NESTA EDIÇÃO.Interesse de petroleiras independentes em áreas devolvidas pela Petrobras movimenta ANP e governos estaduais.
Petrobras reduz preço do querosene de aviação em setembro.
Eleições na Bolívia abrem janela para revisão das tarifas cobradas pelo trânsito internacional do gás argentino ao Brasil.
TCU conclui auditoria sobre distribuidoras de energia elétrica.
MME divulga resultado da chamada pública para hubs de hidrogênio.
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Fim de contratos da Petrobras movimenta mercado
A Petrobras optou por devolver à ANP mais de 50 campos da Rodada Zero que chegaram ao fim do contrato em 2025. As petroleiras independentes estão se movimentando, de olho em assumir o controle desses ativos.
- O programa de desinvestimentos da estatal chegou ao fim no governo Lula (PT), mas ainda há interesse entre as companhias menores em ampliar o portfólio no país, de olho nas oportunidades de produção remanescentes em áreas maduras.
O potencial é considerável: há campos em águas profundas e parte das áreas atingiu o pico de produção ao final da década passada.
- É o caso, por exemplo, dos campos de Lagosta e Merluza, em águas rasas na Bacia de Santos, que chegaram a produzir juntos mais de 3,5 mil barris de óleo equivalente por dia em 2019.
- Segundo fontes, há inclusive empresas que ainda não atuam no país e que veem esses ativos como uma oportunidade para estrear no Brasil.
A estatal tem concessões que tiveram o fim da fase de produção em 2025 nos estados do Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Amazonas, Bahia, além da Bacia de Campos.
- São os contratos da época da Lei do Petróleo e da criação da ANP, em 1998, que tinham previsão de 27 anos de duração, encerrados em 2025.
- Muitos destes contratos chegaram ao fim no mês de agosto. Entram, agora, em status de descomissionamento dentro da ANP.
- “É uma dupla situação: [essas áreas] não foram renovadas as concessões e estão incluídas no programa de descomissionamento. Então, esse é um desafio”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo (Abpip), Márcio Félix, durante o energy talks de segunda (01/9). Assista na íntegra.
Há uma discussão nos bastidores entre a ANP, governos estaduais e a própria Petrobras para aproveitar os contratos atuais para a retomada da produção sob o controle de outras operadoras.
- O rito normal é a devolução seguida de relicitação nos leilões da oferta permanente.
- Outra opção, levada pelo governo de Sergipe, é rever o prazo limite para a devolução, dando mais tempo para negociações com o mercado.
- A ideia é acelerar a retomada de investimentos em ativos que estão hibernados
Um dos principais desafios é o destino das áreas na Bacia de Campos, que acabaram sendo incluídas dentro do polígono do pré-sal e precisam ser recontratadas pelo modelo de partilha, menos atraente para áreas com acumulações menores.
Redução do QAV… A Petrobras informou que o preço médio de venda do querosene de aviação para as distribuidoras terá uma redução de 3,7% em setembro, o que corresponde a uma queda de R$ 0,13/litro em relação ao preço do mês anterior. O novo preço já entrou em vigor.
… Mas alta no barril. Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta na segunda (1/9), enquanto o mercado acompanha a continuidade de tensões entre a Índia e os EUA — por conta da compra indiana pela commodity da Rússia —, e digere dados positivos da economia da China, que podem impulsionar a demanda.
- O Brent para novembro avançou 0,99% (US$ 0,67), a US$ 68,15 o barril.
Novo preço de referência. Entrou em vigor na segunda-feira (1/9) a nova metodologia para cálculo do preço de referência do petróleo, usada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para definir a base de royalties e participações especiais.
- A mudança ocorre após quatro anos de debates e resistência de empresas do setor.
Falta de combustível. Postos de gasolina ficaram sem combustível em algumas regiões da Rússia depois dos ataques das últimas semanas de drones ucranianos a refinarias e outras infraestruturas petrolíferas. Motoristas tiveram de esperar em longas filas e autoridades recorreram ao racionamento ou ao corte total das vendas.
Opinião. A coordenação e a qualificação das políticas de enfrentamento aos crimes no mercado de combustíveis representam não apenas uma resposta à ilegalidade, mas uma oportunidade de fortalecer o Estado e a sociedade, estimulando a atividade econômica e o desenvolvimento equilibrado do país, escreve o diretor executivo da ANDC, Francisco Neves.
