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Índia lança política para energia geotérmica

Índia lança política nacional para desenvolver energia geotérmica, como parte da sua estratégia net zero até 2070

Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Foto: Alex Ferro/G20
Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Foto: Alex Ferro/G20

NESTA EDIÇÃO. Governo indiano quer superar barreiras de custos e riscos regulatórios para incentivar aproveitamento da energia geotérmica.

Calor do subsolo tem atraído países pelo potencial de fornecer energia de menor intensidade de carbono na corrida para substituir combustíveis fósseis.


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A Índia lançou nesta segunda (15/9) uma política nacional para desenvolver a energia geotérmica, como parte da sua estratégia para substituir combustíveis fósseis e alcançar emissões líquidas zero até 2070.
 
Em julho, o governo indiano anunciou o marco de 50% de capacidade instalada de eletricidade a partir de fontes não fósseis — cinco anos antes da meta estabelecida em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) ao Acordo de Paris.
 
De acordo com o documento (.pdf) publicado pelo Ministério de Energias Renováveis e Novas da Índia, o potencial geotérmico se somará ao mix renovável do país, como energia de base.
 
“A energia geotérmica oferece vantagens notáveis, incluindo geração de eletricidade 24 horas por dia, 7 dias por semana, fornecimento confiável de carga de base, maior estabilidade da rede, menores emissões de gases de efeito estufa (GEE) ao longo do ciclo de vida e maior segurança energética, especialmente em áreas remotas e inacessíveis”, diz o ministério.
 
Dos 484,82 GW instalados no país, 48,27% (234 GW) são renováveis, incluindo grandes hidrelétricas e mais 1,81% (8,78 GW) nuclear. A geração térmica fóssil responde pelos outros 49,92% (242 GW).
 
No recorte renovável, 49,38 GW correspondem a grandes hidrelétricas, enquanto 184,62 GW são referentes a fontes como solar, eólica e biomassa.
 
A Índia ainda não incorporou a geotérmica na sua matriz. 
 
O desenvolvimento de projetos que transformam o calor do subsolo em energia ainda enfrenta uma série de desafios como altos custos iniciais e riscos de exploração.
 
São justamente essas barreiras que o governo indiano pretende transpor, por meio de subsídios e regulação simplificada para atrair investimentos dos setores público e privado, indica o documento.
 
A política incentiva, por exemplo, a reutilização de poços de petróleo e gás abandonados e a implantação de bombas de calor geotérmicas para aquecimento e resfriamento.



Ao apostar na energia geotérmica, a Índia entra para a lista crescente de países que enxergam no calor subterrâneo uma alternativa para impulsionar suas transições para longe dos combustíveis fósseis.
 
É um movimento de adição energética que tenta responder às previsões de expansão vertiginosa na demanda por energia, em meio à eletrificação das economias e da fome voraz das inteligências artificiais. 
 
No mundo, a capacidade de geração geotérmica somou 15,4 GW no final de 2024, com os Estados Unidos na liderança (2,7 GW), seguidos por Indonésia (2,6 GW) e Filipinas (1,9 GW).
 
Os EUA, aliás, apesar do discurso contra transição energética do governo de Donald Trump, seguem apostando nesta fonte motivados pela demanda dos data centers.
 
Estimativas da McKinsey apontam que o país pode chegar a 40 GW até 2035 e 100 GW até 2050, de capacidade geotérmica.


Tarifa social. Ainda sem votação no Congresso Nacional, a Medida Provisória 1300/2025, que instituiu o programa “Luz do Povo” perde a validade na próxima quarta-feira (17/9). Segundo o governo, 60 milhões de pessoas estão sendo beneficiadas, mas se a MP caducar a iniciativa terá que ser revista.
 
Lula em Nova York. O presidente brasileiro participará, na próxima semana, de encontros para debater a democracia, questões climáticas e a busca por uma solução pacífica para a Palestina durante sua estadia em Nova York (EUA).

  • Os eventos ocorrerão à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas. Como é de praxe, o presidente brasileiro fará o discurso de abertura no evento, no dia 23. 

Tensões comerciais. Ao comentar relatos de que os EUA teriam pedido a aliados do G7 para impor sanções de 50% a 100% contra a China, o porta-voz do Ministério do Comércio chinês disse que a compra do petróleo da Rússia está sendo usada como “pretexto” para restrições econômicas e comerciais.
 
Desmatamento na Amazônia. Análise da série histórica do Mapbiomas divulgada nesta segunda-feira (15/9) revela que entre os anos de 1985 e 2024, o bioma perdeu 52 milhões de hectares de área de vegetação nativa. Representa 13% do território ocupado pela Amazônia e é equivalente ao tamanho da França.
 
Leilão das térmicas. A consulta pública sobre as regras dos leilões de reserva de capacidade (LRCAPs) previstos para 2026 foram encerradas na sexta (12/9). Confira a leitura preliminar das contribuições apresentadas pelos agentes na gas week.
 
Transição justa. O uso de energia solar por 154 famílias da Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos (SP) permitiu uma economia de R$ 110 mil entre março de 2024 e agosto de 2025, calcula a EDP. A empresa é responsável pela instalação de uma micro usina solar social de 75 kW, cuja geração é distribuída aos moradores da comunidade em forma de créditos na conta de luz.

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