamente divisor, a energia nuclear. Leia na coluna Hidrogênio em foco
 
Eletrificando. O BNDES anunciou, nesta segunda-feira (22/9), a concessão de R$ 2,5 bilhões para a Starnav adquirir embarcações de apoio ao setor de óleo e gás, com motorização híbrida. A expectativa é reduzir cerca de 18% nas emissões de gases de efeito estufa em relação à frota atual.

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