NESTA EDIÇÃO. Em momento de tensão com os EUA, governo brasileiro reitera intenção de integração energética com a Venezuela.
Relatório da reforma tributária muda tributação da nafta para conter fraudes no mercado de combustíveis.
Financiamento climático por bancos multilaterais de desenvolvimento bate recorde em 2024, com US$ 137 bilhões.
Governo trabalha para construir consenso com o Congresso Nacional em torno da política para minerais críticos. Enquanto isso, autorizações para pesquisa em terras raras tem um salto no Brasil.
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Conexão de Roraima abre caminho para Venezuela, em meio à ameaças de Trump
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), voltou a defender que a integração de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) abre uma oportunidade para a retomada da importação da energia da Venezuela pelo Brasil.
- “Essa linha está levando energia do Brasil para Roraima e depois pode trazer da Venezuela. E no futuro, com o Arco Norte, vai trazer também a Guiana”, afirmou durante a inauguração da linha Manaus-Boa Vista na quarta (10/9).
- O novo linhão está interligando o último estado brasileiro que ainda não estava conectado ao SIN.
A defesa da integração regional foi reforçada pelo pelo presidente Lula (PT) durante o evento.
- “Poucos países têm um sistema como nós temos. O dia que os presidentes da América do Sul tiverem consciência, a gente pode interligar todo o potencial hídrico da América do Sul. A gente será uma potência muito maior, fazendo com que nenhum país tenha problema de falta de energia”, disse o presidente.
As mensagens chegam num momento em que os Estados Unidos estão enviando navios de guerra para a costa venezuelana. Segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, a intenção é combater o narcotráfico.
- O tema é alvo de preocupação no governo brasileiro (Agência Brasil).
- É mais uma questão em meio ao contexto ruim na relação Brasil-EUA.
- Esta semana, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou ao responder uma pergunta sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro que os EUA “não têm medo de usar o poder econômico e militar para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo”.
Além da cooperação regional, Lula também voltou a alfinetar Trump e a defender a soberania brasileira.
- “Ao invés do Trump brigar com a gente, ele poderia vir aqui conhecer o nosso sistema interligado. Ele ia perceber que seria muito melhor para os Estados Unidos do que brigar com a gente, que não quer brigar”, disse.
A realidade para a retomada da importação da energia venezuelana, no entanto, enfrenta desafios práticos.
- A população de Roraima recebeu energia da hidrelétrica de Guri, no vizinho sul-americano, entre 2001 e 2019, ano em que a importação foi interrompida depois de uma série de apagões no país e às divergências ideológicas entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governo de Nicolás Maduro.
- Em dezembro de 2023, o governo Lula atualizou as regras de remuneração para a compra de energia venezuelana, elevando a receita dos importadores. Mais de dez comercializadoras tiveram pedidos de autorização aprovados para a importação, mas problemas de infraestrutura na Venezuela impediram a chegada de volumes maiores ao Brasil.
MP 1300. A medida provisória da tarifa social de energia elétrica foi retirada novamente da pauta da Câmara dos Deputados na quarta (10). Fracassou, assim, a previsão do governo de que a criação da nova tarifa social seria despachada para o Senado Federal antes desta quinta (11).
- A MP está sendo enxugada pelo relator Fernando Coelho Filho (União/PE), mediante um acordo que a reforma, com abertura do mercado, será feita na MP 1304, sob Eduardo Braga (MDB/AM).
Reforma tributária. Para atacar esquemas de sonegação e lavagem de dinheiro no mercado de combustíveis, o relatório do PLP 108/2025 passou a incluir insumos petroquímicos usados na formulação de gasolina e diesel no mesmo regime fiscal dos combustíveis. Trata-se da monofasia da nafta, o que significa o recolhimento de impostos em uma única fase da cadeia de transformação.
- O relator também é o senador Eduardo Braga.
Ainda sobre os crimes nos combustíveis. A ANP interditou uma base fantasma de distribuição de combustíveis em Iguatemi (MS). Das 24 empresas que utilizavam o local como “barriga de aluguel”, oito são investigadas pela Operação Carbono Oculto.
