NESTA EDIÇÃO. Instituições financeiras prometem US$ 100 bilhões para industrialização verde na África.
Continente cobra recursos para acompanhar a transição energética global e levar eletricidade a cerca de 600 milhões de pessoas.
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Instituições financeiras africanas e bancos de desenvolvimento anunciaram, nesta quarta (10/9), um compromisso de US$ 100 bilhões para apoiar os planos de industrialização verde do continente, com base no plano de expansão da energia renovável para 300 GW até 2030.
O anúncio vem na esteira de uma crescente mobilização de recursos domésticos para projetos de geração renovável na região, onde o acesso à eletricidade ainda é um desafio para 600 milhões de pessoas.
Esta semana, a Etiópia sediou a 2ª Cúpula do Clima da África e aproveitou para lançar sua candidatura para sediar a COP32, em 2027, disputando com Lagos, enquanto Índia e Coreia do Sul já se movimentam pela COP33, em 2028.
O encontro terminou nesta quarta com os líderes africanos adotando a Declaração de Adis Abeba (cidade onde ocorreu a cúpula) com transição justa e financiamento no topo da lista de prioridades a serem levadas para a COP30, no Brasil.
Eles estimam que mais de US$ 3 trilhões são necessários até 2030 para cumprir suas metas climáticas. Mas apenas US$ 30 bilhões estão chegando até suas nações.
Além do compromisso com a industrialização verde — o que inclui projetos de hidrogênio renovável e minerais críticos, mas também gás natural —, há um pacto de apoio a soluções climáticas locais.
A Africa Climate Innovation Compact (ACIC) e o African Climate Facility (ACF) prometeram mobilizar US$ 50 bilhões anuais em financiamento para impulsionar iniciativas de inovação para enfrentar os desafios climáticos em energia, agricultura, água, transporte e resiliência.
A parceria foi apresentada pelo primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, já com a meta de entregar 1.000 soluções africanas até 2030. Para isso, serão mobilizadas universidades, instituições de pesquisa, startups e comunidades rurais em todo o continente.
Reforma do sistema financeiro
Países de renda média e baixa, como os africanos, mas também Brasil e seus vizinhos sul americanos, enfrentam mais dificuldades no acesso ao financiamento o que, em muitos casos, atrasa a transição energética nessas regiões.
Para reverter esse quadro, essas nações defendem uma reforma acelerada dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs), agenda da cúpula africana que deve ser retomada em novembro, na conferência do clima de Belém (PA).
Esta semana, os MDBs divulgaram um relatório conjunto prestando contas do financiamento climático em 2024: um recorde de US$ 137 bilhões, dos quais US$ 85,1 bilhões destinados a países emergentes e em desenvolvimento.
Esses aportes foram liderados pelo Banco Mundial (US$ 41,1 bilhões), Asian Development Bank (US$ 12,2 bilhões), Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (US$ 8 bilhões), BID (US$ 5,6 bilhões), African Development Bank (US$ 5,5 bilhões) e Asian Infrastructure Investment Bank (US$ 5,2 bilhões).
Enquanto o montante de financiamento privado ficou em US$ 33 bilhões, contra US$ 101 bilhões para países ricos.
Já os aportes dos MDBs para países de alta renda totalizaram US$ 51,5 bilhões, dos quais US$ 43 bilhões fornecidos pelo Banco Europeu de Investimento (EIB, em inglês).
Entre as 10 instituições de fomento listadas no relatório, o EIB foi o único a destinar mais recursos para países ricos.
Cobrimos por aqui
Curtas
Integração energética. O presidente Lula (PT) defendeu uma maior integração energética entre os países da América do Sul e a ampliação do comércio com o Caribe na quarta (10/9), durante participação no evento de energização da linha de transmissão Manaus-Boa Vista, que vai conectar o estado de Roraima ao SIN.
- Lula destacou que o SIN é um modelo para o mundo e afirmou que a região “pode ser o centro da transição energética que o mundo precisa”.
Minerais críticos. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), afirmou nesta quarta (10/9) que a estratégia do governo é construir um consenso com o Congresso Nacional em torno da política para minerais críticos.
- Segundo Silveira, o tema será discutido nos próximos dias com a primeira reunião do Conselho Nacional de Política Mineral, criado em 2022.
De olho nas terras raras. As autorizações para pesquisa em terras raras no Brasil saltaram de 40 em 2015 para 1.361 em 2024, com uma aceleração vertiginosa desde 2020, demonstrando um aumento de interesse de mineradoras por estes recursos, aponta a Agência Nacional de Mineração (ANM).
O&G no mercado de carbono. O IBP vai levar para a COP30 um estudo sobre a experiência internacional do setor de óleo e gás com a regulamentação do mercado de carbono. Em entrevista ao estúdio eixos na Rio Pipeline & Logistics, o presidente do instituto, Roberto Ardenghy, afirma que dupla contagem e fungibilidade estão entre as principais preocupações.
Cozinhas sustentáveis. Convênio entre a Itaipu Binacional e a Cáritas Brasileira vai investir cerca de R$ 3 milhões na instalação de biodigestores e placas fotovoltaicas em cozinhas comunitárias em diferentes cidades brasileiras. A assinatura do acordo ocorreu nesta quarta (10), com o ministro Alexandre Silveira (PSD), e a primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Navio com diesel verde. OceanPact e Vasta iniciaram os testes com diesel verde (HVO) em embarcações que atuam no Porto do Açu. O projeto vai observar a viabilidade do biocombustível no abastecimento dos navios que operam no terminal de transbordo de petróleo.
IA na previsão do tempo. A Eletrobras está adotando a inteligência artificial na previsão meteorológica de áreas de influência de usinas, linhas de transmissão e ativos da empresa de energia no Brasil, com base em tecnologias do Google Cloud. Objetivo é ampliar a capacidade de prever eventos climáticos e orientar as tomadas de decisão.