O mercado livre de energia apresentou expansão de 4,8% no consumo em julho, na comparação com julho do ano passado, alcançando 20.760 gigawatts-hora (GWh). O montante corresponde a 46% do consumo nacional de energia elétrica daquele mês, informou a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), na resenha mensal sobre o mercado de eletricidade.
O número de consumidores atendidos nesse ambiente de contratação cresceu 49,7% em um ano, acrescentou a instituição, sem citar o número total.
Ainda segundo a EPE, o Sul foi a região que mais expandiu o consumo no mercado livre no mês passado, com alta da ordem de 10% na comparação anual, enquanto o Centro-Oeste teve o maior aumento no número de consumidores livres, de 72,1%.
A expansão ocorre ainda na esteira da abertura do mercado livre para todos os consumidores de energia atendidos em alta tensão (grupo A), a partir de janeiro do ano passado, o que levou a um forte movimento de migração de consumidores do chamado mercado “cativo”, atendido pelas distribuidoras, para o segmento de comercialização livre.
A EPE cita relatório de migração da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de julho deste ano, segundo o qual 27 mil consumidores migraram em 2024 e há previsão de quase 20 mil migrarem em 2025.
Impacto para as distribuidoras
A migração afeta o desempenho do consumo no mercado regulado, operado pelas distribuidoras. Em julho, esse ambiente de contratação recuou 2,8%, para 24.417 GWh, respondendo por 54% do consumo nacional.
A despeito da saída de muitos consumidores de suas bases de clientes, as distribuidoras ainda registraram no mês passado um aumento de 1,7% no número de consumidores frente a julho de 2024.
Segundo a EPE, a região Sul registrou a menor retração do consumo, de 0,2%, enquanto a região Norte teve o maior aumento no número de consumidores cativos (+3,3%).
Consumo de residências sobe em julho
O consumo de energia elétrica das residências cresceu 5,9% em julho, na comparação com mesmo mês do ano passado, e alcançou 14.219 gigawatts-hora (GWh). Para a EPE, o desempenho pode ser explicado pelo frio intenso em boa parte do país, que estimulou o maior uso de sistemas de aquecimento nas residências.
Além disso, a instituição cita que a melhora no emprego e na renda, aliada à ampliação da base de consumidores, também pode ter favorecido a expansão.
As demais classes de consumo apresentaram queda. As indústrias registraram diminuição de 1% na demanda por eletricidade, para 16.617 GWh, com 18 dos 37 setores monitorados pela EPE apresentando retração.
Já o segmento comercial reduziu seu consumo em 1,5%, para 7.766 GWh, o que seria explicado pelas condições climáticas mais amenas, que reduzem a carga térmica dos ambientes, e pelo impacto do avanço da micro e minigeração distribuída (MMGD). A classificação “outros” teve recuo de 3,6%, para 6.575 GWh.
No consolidado, o consumo de eletricidade do país alcançou 45.177 GWh em julho de 2025, alta de 0,6% em relação ao verificado no mesmo mês do ano passado.
Metalurgia derruba consumo industrial
A retração da demanda por eletricidade pelo setor metalúrgico foi a principal responsável pela baixa de 1,0% no consumo de energia elétrica da classe industrial em julho, de acordo com a EPE. A queda do consumo elétrico industrial interrompeu 24 meses de taxas positivas.
Segundo o levantamento, o setor metalúrgico diminuiu em 146 gigawatts-hora (GWh), ou 3,4%, seu consumo naquele mês e respondeu sozinho por mais de 90% de toda a retração da indústria. O desempenho do segmento foi impactado pela produção siderúrgica, que recuou quase 10% na comparação com julho de 2024.
Além da metalurgia, outros quatro dos dez setores mais eletrointensivos da indústria reduziram seu consumo elétrico. Papel e celulose teve a maior retração porcentual, de 8,7% (ou -79 GWh), seguida de produtos químicos (-6,1%, ou -99 GWh); produtos de metal (-5,3%, -20 GWh); e setor automotivo (-0,5%, -3 GWh).