NESTA EDIÇÃO. Analistas veem novas restrições na oferta global de petróleo e alta nos preços em 2026.
FPSO Almirante Tamandaré registra recorde de produção em uma plataforma da Petrobras.
Acelen negocia 80% da produção futura de combustível sustentável de aviação com clientes dos EUA, Europa e Brasil.
Geração solar fotovoltaica no Brasil chega a 60 GW.
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Mesmo sem novas tarifas contra óleo russo, queda no preço do barril será breve
O mercado global de petróleo deve viver novas restrições em 2026 que vão elevar o preço do barril, mesmo sem as tarifas secundárias que os Estados Unidos ameaçaram aplicar contra o petróleo da Rússia.
- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que não vai cobrar novas taxas da China por comprar petróleo russo.
- Segundo Trump, a trégua é resultado dos avanços das negociações para encerrar a guerra da Ucrânia, depois da reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, na sexta-feira (15/8).
- Antes mesmo do anúncio, o mercado começou a precificar o recuo das ameaças: na sexta, Brent para outubro recuou 1,48%, a US$ 65,85 o barril. Ao longo da semana passada, a cotação caiu 1,1%.
A tendência para o segundo semestre de 2025 é de continuidade da queda: segundo a S&P Global Commodity Insights, as cotações podem retornar para a faixa dos US$ 50 nos próximos meses, com o aumento nos estoques globais e o avanço nos acordos internacionais para lidar com as políticas comerciais dos EUA.
Mas o cenário vai ser temporário: a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) deve anunciar novos cortes de produção em 2026.
- Recentemente, o cartel decidiu que a partir de setembro vai acabar com as restrições à produção estabelecidas em 2023.
- Ainda assim, o grupo segue buscando preços próximos aos US$ 80, cotação que permite o equilíbrio fiscal dos integrantes do cartel.
- “A partir do ano que vem, em algum momento, a Opep deve cortar 1,6 milhão de barris/dia”, prevê Lenny Rodriguez, analista da S&P Global Commodity Insights.
Também contribui para o cenário de menor oferta a expectativa de queda na extração em países que são grandes exportadores, como os EUA e a Noruega.
Caso as projeções se confirmem, o principal impacto no Brasil será sobre os preços dos combustíveis.
- Vale lembrar que 2026 é um ano eleitoral no Brasil e que as cotações do diesel e da gasolina são um dos temas mais sensíveis para a população.
- No centro desse debate, como sempre, está a Petrobras: a definição de preços de combustíveis da estatal no atual governo passou considerar outras variáveis, como a participação de mercado e a competitividade em relação a concorrentes, mas as cotações internacionais seguem tendo peso na composição final.
- Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), os preços da gasolina da estatal estão acima das cotações internacionais há semanas. Na sexta (15), a média da gasolina estava 3% acima do preço de importação, enquanto o diesel estava 3% mais barato do que no exterior.
Maior produção em uma plataforma. O FPSO Almirante Tamandaré atingiu na quinta (14/8), o recorde de produção de 225 mil barris de petróleo/dia, maior vazão da história da Petrobras. A unidade entrou em operação em fevereiro, no campo de Búzios, no pré-sal da bacia de Santos.
Estreia na compra de petróleo. A Prio venceu pela primeira vez um leilão da PPSA para negociar petróleo da União. A venda spot da carga, proveniente do campo de Atapu, tem volume estimado em 500 mil barris. O embarque está programado para ocorrer na segunda quinzena de novembro de 2025.
80% do SAF vendido. A Acelen já tem contratos de venda de longo prazo para 80% da futura produção de combustível sustentável de aviação na Bahia. Os clientes são dos Estados Unidos, Europa e Brasil, conta o CEO da companhia, Luiz de Mendonça.
- Contudo, o executivo demonstrou preocupação com a revisão de créditos fiscais nos EUA para biocombustíveis importados e a dificuldade do setor aéreo europeu em cumprir os mandatos.
Carro sustentável. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou no sábado (16/8) que houve crescimento de 108% na venda de “carros sustentáveis” em uma unidade da concessionária Prima Via Fiat, em Brasília (DF).
- O programa do governo, lançado há cerca de um mês, reduz as alíquotas de IPI dos carros mais leves e econômicos, movidos a energia limpa e que atendam a requisitos de reciclabilidade e segurança veicular.
Plano Brasil Soberano. A Abiquim apoia o plano divulgado pelo governo federal para lidar com as tarifas do governo dos EUA contra produtos do Brasil. A indústria química brasileira exporta cerca de US$ 2,5 bilhões por ano aos Estados Unidos em insumos.
- A entidade aponta que outros produtos do setor podem ser excluídos da tarifação dos Estados Unidos, o que significaria cerca de mais U$S 500 bilhões em vendas.
Fracasso em acordo sobre plásticos. A negociação entre 183 países em torno de um tratado juridicamente vinculativo para acabar com a poluição por plásticos foi adiada mais uma vez, diante de impasses entre os estados-membros da ONU.
- O cenário gera incertezas sobre como a proliferação de plásticos poderá ser contida nos próximos anos.
60 GW de painéis solares. A fonte fotovoltaica chegou a 60 gigawatts (GW) de potência instalada operacional no Brasil, segundo balanço da Absolar. Entretanto, o setor enfrenta desafios como os cortes de geração e obstáculos de conexão de pequenos sistemas de geração própria solar.
Startups de baixo carbono. Petrobras, BNDES e Finep receberam 32 propostas de fundos de investimento interessados em participar da chamada pública para gerir o Fundo de Investimento em Participações em Empresas Emergentes (FIP) voltado à transição energética. O fundo contará com recursos de até R$ 500 milhões.
Relação entre hidrogênio e minerais críticos. No centro das estratégias globais de descarbonização, o hidrogênio de baixo carbono — em especial o verde, produzido pela eletrólise da água a partir de eletricidade renovável — tem sua viabilidade diretamente relacionada ao acesso a minerais críticos. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.
Opinião: A construção contratual, em diálogo constante com os avanços normativos, tecnológicos e econômicos, será decisiva para definir se o hidrogênio verde ocupará, de fato, um papel central na matriz energética do futuro, escrevem a especialista do escritório Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados, Talita Garcia; a advogada Chiara Giovaneti; e a estagiária Ana Lidia Muraro.