Mercado no Cone Sul. As eleições presidenciais na Bolívia abrem uma nova janela de oportunidade para rediscussão da integração do mercado de gás natural no Cone Sul – e para uma revisão das tarifas atualmente cobradas pelo trânsito internacional do gás argentino ao Brasil, pela infraestrutura boliviana de gasodutos ociosos.
- Esse foi um dos assuntos debatidos no quinto episódio do videocast gas week, com Pablo Campana, gerente da unidade Brasil da Pluspetrol, e Gabriela Aguilar, vice-presidente da Excelerate Energy para a América do Sul. Assista na íntegra.
Classificação de gasodutos. A Abegás pediu à ANP que suspenda não só a regulamentação dos critérios para classificação de gasodutos, mas as todas as consultas públicas em aberto que tratam do setor de transporte de gás natural.
- A associação entende que a discussão simultânea sobre quatro temas que conectam-se entre si “pode comprometer a análise dos agentes envolvidos e resultar em inconsistências regulatórias de grande repercussão”.
Mudanças no segmento do botijão. O presidente do Sindigás, Sérgio Bandeira de Mello, criticou as propostas em discussão na ANP que alteram a estrutura do mercado de GLP e disse que podem atrair o crime organizado, a exemplo do que ocorre no setor de combustíveis.
- Segundo Bandeira de Mello, novos entrantes sem escala dificilmente conseguirão competir com grandes distribuidoras. “Esses agentes, no dia seguinte, vão descobrir que não têm escala. Isso abre espaço para oportunistas que podem recorrer a práticas irregulares”, disse em entrevista ao energy talks.
Opinião. Com investimentos contínuos e robustos e visão de longo prazo, a Petrobras reduziu a dependência de importações, por gasodutos ou GNL, e promoveu o desenvolvimento da oferta de gás nacional com menor pegada de carbono e maior competitividade, escreve a diretora executiva de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Angelica Laureano.
Deflação. A tarifa de eletricidade residencial foi o principal fator de queda do IPC-S em agosto, segundo a Fundação Getulio Vargas. O item passou de uma queda de 2,51% na terceira quadrissemana do mês para uma retração de 4,76% na última leitura.
Auditoria das distribuidoras. O TCU apresenta na quarta (3/9) uma auditoria sobre a sustentabilidade econômico-financeira das concessões de distribuição de energia elétrica, bem como as providências adotadas pelos órgãos e entidades competentes em relação aos problemas identificados.
- A saúde financeira das distribuidoras é um dos pilares para a renovação contratual, por 30 anos, das concessões. O resultado dessa auditoria deve subsidiar a tomada de decisão da Corte de Contas em relação à prorrogação dos contratos. .
O mercado livre de energia apresentou expansão de 4,8% no consumo em julho, na comparação com julho do ano passado, alcançando 20.760 GWh. O montante corresponde a 46% do consumo nacional de energia elétrica no mês, informou a EPE.
- Mas a classe industrial teve uma queda de 1% no consumo em julho, puxada sobretudo pelo setor metalúrgico.
Transição chinesa. A China está finalizando o maior complexo solar do planeta, instalado em 610 km2 da região do Tibete — área comparável à cidade de Chicago. O empreendimento terá capacidade de geração equivalente ao consumo de cerca de 5 milhões de residências e integra a estratégia nacional de reduzir o uso de combustíveis fósseis.
Hubs de hidrogênio. Aço e fertilizantes de baixo carbono estão na lista divulgada pelo MME com o resultado da chamada pública para hubs de hidrogênio. Segundo o governo, todas têm alto potencial de implementação até 2035.
- O edital é uma das principais ações do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2).
Estreia no mercado de carbono. A produtora de etanol de milho FS firmou os primeiros acordos para a venda futura de créditos de carbono derivados do seu projeto de captura e armazenamento. Com títulos negociados ao preço médio de US$ 150, as transações marcam as primeiras vendas de remoção de carbono atrelada à produção de biocombustíveis do Brasil. Entenda melhor com a diálogos da transição.
Tarifaço. Cerca de 130 empresários embarcam para os Estados Unidos nesta semana, em missão empresarial organizada pela CNI. O objetivo é abrir caminhos para reverter a taxa de 50% aplicada sobre produtos brasileiros. Os setores mais afetados pelo tarifaço também estarão representados, como máquinas e equipamentos, madeira, café e cerâmica.