RIO — O presidente Lula (PT) defendeu uma maior integração energética entre os países da América do Sul e a ampliação do comércio com o Caribe na quarta (10/9), durante participação no evento de energização da linha de transmissão Manaus-Boa Vista, que vai conectar o estado de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Lula destacou que o SIN é um modelo para o mundo e afirmou que a região “pode ser o centro da transição energética que o mundo precisa”.
“Poucos países têm um sistema como nós temos. O dia que os presidentes da América do Sul tiverem consciência, a gente pode interligar todo o potencial hídrico da América do Sul. A gente será uma potência muito maior, fazendo com que nenhum país tenha problema de falta de energia”, disse.
“Acho que vai levar um tempo ainda mas acho que os governantes do mundo terão que compreender que quanto mais a gente estiver compartilhando as coisas bem-sucedidas melhor será para a região”, acrescentou.
O presidente lembrou que a conexão de Roraima ao SIN vai ajudar a substituir a geração a óleo diesel pelo suprimento de energia limpa, no momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30 em Belém (PA), em novembro. Roraima era o último estado brasileiro que ainda não estava conectado ao SIN e, por isso, dependia da geração termelétrica até então.
“Chega de ser um país em desenvolvimento, essa transição energética nos permite dar um salto de qualidade”, disse.
Lula afirmou também que a região Norte tem “uma possibilidade extraordinária de comércio com o Caribe” e destacou que a conexão de Roraima ao SIN, além dos novos cabos de fibra óptica na região, criam condições para investimentos no estado visando exportações para a região.
“Roraima está ligada ao restante do Brasil, não existe mais diferença”, destacou.
Lula cobrou ainda que a energia chegue mais barata à população do estado.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), a conexão ao SIN vai permitir uma economia de R$ 45 milhões por mês na Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que custeia as termelétricas a diesel nos sistemas isolados.
O ministro também afirmou que no futuro os pequenos reatores nucleares podem ser uma solução de energia limpa para os sistemas que permanecerem isolados.
Em relação à integração regional, Silveira lembrou que o Brasil ajudou a prover segurança no suprimento da Argentina nos últimos anos, por meio de exportações de energia.
Afirmou, ainda, que o novo linhão pode no futuro trazer energia da Venezuela para o restante do Brasil, já que o país vizinho é conectado a Roraima. No passado, o estado já importou energia da hidrelétrica venezuelana de Guri, que tem 8 gigawatt de capacidade, mas a conexão precisa de reformas para ser retomada.
“Essa linha está levando energia do Brasil para Roraima e depois pode trazer da Venezuela. E no futuro, com o Arco Norte, vai trazer também a Guiana. Então estamos fazendo uma interação energética”, disse o ministro.