NESTA EDIÇÃO. Gigantes do setor elétrico brasileiro pontuam alto em metas climáticas e investimentos alinhados com a transição.
Média do setor elétrico brasileiro supera internacional em índice que avalia posicionamento diante de novo cenário imposto pela emergência do clima.
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Análise do Climate Finance Hub Brasil (CFH Brasil) sobre 15 empresas do setor elétrico nacional aponta que, mais do que dono de uma matriz invejável por sua renovabilidade, o país também pode dar exemplo para o mundo na maturidade climática nesse aspecto.
De acordo com o relatório, o setor obteve média de 12,2 pontos de maturidade da transição climática em desempenho, com nota B na narrativa e tendência positiva (+).
Esse resultado é 2,3 vezes superior à média de 68 companhias internacionais do setor elétrico avaliadas pela World Benchmarking Alliance (WBA), que registraram nota 5,3 C-.
A metodologia avalia performance, narrativa e tendência.
No caso brasileiro, a maior pontuação foi em metas climáticas (80%) e investimento material (78,7%).
Em seguida veio modelo de negócio (65,7%), engajamento em políticas públicas (62,3%) e gestão (57,8%).
Outros aspectos analisados pelo CFH Brasil foram engajamento com clientes (41%), engajamento na cadeia de suprimentos (33,55%), desempenho do produto vendido (19,8%) e investimento intangível (17%).
No campo da governança, a média de pontuação foi de 57,8% de maturidade na transição climática.
A maioria das empresas (93%) já possui estruturas formais, como comitês e conselhos para tratar de questões climáticas. Em inovação, que recebeu a média mais baixa, 20% das empresas avaliadas relataram possuir patentes de tecnologias de baixo carbono, aponta o relatório.
Maioria é 100% renovável
Alupar, Cemig, Comerc Energia, Copel, CPFL Energia, CTG Brasil, EDP Brasil, Elera Renováveis, Eletrobras, Eneva, Enel Brasil, Energisa, Neoenergia, Órigo Energia e SPIC são as 15 empresas avaliadas pela CFH Brasil.
Todas fazem parte do Pacto Global da ONU e juntas representam mais de 70% da geração de energia elétrica no país.
Segundo o estudo, elaborado com apoio da Climate Arc, Instituto Itaúsa e Instituto Clima e Sociedade (iCS), 60% delas possuem portfólio 100% renovável e aquelas com ativos fósseis remanescentes contam com metas de redução de emissões, planos de desinvestimento e expansão de renováveis.
“Em relação à redução de emissões nos últimos anos, o setor demonstra consistência com ações de mitigação efetivas e ações estratégicas contínuas em direção à redução de emissões, com foco na eliminação de ativos fósseis”, aponta o documento.
Mas ainda existem desafios a serem superados. Especialmente na cadeia de valor.
Uma das constatações é que, como a energia renovável é predominante entre essas companhias, as emissões de Escopo 1 (operações) são mais baixas quando comparadas às médias globais.
No entanto, as emissões Escopo 3 (cadeia de suprimentos e produtos), que têm um peso maior no fim das contas, são pouco acompanhadas.
“Diante dos dados divulgados pelas companhias, percebe-se a falta de granularidade e transparência dos dados, especialmente em áreas como investimentos, ciclo de vida de ativos e engajamento com fornecedores e clientes”, alerta.
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