Os gastos das famílias brasileiras com a energia elétrica residencial caíram 4,93% em agosto, item de maior impacto individual negativo sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) do mês, uma contribuição de -0,2 ponto porcentual (p.p.).
O resultado é consequência da incorporação do Bônus de Itaipu, desconto nas contas deste mês que beneficiou 80,8 milhões de consumidores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (26/8).
A taxa do IPCA-15 foi de queda de 0,14% em agosto.
A bonificação compensou a bandeira tarifária vermelha patamar 2 ainda em vigor, que adicionou R$ 7,87 à conta de luz a cada 100 Kwh consumidos neste mês.
Quanto aos reajustes, houve altas de 4,25% em Belém a partir de 7 de agosto; 13,97% em uma das concessionárias em São Paulo em 4 de julho; de 1,97% em Curitiba em 24 de junho; de 14,19% em uma das concessionárias em Porto Alegre em 19 de junho; além de redução de 2,16% em uma das concessionárias do Rio de Janeiro em 17 de junho.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, quatro apresentam deflação na prévia de agosto. Destaque para Habitação, que passou de uma elevação de 0,98% em julho para um recuo de 1,13% em agosto, uma contribuição de -0,17% para o IPCA-15 deste mês, segundo o IBGE.
A taxa de água e esgoto subiu 0,29 ponto porcentual em agosto, puxada pelo reajuste de 4,97%, em Salvador em 18 de julho. O gás encanado avançou 0,17%, após reajuste de 6,41% nas tarifas em Curitiba a partir de 1º de agosto e a redução de 1,22 ponto porcentual no Rio de Janeiro em 1º de agosto.
Em julho, o IPCA-15 tinha marcado 0,33%. O resultado de agosto é o menor desde setembro de 2022 (-0,37%) e a primeira deflação (inflação negativa) desde julho de 2023 (-0,07%). Em agosto de 2024, o índice foi de 0,19%.
Com o resultado conhecido nesta terça-feira, o IPCA-15 acumulado em 12 meses fica em 4,95%. Em julho, era 5,30%. O governo trabalha com meta de manter a inflação oficial em 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 p.p. para mais ou para menos, isto é, o máximo tolerado em 4,5%.
Gasolina
O grupo dos Transportes apresentou deflação de -0,47% na prévia de agosto, o que representa impacto de -0,10 p.p. no IPCA-15. O resultado foi impulsionado pelas quedas nas passagens aéreas (-2,59%), automóvel novo (-1,32%) e na gasolina (-1,14%).
A gasolina é o subitem da cesta de consumo do brasileiro com maior peso, e a queda em agosto representou impacto de -0,06 p.p.
O conjunto de combustíveis recuou -1,18% em média, com deflação dos preços do óleo diesel (-0,20%), gás veicular (-0,25%) e etanol (-1,98%).
Alimentos
O segundo grupo que mais ajudou a segurar a inflação foi o de Alimentos e Bebidas, que recuou 0,53% (impacto de -0,12 p.p.). É o terceiro mês seguido de deflação no preço da comida, depois de nove meses seguidos de alta.
A alimentação no domicílio caiu 1,02% em agosto, com destaque para as quedas da manga (-20,99%), batata-inglesa (-18,77%), cebola (-13,83%), tomate (-7,71%), arroz (-3,12%) e carnes (-0,94%).
Demais grupos
O grupo Comunicação caiu 0,17% no mês, com impacto de -0,01 p.p. na inflação. Os demais cinco grupos tiveram variações e impactos positivo ou nulo:
- Despesas pessoais (1,09% e 0,11 p.p.)
- Educação (0,78% e 0,05 p.p.)
- Saúde e cuidados pessoais (0,64% e 0,09 p.p.)
- Vestuário (0,17% e 0,01 p.p.)
- Artigos de residência (0,03% e 0,00, p.p.)
Prévia e inflação oficial
O IPCA-15 tem basicamente a mesma metodologia do IPCA, a chamada inflação oficial, que serve de base para a política de meta de inflação do governo.
A diferença está no período de coleta de preços e na abrangência geográfica. Na prévia, a pesquisa e feita e divulgada antes mesmo de acabar o mês de referência. Em relação à divulgação atual, o período de coleta foi de 16 de julho a 14 de agosto.
Ambos os índices levam em consideração uma cesta de produtos e serviços para famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos. Atualmente o valor do mínimo é R$ 1.518.
O IPCA-15 coleta preços em 11 localidades do país (as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.); e o IPCA, 16 localidades (inclui Vitória, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju). O IPCA cheio de agosto será divulgado em 10 de setembro.
Com informações da Agência Brasil e do Estadão Conteúdo.