- Na esteira das discussões sobre o pacote do combate aos crimes, o IBP acredita que a criação de um Operador Nacional do Sistema de Combustíveis (ONSC) é incompatível com a realidade do mercado. Confira a entrevista da diretora executiva de Downstream do IBP, Ana Mandelli, ao estúdio eixos na Rio Pipeline & Logistics.
Novo oleoduto. A Transpetro vai expandir a malha de dutos no Centro-Oeste, ligando São Paulo ao Mato Grosso. O objetivo é atender ao agronegócio e à demanda de transporte de biocombustíveis no estado, que é o maior produtor nacional de grãos e gado.
Preço do barril. Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta pela terceira sessão seguida na quarta-feira (10/9), apoiados pelo aumento do prêmio de risco geopolítico tanto no Leste Europeu como no Oriente Médio.
- O Brent para novembro avançou 1,65% (US$ 1,10), a US$ 67,49 o barril.
- Ajudou a arrefecer a alta o aumento dos estoques de petróleo nos Estados Unidos, que subiram 3,939 milhões de barris na semana passada, segundo anúncio do Departamento de Energia na quarta.
Navio com diesel verde. OceanPact e Vast iniciaram os testes com diesel verde (HVO) em embarcações que atuam no Porto do Açu. O projeto vai observar a viabilidade do biocombustível no abastecimento dos navios que operam no terminal de transbordo de petróleo.
O&G no mercado de carbono. O IBP vai levar para a COP30 um estudo sobre a experiência internacional do setor de óleo e gás com a regulamentação do mercado de carbono. Em entrevista ao estúdio eixos, o presidente do instituto, Roberto Ardenghy, afirma que dupla contagem e fungibilidade estão entre as principais preocupações.
Resiliência climática. A Petrobras lançou um edital para investimento de R$ 21 milhões em projetos socioambientais nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. O foco é em ações de mitigação, adaptação ambiental e aumento da resiliência das cidades e comunidades vulneráveis.
IA na previsão do tempo. A Eletrobras está adotando a inteligência artificial na previsão meteorológica de áreas de influência de usinas, linhas de transmissão e ativos da empresa de energia no Brasil, com base em tecnologias do Google Cloud. Objetivo é ampliar a capacidade de prever eventos climáticos e orientar as tomadas de decisão.
Descarbonização na África. Instituições financeiras africanas e bancos de desenvolvimento anunciaram um compromisso de US$ 100 bilhões para apoiar os planos de industrialização verde da África, com base no plano de expansão da energia renovável para 300 GW até 2030. Leia na diálogos da transição.
Financiamento a países emergentes. Bancos multilaterais de desenvolvimento forneceram um recorde de US$ 137 bilhões em financiamento climático em 2024, um aumento de 10% em relação ao ano anterior, com a maior parte direcionada a países de renda média e baixa.
Tarifas de transporte de gás. O diretor-presidente da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil (TBG), Jorge Hijjar, vê com preocupação o risco de atraso na revisão tarifária das transportadoras, após a ANP adiar a consulta pública sobre os critérios de cálculo das tarifas.
Cozinhas sustentáveis. Convênio entre a Itaipu Binacional e a Cáritas Brasileira vai investir cerca de R$ 3 milhões na instalação de biodigestores e placas fotovoltaicas em cozinhas comunitárias em diferentes cidades brasileiras. A assinatura do acordo ocorreu nesta quarta (10), com o ministro Alexandre Silveira, e a primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Opinião: As propostas de flexibilização no envase de botijões partem de um diagnóstico correto, mas correm o risco de fragilizar conquistas históricas de segurança e de responsabilização, escreve o sócio fundador do Costa Rodrigues Advogados (COSRO), Alexandre B. Calmon.
Minerais críticos. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou na quarta (10/9) que a estratégia do governo é construir um consenso com o Congresso Nacional em torno da política para minerais críticos.
- Segundo Silveira, o tema será discutido nos próximos dias com a primeira reunião do Conselho Nacional de Política Mineral, criado em 2022.
De olho nas terras raras. As autorizações para pesquisa em terras raras no Brasil saltaram de 40 em 2015 para 1.361 em 2024, com uma aceleração vertiginosa desde 2020, demonstrando um aumento de interesse de mineradoras por estes recursos, aponta a Agência Nacional de Mineração (ANM).