JUIZ DE FORA — Segundo a diretora da Global Wind Energy Council (GWEC) no Brasil, Roberta Cox, o setor eólico espera que o governo anuncie na COP30, em novembro, em Belém, o primeiro leilão de áreas para a geração offshore do país.
“Por que não se apresentar como um país com uma matriz elétrica extremamente limpa e com ambições de descarbonizar outros setores com esses indicativos de que estamos abrindo uma nova fronteira energética limpa, com o leilão de eólicas offshore?”, questionou.
Para Cox, o país precisa avançar rapidamente na realização do primeiro leilão de energia eólica offshore para assegurar segurança jurídica e atrair a cadeia de suprimentos necessária ao setor.
“O cronograma, esse primeiro leilão, esse anúncio é muito importante para o mercado”, afirmou em entrevista ao estúdio eixos, durante o Fórum Nacional Energético, na quarta-feira (17/9), em Brasília. Assista na íntegra acima.
A diretora defendeu que a geração offshore deve ser pensada no médio e longo prazo. “Se a gente aprovar um leilão de energia hoje, a geração da eólica offshore vem daqui a oito, dez anos”, explicou, apontando o potencial de atrair indústrias interessadas em energia limpa.
Em junho, a EPE e o MME abriram consulta pública sobre critérios para definir áreas de futuros projetos.
Este ano, o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis, no Rio Grande do Norte (ISI-RN), obteve a primeira licença ambiental federal para eólicas offshore na América Latina.
Leilão chave para investimentos e indústria local
Segundo Cox, embora haja avanços, a indefinição sobre leilões tem levado empresas a desmobilizar estruturas no país. Ela ressaltou que “a diversificação é o caminho para a segurança energética”.
E lembrou que a demanda tende a crescer rapidamente: “estamos tendo diversos projetos de data centers com pedidos de conexão negados”.
Além dos centros de dados, setores como transportes, agricultura e indústria devem impulsionar a procura por energia limpa, com destaque para o hidrogênio e a amônia verde.
Entre os principais entraves, Cox apontou a disponibilidade de linhas de transmissão de energia, financiamento e licenciamento ambiental.
“Se você tiver linhas de transmissão e armazenamento, consegue não jogar fora toda essa energia renovável e armazená-la para usar quando tiver aumento de demanda”, observou.
E lembrou que mais de 3 mil projetos estão parados no mundo por falta de infraestrutura de transmissão.
Na conferência, a GWEC, em parceria com a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), lançará um relatório com o monitoramento da meta de triplicar renováveis até 2030.
Confira os destaques da entrevista com Roberta Cox:
- Expectativa de anúncio de leilão de offshore durante a COP30, em Belém.
- Setor cobra definição sobre calendário de leilões para garantir investimentos.
- Gargalos em transmissão, financiamento e licenciamento travam expansão das eólias offshore.
- Marco legal e primeira licença ambiental para eólica offshore emitida em junho, para o ISI-RN.
- Eletrificação e renováveis podem suprir demanda crescente de data centers, transportes e agricultura, com uso de hidrogênio e amônia verde
- Apresentação de monitoramento global da meta de triplicar renováveis até 2030 pela GWEC e Irena na COP30.
Acompanhe todas as transmissões ao vivo, entrevistas e programas do estúdio eixos. Veja o conteúdo em eixos.com.br/estudio e a programação completa no canal da agência eixos: youtube.com/@agenciaeixos.