O diretor de investimentos sustentáveis da BlackRock, Eric van Nostrand, destacou que os mercados emergentes ainda carecem de uma base de dados concretos e robustos que orientem investimentos ESG (Ambiental, Social e Governança, em inglês) da instituição.
“Os dados são o principal desafio dos mercados emergentes. É mais difícil gerarmos insights do mesmo tipo que fazemos no mundo desenvolvido”, afirmou Nostrand, durante webinar promovido pelo Citi na última terça (18).
Segundo ele, o setor global de gestão de ativos tem um papel importante no desenvolvimento desses dados para “compreender melhor os desafios especiais de sustentabilidade enfrentados no mundo emergente” e, assim, identificar oportunidades de investimentos sustentáveis nestas regiões.
“É uma parte importante do mercado que não pode ser ignorada”, declarou.
Greenwashing
A preocupação com dados concretos é para verificar se ao longo do tempo houve, de fato, melhoria nos perfis de sustentabilidade das empresas e, dessa forma, evitar a prática de greenwashing — quando companhias se beneficiam de uma aparência de sustentabilidade sem de fato praticá-la.
“A descaracterização dos investimentos sustentáveis das empresas é um risco real para o setor no momento”, disse o executivo.
“A maior parte de nossa estratégia de investimento que tenta identificar esse desempenho de longo prazo está focada em dados concretos. É importante garantir que o discurso em torno da sustentabilidade seja condizente com a prática”, ressaltou Nostrand.
Segundo ele, o desenvolvimento de novas tecnologias financeiras, como a adoção de sistemas de big data e blockchain irão auxiliar muito o mercado na garantia do cumprimento dos compromissos ESG divulgados pelas companhias.
“Estou definitivamente empolgado para ver nos próximos anos o que a evolução das tecnologias financeiras tem a trazer para a evolução dos dados”.
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Critérios ESG alinhados ao retorno financeiro
Eric van Nostrand ressaltou que os critérios ESG não podem nortear sozinhos os investimentos e devem estar incorporados aos métodos tradicionais de avaliação já utilizados no mercado para medir riscos e retornos financeiros.
“Investimentos sustentáveis não significam jogar fora todas as formas de fazer as coisas, repensar tudo do zero. Pensamos aplicar técnicas tradicionais de investimentos para este novo reconhecimento dos riscos climáticos, e os outros riscos sustentáveis”, disse o executivo.
Ele destacou que, no caso de critérios ambientais, deve haver uma visão integrada entre crescimento dos negócios e a redução de emissões da companhia.
Segundo Nostrand, nem sempre a empresa mais “limpa” é a mais resiliente, mas aquela que no seu histórico vem demonstrando maior capacidade de se manter lucrativa durante a transição para uma economia de baixo carbono.
“Não pode mais ser sobre ESG simples. Não pode ser apenas pegar uma empresa que tem menos carbono em um período e excluir empresas que emitem um pouco mais”, ressaltou.
“Quando você corta suas emissões de carbono e mantem sua margem de lucro é um sinal de eficiência financeira, um sinal de melhor preparo para uma transição para uma economia de baixo carbono”, completou.
S de Stakeholders
Além de fatores ambientais, Eric destacou que a gestora também vem utilizando a estruturação de dados para medir o impacto social das empresas, e identificar quais são as mais e as menos engajadas com seus funcionários.
“Encontramos um elo entre funcionários mais felizes e funcionários que proporcionam maior produtividade do trabalho (…) Um vínculo empírico de longo prazo entre maior produtividade do trabalho e desempenho financeiro da companhia”, disse.
Além do bem-estar dos funcionários, o executivo considera que o “S” do ESG deve ter uma concepção ampla, considerando todos os stakeholders da empresa.
“Achamos muito importante identificar as empresas que estão fazendo um bom trabalho na conexão com seus funcionários, como também com seus stakeholders, seus clientes, governantes externos, para aumentar a produtividade”.
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